Cheguei no colégio cedo, depois de uma noite bem mal dormida de sono, eu estava acabado. Olhei na minha volta e não vi Manu, queria muito falar com ela, tentar me acertar, tinha decidido que ia tentar convence-la a ficar comigo. O mais dificil ela já tinha feito, que era ir pra cama, eu queria mostrar que sou um rapaz sério, que quero muito ficar com ela, e até namorar se possível, tudo isso me ajudaria a esquecer Bruna, seria perfeito.
Não encontrei ela e fui encontrado por Débora, que estava preocupada com o roxo no meu rosto.
-Oi, como tu tá? - Falou ela chegando perto de mim com um certo receio de ser xingada.
-To ótimo e você? - Perguntei fingindo estar bem.
-To indo..
Ela ergueu o rosto e tentou aproximar seus lábios dos meus, mas me afastei. Sorri pra ela sem jeito e ela sorriu de volta sem a menor graça.
-Então tá vou indo pra sala.
-Espera, acho melhor conversarmos. - Falei segurando-a pelo pulso.
-Eu sei o que tu vai me falar, e não precisa dizer nada, concordo contigo, não tem mais clima. - Ela se aproximou de mim, beijo me rosto e saiu.
Foi o fim de relacionamento mais fácil que eu tive.
Chegando na sala, Manu não estava, e a aula começou realmente sem ela, fiquei preocupado, achando que ela poderia estar mal por algum motivo e este motivo ser o mesmo de ela ter ido embora lá de casa daquele jeito. Eu tinha uma esperança a partir de agora. Não pude deixar de notar a fisionomia triste de Débora durante a aula, ela não falava com ninguem, escrevia no seu caderno algumas palavras e as vezes eu podia jurar que ela não copiava nada do que era passado pela professora no quadro, apenas escrevia.
O sinal soou e eu rapidamente fui para rua ver se encontrava Manuella, pra falar com ela, tentar ajuda-la. E a encontrei. Não precisei ajuda-la, ela estava aos beijos com Ramiro, bem na frente da nossa sala, aquilo só podia ser uma provocação. O chão que havia embaixo de meus pés sumiu e eu tremi, vi Lais se aproximar deles e em seguida eles pararam de se beijar. Voltei para a sala e a única pessoa que continuava sentada calada era Débora. Acho que agora eu realmente sentia o que estava acontecendo com ela.
Passei a aula toda olhando ela, observando e imaginando o que ela estaria escrevendo. Não seria dificil adivinhar, tinha certeza que ela estava triste por minha causa.
O intervalo chegou e vi que ela não sairia da sala, resolvi lhe fazer companhia, puxei a cadeira da classe ao lado e sentei na frente dela. Ela rapidamente virou a folha onde escrevia sem parar e me encarou:
-O que tu quer? - Falou com um olhar triste e brabo.
-NOOSSSAAA, QUE GROSSERIA VELHO.
-Desculpa, tu não tem nada a ver com isso. - Falou ela mudando um pouco a fisionomia, mas permanecendo com o olhar tristonho.
-Acho que tenho...
-Porque acha isso?
-Porque tu ficou triste depois que conversamos.
-Não tinha como ficar feliz né. Mas eu te entendo.
Fiquei sem saber o que falar durante alguns intantes e notei que o melhor era mudar de assunto.
-Não vai descer pra comer algo?
-Não, vou ficar aqui escrevendo mesmo...
-O que você tanto escreve ai?
-NUNNNNCAAAAA, vou ti contar né. - Respondeu ela rindo pela primeira vez.
-Porque? Não confia em mim? - Perguntei fingindo me sentir ofendido.
-Não, não é isso, mas é que... Sei lá, é uma coisa minha.
-Ok.
Ficamos calados nos encarando até que mais uma vez resolvi quebrar o silêncio.
-Vou descer, desce comigo?
-Não, obrigada.
-Vou no bar, você quer algo?
-Não obrigada. - Ela permanecia seca e sorria mas sem nenhuma verdade em seus lábios.