Pensei em descer pra falar com Gi, que também devia estar braba, mas não, preferi ficar pensando em Aline, por que será que ela pos meu nome no trabalho? Era pra ela estar furiosa comigo depois da festa, mas algum motivo tinha que ter e eu tinha que descobri-lo.
O sinal tocou, e vi Geovanna se distanciar assim como notei o professor saindo da sala. Logo entrei, a turma ainda ajeitava as classes, Aline estava sentada, escrevendo algo no seu caderno. Eu cheguei ao lado do nerd que sentava ao lado dela e o expulsei da carteira.
-Porque tu pos meu nome? - Perguntei sem ela notar que eu estava do lado dela.
-Já disse que não te interessa, agora me erra garoto. - Falou se surpreendendo por eu ter sentado ao seu lado.
Ela escrevia no caderno a letra de uma música, notei que era Primeiros erros, do Capital Inicial, nossa música, a musica do nosso primeiro beijo.
-Ei Li, me fala o porque...- Falei fazendo carinho no braço dela.
-Garoto, dá pra me respeitar e sair de perto de mim? - Falou ela me olhando vermelha de raiva.
-Só me diz o porque....
-Porque eu tenho pena de ti, porque sou amiga da tua irmã e ela é uma ótima pessoa, e porque tua mãe é muito querida pra ter um filho que mata aula pra ficar pegando garotinha que tem a idade da irmã CAÇULA dele. - ela gritou e todos na sala ouviram.
Me levantei quase derrubando a mesa e fui me sentar no meu lugar, bem no fundo da sala. Ela tava furiosa e eu não sabia o que fazer, não sabia se continuava lá sentado do lado dela tentando acalma-la, ou se esperava o intervalo e ficava com a geovanna de novo.
Nas aulas seguintes só conseguia olhar para Aline, ela parecia chateada, mesmo quando não tinha mais nada para copiar do quadro ela continuava rabiscando o caderno, havia algo de errado com ela. Eu não conseguia parar de olha-la, a aula passou se arrastando, parecia que o recreio não ia chegar nunca.
Logo quando o sinal bateu para o intervalo, ela se levantou e foi caminhando falando com as amigas, ia saindo descendo as escadas quando eu a segurei pelo braço.
-Acho que a gente precisa conversar.
-Acho que tu precisa soltar meu braço, antes que eu enfie a mão na tua cara na frente de todo mundo.- Falou ela puxando o braço e saindo da minha mão.
-To falando sério Aline... Vamos conversar... - Falei tentando pegar seu braço novamente.
-Vamos Gabriel...- Falou sentando no banco em frente a nossa sala.
-Porque você tava escrevendo a nossa música no seu caderno?- Perguntei olhando-a.
-Qual problema, não posso escrever a música que EU gosto no MEU caderno? - Falou cruzando as pernas.
-Pode, mas aquela era a nossa música, sempre quando ouço lembro de você. - Falei sentando do lado dela.
-Eu não ouço ela mais... - Falou me olhando com cara de quem estava mais que braba, mais que decepcionada, mais que chatiada.
-Por que tava escrevendo então? - Falei alisando seu rosto.
-NÃO TE INTERESSA GAROTO INSUPORTÁVEL! - Falou começando a chorar.
Eu a abracei, limpei seu rosto, e olhando para ela beijei sua boca, com a mão na lateral da sua barriga, nos beijavamos apaixonados. Fazia tempo que não nos beijavamos, e aquele beijo estava sendo maravilhoso, mas ela se afastou.
-TU TÁ LOUCO GAROTO? - Perguntou fingindo espanto.
-To, to louco desde Sábado, quando te vi com aquele cara. Domingo não consegui parar de olhar as fotos de vocês na internet.
-Devia ter olhado as fotos da tua namoradinha, não as minhas... - Falou enquanto limpava os lábios com a mão.
-Não tenho nada com a Geovanna, não fui eu quem chegou de mãos dadas com alguem na festa, não é no meu facebook que tem fotinhos romanticas. - Falei pondo a mão na sua coxa.
-E te encomoda que tenha fotos romanticas no meu? Achei que tu tinha pensado nisso quando me deu um pé na bun.da, pra ficar com as tuas fãzinhas maria-chuteiras.
