-Preciso conversar contigo, vamos lá pra figueira?- Falei tentando pegar na sua mão.
-Não, eu não tenho nada pra falar contigo. - Falou indo em direção a sala de aula.
Fui atrás dela, a puxei para um corredor escuro onde ficavam os banheiros, escorei ela na parede e a segurava firme pelos dois braços, sem dar chance para que ela saisse.
-Me larga ou eu grito! - Falou ela me olhando com certa raiva
-Eu vou embora! - Falei ainda a segurando.
-Que bom, assim posso ir pra aula... - Falou ela sem entender o que eu queria dizer.
-Eu vou me mudar Geovanna! - Falei soltando ela.
-Como assim? A Bruna nem me comentou nada de vocês estarem procurando casa...
-Não, você não entendeu ainda, EU vou me mudar, só eu, sem meu pai nem minha mãe.
-Resolveu morar sozinho agora é? Porque disso? - Falou rindo, olhando pra mim.
-Recebi um convite pra jogar no Rio Grande do Sul.
-COMO ASSIM GABRIEL? - Falou ela começando a entender o que eu queria.
-Vou jogar em outro estado, vou morar em Porto Alegre...
Ela ficou quieta, se distanciou de mim um pouco, largou a mochila no chão, passou as mãos no rosto e me olhou novamente.
-Se isso é verdade, Porque a Bruna não me contou nada?
-Porque a Bruna não sabe, não contei pra ela ainda...
-Quem sabe?
-Só meus pais...
-Só eles?
Exitei, mas não havia motivos pra mentir.
-E a Aline.
-SA-BIA....
Fiquei calado, vendo a sua expressão mudar, e ela quase ficar furiosa, mas em seguida se acalmou.
-Quando você vai?
-Domingo.
-DOMINGO AGORA? E VOCÊ ME CONTOU SÓ HOJE, E NEM CONTOU AINDA PRA BRUNA???? Aposto que praquela piranha tu contou há tempos...
-Eu descobri isso ontem, e contei pra ela ontem, porque ela é a única pessoa que tem me apoiado nos últimos tempos!
-ELA TEM TE APOIADO GABRIEL? ELA? FOI ELA QUE FOI NA TUA CASA NO DIA DO JOGO? QUE DEITOU CONTIGO? QUE FEZ O QUE NUNCA TINHA FEITO COM NINGUEM? FOI ELA? - Gi falava alto, quase gritava no corredor escuro onde estavámos. - E NO OUTRO DIA TU TAVA COM ELA EMBAIXO DA FIGUEIRA, alias, vai ter que arranjar uma figueira no teu colégio novo pra poder pegar as gurias de lá.
-Pára Gi. - Falei segurando os seus braços -Você não entende? Eu não fiquei com ela nem nada, nós somos só amigos...
-Amigos que tranzam você deve tá querendo dizer, alias, que tipo de amizade é a nossa? - Falou me interrompendo
Não a respondi, apenas escorei-a na parede e beijei sua boca. Ela não resistiu, me beijou, soltei suas mãos e ela as pôs em minha nuca, as minhas estavam na sua cintura, mordia o seu lábio enquanto ela arranhava minha nuca com carinho. Tatiei a parede até encontrar a porta do banheiro que ficava no fim do corredor, a abri e empurrei Gi para dentro, sem que parassemos de nos beijar. Quando entramos no banheiro chaviei a porta, era um banheiro escondido, poucos usavam e espaçoso, dificilmente nos encomodariam ali.
-Porque você nos trancou? - Perguntou ela um pouco assustada.
-Pra matar as saudades. - Falei sorrindo.
-Saudades de que? -Falou ela se fazendo de desentendida.
-Disso...