No dia seguinte ao chegar no colégio não vi ele, procurei na turma mas ele não estava, será que tinha acontecido algo? Peguei o celular e escrevi uma mensagem pra ele:
"Eiii, vai ti atrasar? Tem prova no primeiro tempo, vem logo!!!"
Resolvi apagar, ele não me devia satisfação nenhuma e eu também não precisava ficar me preocupando com ele.
A prova começou e ele abriu a porta esbaforido, entrou correndo e o professor mandou que ele saisse, ele ainda tentou argumentar, uma das meninas da sala tentou ajudar ele, falando que nem eram todos da turma que tinham recebido a prova, que ele podia entrar, mas não teve jeito, ele perdeu a prova...
Quando acabei a prova sai da sala para tomar agua e ele estava sentado nas escadas, ouvindo ipod e olhando pro nada, de costas para onde eu estava. Sentei ao lado dele e tirei um dos fones do seu ouvido.
-Tu é pateta mesmo né... - Falei rindo.
-Porque?
-Sabia que tinha prova, porque ti atrasou?
-Porque eu quis, eu pensei "olha tem prova hoje, preciso da nota, mas meu despertador não vai tocar e o filho da puta do meu empresário não vai lembrar de vir me pegar e eu vou ter que ir de onibus".- Ele estava irritado, nunca tinha falado comigo daquele jeito...
Me levantei e sai de perto dele, resolvi voltar pra sala. Guri grosso, estupido, e eu ainda me preocupando com ele.
A aula passou e eu não troquei uma palavra com ele, nem no intervalo nos falamos. Eu fui comprar um hamburger de lanche e senti algumas mãos me abraçaram por trás, eram mãos femininas, sabia quem era, era Débora, uma colega minha, que era minha amiga, mas não muito intima, o irmão dela e eu já tínhamos ficado. Ela que tinha tentado defender o Gabriel hoje no primeiro período de aula, agora vinha falar comigo, aquilo me parecia estranho.
-Oiiiiiiiiiieeeeeeeee Manu.
-Oi Débora. - Respondi muito surpresa com a atitude dela.
-Tu viu o Gabi por ai? - Perguntou ela.
-Não, nem conversei com ele hoje. - Falei sendo interrompida pelo vendedor que me perguntou o que eu queria.
-Aquele professor é muito idiota cara, não deixou ele entrar, que raiva.
-É imagino toda a tua raiva.... - Falei pegando meu hamburger e saindo de onde ela tava.
-Tu e ele são bem amigos né? - Falou me seguindo.
-BEM AMIGOS, não, somos, amigos, só isso! - Ela estava se tornando insuportável.
-Ah, mas conversam bastante, né?!
-Não, hoje nem nos falamos! Vai ao ponto Débora.
-Bom... Já ti disse que acho ele lindo né, bem que tu podia...
-Conversar com ele pra ele ficar contigo? - Falei interrompendo ela.
-É! Tu faria isso por mim? Eu posso falar com meu irmão pra vocês voltarem, ele ainda é afim de ti.
-Se eu falar com ele faço, sem problemas. Agora, não precisa falar nada com teu irmão, não quero nada com ele. Vou indo que preciso estudar. - Falei deixando-a sozinha e subindo as escadas para sala de aula.
Que ódio eu tava daquela guria, quem ela pensava que eu era pra precisar de ajudinha pra conquistar alguem, garota imbecil, otária! Que ódio.
Um braço me segurou, sabia que era ele.
-Eiii, Manu. - Era a voz dele.
Olhei pra tras sem dizer nada.
-Vamos conversar?
Eu ainda não dizia nada pra ele.
-Desculpa?
Permanecia calada.
-Eu tava irritado, não precisava falar com você daquele jeito...
Ele veio até mim e me abraçou, eu sai sem dizer nada e fui para sala de aula. Ele veio atrás.
-Poxa é dificil me ouvir?
-É! - Respondi sem olha-lo
-Para de birra velho, eu errei, to pedindo desculpra pra você!
-Tá bem, só me deixa, não to boa hoje também. - Falei entrando na sala e sentando na minha classe.
Terminei de comer o hamburger e a aula começou.