-Oiiiiii Biel. - Falou uma menina chamada Jéssica, com quem eu havia ficado logo depois do fim com Aline. Eu não ousei responder, só fingi um sorriso.
-Acho que acabou nossa conversa. - Falou Aline se levantando e indo em direção a sala.
-Aline, eu ainda não acabei. - Tentei segura-la, sem sucesso.
Ela entrou na sala, pegou algo dentro da sua bolsa e foi para o banheiro.
-Aline, eu to falando sério, para de bobeira, vamos conversar. - Falei entrando atrás dela no banheiro feminino.
-Gabriel, esse é o banheiro feminino, SAI DAQUI GAROTO! - Falou berrando.
-Não vou sair enquanto você não me falar o porque de ter posto meu nome no trabalho, o porque de ter escrito a nossa música no caderno, o porque de ter me beijado daquele jeito quando eu te beijei...
-SOCORRO, TEM UM MENINO NO BANHEIRO FEMININO, SOCORRO, SEU ZÉ, TEM UM MENINO NO BANHEIRO FEMININO. - Falou ela gritando e chamando pelo inspetor.
Tive que sair correndo para não ser pego, desci voando as escadas, ela sabia muito bem como me atingir, fazia isso perfeitamente bem. Eu podia apostar que ela ia me dedurar, pensava que a melhor maneira de escapar seria ir para casa, ou matar aula embaixo da figueira. Não ia conseguir fazer nenhum dos dois, resolvi voltar para aula, talvez eu pudesse tentar mais uma vez conversar com Aline.
-Onde você andava? - Falou Bruna, chegando do meu lado sem que eu percebesse.
-Ué, tava aqui pelo pátio. - Menti.
-Sei... E por que essa cara?
-Que cara?
-A sua... Parece apavorado. - Falou segundos antes de tocar o sinal.
-Tenho que subir, já perdi a primeira aula, não posso perder essa também.
Bruna ficou rindo, sabia que depois em casa ela ia me encomodar até não poder mais, e eu ia ter que contar a ela a verdade.
Cheguei na aula e Aline falava ao celular, sorria, parecia estar bem contente, minha curiosidade para saber com quem ela falava aumentou ela viu que eu a olhava da porta e ficou me olhando fixamente. Ela sorria e mordia a ponta da unha do dedão da sua mãozinha direita, ria e tinha o olhar feliz, tirou a mão de frente da boca e olhando pra mim, pude notar as últimas palavras ditas por ela na ligação por uma leitura labial facilmente feita:
-Te amo, amor.
Eu não podia acreditar que ela estava falando com aquele imprestável. E ainda por cima dizendo a ele que o amava. Ela tinha conseguido me deixar furioso. Passei por ela derrubando a mesa do nerd que sentava ao seu lado, ela me olhou sem nenhum espanto, eu sabia que ela ria por dentro e falou alto pra todo mundo ouvir.
-CAVALO.
Ela tinha conseguido me irritar, será que aquele cara ia ficar sabendo do nosso beijo? Será que ela beijava ele do mesmo jeito que estava me beijando? Será que ela se importava com ele do mesmo jeito que estava se importando comigo? Será que ele já tinha tocado ela? Cada minuto a mais que eu passava dentro daquela sala de aula eu me irritava mais, eu ficava mais furioso, eu estava soltando fogo pelas orelhas. Eu não podia ficar mais ali. Me levantei, pegando minha mochila e sai da sala sem nem dar satisfação para a professora que ficou me chamando sem que eu desse atenção a ela.
Fui direto pra casa, se quer lembrei de avisar Bruna que estava indo embora mais cedo.
Cheguei em casa atirei minha mochila no canto do quarto e o meu corpo sobre a cama. Acabei dormindo, e sonhando com Aline como sempre. Acordei com um travesseiro voando na minha cara.
-FI/LHO DA PU/TA, PORQUE NÃO FALOU QUE VINHA MAIS CEDO.- Gritou Bruna, antes que eu abrisse os olhos.
-Desculpa, não to legal... Sai daqui, na boa.
-Ei, que houve? - Falou sentando na cama ao meu lado.
-Nada Bruna, na boa, me deixa... - Falei virando para o outro lado, na cama.
Bruna levantou e saiu do quarto, e eu acabei dormindo novamente.
