A noite, chegando em casa liguei para meus pais para contar que eu teria meu primeiro jogo em Porto Alegre, que seria titular e que era minha grande chance. Quem atendeu foi Bruna, preferi ser seco com ela, mas era impossível esconder que meu coração estava disparado.
-Alo?
-Alo quem fala? - Respondeu revelando que não era minha mãe ao telefone.
-É o Gabriel, passa a mãe ou o pai ai, por favor. - Respondi friamente, fingindo não notar que não falava com ela a mais de um mês.
-Ah, oi mano. O papai não está e a mamãe tá no banho. - Respondeu com aquela vozinha fina, linda, meu deus, eu não podia pensar nela.
-Tá bem eu ligo mais tarde então.
-Espera, não desliga. - Pediu ela acelerando sua voz.
-Sim? - Respondi fazendo pouco caso, mas com o coração quase saindo pela boca.
-Faz tempo que não nos falamos.. - Disse com a voz lenta. - Queria saber como tão as coisas ai....
-Tá tudo ótimo, amanhã faço meu primeiro jogo, vou ser titular e tudo mais.
-Nossa que ótimo, queria tanto ver... - Falou ela animada.
-Imagino o quanto tu queira ver. O último ai tu já não viu né. O bom é que hoje tu tem desculpa melhor pra dar pro motivo de não vir.. - Falei irritadissimo, louco pra que ela desligasse o telefone logo.
-Não quero discutir hoje Biel. Eu realmente queria ti ver. - Falou começando a chorar.
-A acho que meu empresário viu alguem pra filmar, ai mando o dvd pra vocês. - Falei vendo que não valia a pena brigar com ela
-Boa sorte viu?
-Vou precisar. - Falei rindo.
-Que nada, deixa de ser bobo, você é craque, não vai nem ficar nervoso. - Falou ela forçando uma risada, completamente falsa. - Tenho certeza que tudo vai dar certo pra você.
-Tomara Bruna.
-Me chama de mana, como você sempre chamou. - Fez uma pausa na fala. - Apesar das merdas que eu fiz ainda acho que sou sua irmã.... - Falou com a voz embargada.
-Desculpa, perdi o costume.
-Não precisa se desculpar, eu errei, sei que não esqueceu o tapa...
-Nem sua frieza, nem você não me dar tchau quando vim embora, nem você ficar um mês sem noticias minhas... Não esqueço as coisas facilmente. - Falei interrompendo a fala dela.
-Sem brigas Gabri, por favor... - Falou chorarando.
Fiquei calado, pensando em como agir, ela estava fingindo que nada tinha acontecido entre nós, que eu estava brabo só pelo tapa e que antes desse tapa não tinha havido beijo nenhum. Talvez ela estivesse fazendo o certo, fingindo que nada aconteceu e voltando a ter a relação que sempre deviamos ter tido.
-To sentindo sua falta. - Falou ela ainda chorando.
-Também to. É dificil ficar sozinho. - Falei resolvendo fazer o jogo dela.
-Imagino... Mas você não arrumou nenhuma companhia ai? - Falou ela ficando mais animada.
-Não. Até tem uma menina ai que tem me ajudado bastante, mas é só amizade mesmo.
-Ajudado como?
-Ela também não é daqui, mora com uma tia, me ajudou a conhecer pessoas no colégio e tá me dando uma força bacana.
-Pelo visto tá apaixonado. - Falou rindo.
-Não, ela namora e eu fico com a irmã do namorado dela.
-Hum... Então tem muita menina te fazendo companhia. - Riu de novo.
-Ah, mas a família faz muita falta.
-A gente tem que combinar de se ver qualquer hora dessas, de eu ir até ai ou você voltar num fim de semana.
-É, ISSO MESMO. Vamos combinar sim. - Falei animado.
-Bom, a mamãe já saiu do banho, vou passar o telefone pra ela. Beijo.
-Beijo mana.
-Te amo.
-Também te amo. - Disse antes de ela entregar o telefone a nossa mãe.
Contei a ela sobre o jogo, pedi que contasse ao meu pai, conversamos sobre outras coisas, como notas no colégio e o cuidado com outras coisas que eu deveria ter. Em seguida desligamos.
Fui deitar tranquilo, acho que a decisão de Bruna de esquecer nossa relação incestuosa foi a melhor, e que sem dúvida isso poderia fazer eu esquece-la de vez e voltar a ver ela somente como irmã de novo.