O sinal soou, e eu tinha parado de copiar tudo em todas as aulas que tinha tido, só olhava ela, resolvi ir até lá antes que ela saisse para o intervalo. Ela ia saindo da sala com as amigas, quando eu a segurei delicadamente pelo braço.
-Oi... Desculpa, tem como a gente conversar um pouco? - Falei meio sem jeito.
-Claro. - Falou escorrendo o sorriso metalico e alegre que ela tinha enquanto falava com as amigas.
-Meu nome é Gabriel, vim de São Paulo...
-Eu sei, ouvi a cordenadora falar. - Falou com um olhar quase de ferro, combinando com o metal dos dentes.
-Bom, vi que tu copiou tudo durante a aula, e eu preciso da matéria, pelo menos da nova, será que tinha como tu me emprestar o caderno?
-Claro. - Falou ela pegando o caderno na classe.
Podia sentir o perfume dela, e olhar aqueles lindos olhos, peguei o caderno da sua mão e me sentei na minha cadeira para copiar.
Na volta do intervalo eu já tinha largado o caderno na sua mesa e quando ela chegou veio até mim, com ele nas mãos. Ela já não vestia mais o casacão, estava de blusa, quando entrou na sala notei que a calça jeans era apertada, e que ela tinha um belo bumbum, coxas grossas, usava uma blusinha de manga curta com listras brancas e pretas na horizontal, com um decote pequeno mas que mostrava que tinha belos seios também.
-Tu é o the flash copiando? - Falou me olhando séria.
-Não, porque? - Respondi estranhando
-Por que tinha que copiar tudo desde o começo do mês e em 15 minutos de intervalo fez isso...
-Não consegui copiar tudo.
-Então porque devolveu o caderno? - Ela já tinha uma expressão mais amigável, eu jurava que podia ve-la sorrir
-Pra não atrapalhar.
-Não disse que atrapalhava... Olha só, eu vou ficar no colégio à tarde, se tu puder, a gente vai na papelaria e tira xerox de tudo, e eu aproveito e te mostro o colégio, o que acha? - Ela já sorria!
-Perfeito. - Eu sorri também.
-Então tá, a gente se fala no fim da aula. Ah, e não senta aqui no fundo, senta lá na frente pra ficar mais ligado na aula.- Falou indo pra sua classe.
-Claro, pode deixar. Ah, tu não me disse teu nome... - Ela não respondeu....
O período agora era de matemática e a professora fez a chamada logo que chegou a sala, fiquei atendo pra ve-la responder.
-Manuella? - Perguntou a professora
E ela ergueu a maozinha sem falar nenhuma palavra, apenas denunciando qual era o seu nome.
A aula terminou e eu me dirigi ao corredor, Manuella já não estava na sala, fiquei procurando-a no corredor e a não a encontrei, quando eu menos esperava ouvi uma voz meiga nas minhas costas:
-Procurando alguem? - Era ela.
-Procurando você né, sumiu da sala e não tava me esperando, achei que tinha esquecido que ia me emprestar o material. - Falei me virando para ela.
-Só tinha ido no banheiro, vamos lá?
Fomos caminhando até a papelaria onde tirariamos cópia das páginas do seu arquivo. Estavamos calados, ela parecia tímida e eu estava com medo de falar algo errado. MEsmo assim tentei puxar um assunto:
-Você é gremista ou colorada?
-Não sou nada, odeio futebol. - Falou ela sem nem me olhar, quando já chegavamos a papelaria.
Fizemos as cópias e eu as paguei, ela permanecia calada, eu ia dar tchau a ela quando ela me convidou para ir ver o colégio.
Ela me mostrou quase todas as dependencias importantes, onde ficava o teatro, onde era o ginásio de esportes, onde ficavam as piscinas, onde era a lancheria e por último onde eram as quadras de futebol.
-Acho que aqui é o lugar mais importante pra ti. - Falou sorrindo.
-É... Ao contrario de você, eu amo futebol.- Falei me sentando na arquibancada em volta da quadra.
-Ama mais que tua família? - Perguntou ela sentando do meu lado.
-Não, amo muito eles, mas vir pra cá era preciso e não faz eu os amar menos.- Respondi rispido, sem olha-la
O clima ficou silencioso, sem olhar para ela, sabia que ela me encarava, ela as vezes era grosseira, outras vezes era alegre, era cedo demais para tentar entende-la.
-Eu também deixei minha família. - Revelou.
-Sério, deixou eles porque? - Perguntei olhando-a.
-Morava no interior do RS e tenho um sonho besta demais, mas mesmo assim vim pra cá. - Falou olhando para o horizonte, como se conseguisse ver o seu sonho.
-Qual sonho? - Perguntei olhando-a.
-Nada de importante. - Respondeu se recompondo e me olhando sorrindo.
-Se é um sonho, obvio que é importante, mas se não quer me contar, beleza...
-Bom nem sei por que to falando essas coisas pra ti, mal te conheço... Que tal comermos algo? - Falou mudando de assunto.
-Eu tenho treino daqui a pouco, vou ficar devendo o almoço pra você.- Respondi rindo.
Ela também sorriu, ficava linda sorrindo.
-Bom treino pra ti então. Vou comer e depois vou pra casa. Ah, meu nome é...
-Manuella. - Interrompi ela sorrindo.
-Como tu sabe?
-Sei de tudo.