Acordei cedissimo, devia ser pouco mais de 7 da manhã, sentia um braço me abraçando e me sentia completamente protegida, mesmo nua por inteiro, aquele corpo atras de mim tinha virado minha armadura, acredito ter tido o melhor sonho da minha vida, ou será que nada daquilo tinha sido sonho. Olhei para trás preocupada e vi o rosto dele sonolento ainda, nada fora sonho, eu tinha dormido com o Gabriel, mais do que isso eu tinha me entregado a ele, por inteira, tinha traido Ramiro da pior forma possível, indo pra cama com outro cara. Meu deus, eu era uma pu.ta.
Mesmo esse cara sendo o cara que aparentemente mais fez eu me apaixonar, eu não devia ter feito aquilo, ele ainda por cima era meu melhor amigo, e agora? O que eu fazia?
Tirei o braço dele com cuidado de cima de mim, e me levantei com o maior silencio do mundo. Ele era lindo durmindo, fiquei em pé uns 5 minutos olhando para ele, o pouco que me lembrava da noite anterior era perfeito, ele tinha tido todo o cuidado do mundo comigo. Quando notei que ainda estava completamente nua fui correndo atrás das minhas peças de roupa, cada uma estava em um canto e demorei para me vestir. Fui ao banheiro e por um milagre encontrei minha escova de dentes na bolsa, podendo então tirar o cheiro horrivel que saia da minha boca. As imagens da noite anterior voltavam a minha mente bem rápido, e com todo o quebra-cabeça que tinha em torno disso completo, pude ter certeza que tinha sido a melhor noite da minha vida.
Em seguida, vi que era errado, que eu precisava tomar uma atitude e sumir dali o mais rápido possível, talvez até antes de ele acordar. Ouvi baterem na porta do banheiro. Era tarde demais.
-Manu? - Era ele, obvio que era ele. - Manu, tá tudo bem? - Ele estava preocupado.
-Tá sim, já to saindo.
Lavei meu rosto mais uma vez, eu estava com uma cara de bebada horrível, talvez fosse até bom ele me ver com aquela cara, talvez, eu quisesse que ele me odiasse. Talvez...
Me pentiei, e amarrei meu cabelo da melhor maneira possível, me maquiei, escondendo as olheiras que eu tinha, e depois de uns 10 minutos que ele tinha batido na porta eu sai. Ele me esperava na frente da porta, com um copo de agua e um comprimido na mão.
-Oh, pra você, deve tá morrendo de dor de cabeça...- Ele estava só de cueca, um tesão, minha vontade era pular nele e ser possuida agora, sobria, mas não, não podia, nós eramos amigos, e assim seria. Ou melhor agora nem amigos poderiamos ser.
-Não muito, acho que o pior já passou.- Respondi recusando o comprimido.
-Por favor, toma.
Peguei o comprimido e o copo e engoli rapidamente.
Terminei de me arrumar na sala e em seguida estava pronta pra ir embora. Ele tinha posto uma camiseta já e voltou para me ver.
-Porque tá com a bolsa? - Perguntou surpreso, sabendo a resposta que eu daria.
-Já vou indo.
-Porque? - Perguntou vindo em minha direção.
-Porque sim, já tá tarde e eu não dormi em casa, vou ter que me explicar pra minha tia.
-Desculpa se eu soubesse pedia pra levarem você em casa ontem.
-Olha, não precisa, só vou sair agora, antes que ela me ligue preocupada.
-Eu peço pro motorista te levar. É sério...
-Não Gabriel. Eu sei ir embora sozinha.
Ele ficou calado, acho que o melhor era ser grossa com ele mesmo.
-Obrigado por ontem. - Falou sorrindo e pegando na minha mão.
-Não existiu ontem! - Falei puxando a minha mão e saindo da casa dele.
Apertei o botão do elevador e fiquei esperando. Ele me olhava escorado na porta de casa e eu estava virada para o elevador, sem querer trocar olhares com ele. Eu não podia olha-lo, se não certamente ia correr pros braços dele de novo, eu não queria isso, eu não tinha gostado daquela noite perfeita, eu tinha odiado me doar pra ele como nunca me doei a ninguem e gosar de um jeito indiscretivelmente bom.
O elevador chegou e eu entrei, sem olhar para tras. As portas não se fechavam, eu olhava para o chão louca pra desabar, mas as portas não andavam, continuavam abertas, fiquei imaginando que se me virasse ele estaria ali, de cueca, segurando a porta para eu não ir. Acho que já tinham se passado mais de 2 minutos, quando eu tomei coragem de virar.... Ele não estava ali, a porta da casa já estava fechada e me liguei que o elevador não fechava pois eu não tinha escolhido o andar ainda.
Cheguei no térreo finalmente e sai transtornada, uma senhora de idade estava abrindo o portão e eu aproveitei para sair, ela ficou me olhando alguns instantes sem entender o meu desatino em sair dali.