Fanfic: UM ESTRANHO EM MINHA VIDA - AyA ( adaptada) | Tema: Anahí y Alfonso

Mortificada, Annie cobriu a cabeça com a coberta e não queria mais ter de sair dali.

Poncho havia deixado bem claro que o casamento de ambos não passava de um acordo, mas ouvir da boca dele daquela maneira foi um choque.

Em poucos dias Anahí estaria na Inglaterra, contando para a sua família que na verdade não tinha se casado com Santiago. O que não seria fácil. Mas o mais difícil seria revelar que agora se casara com um estranho que havia conhecido na praia. Era difícil de explicar até mesmo para si mesma.

Para completar, ainda havia a mãe de Nicholas.

Como Poncho esperava que ela pudesse voltar para a Inglaterra e assumir uma vida confortável à custa dele? Annie tremeu só de pensar.

Conforto? Conforto frio, sem um marido ou filhos para amar.

Alfonso tinha um lado oculto que a irritava. De repente, o homem dócil se transformava no militar frio e autoritário.

Porém, apesar de ter confessado que não sentia nada por ela, ele a protegera, não apenas do brutal ataque daqueles três homens que a perseguiam, mas também do escárnio público de pessoas como lady Brinckat. Alfonso era uma pessoa gentil e sensível, e suas mãos eram capazes de produzir uma bela música. E ele a tinha protegido dos trovões, na noite passada. Embora seu corpo estivesse desejoso e firme contra o dela, Poncho se contivera em nome de sua palavra da honra.

Mas deixara claro que não era para Anahí sentir nada por ele. Como isso seria possível?

No altar, ela havia prometido amá-lo e respeitá-lo. Será que Alfonso esperava que sua esposa mantivesse apenas uma parte da promessa?

O que seu marido planejava fazer na Espanha? Parecia ser algo sério e muito triste, pois dissera que iria visitar lugares onde milhares de homens que ele conhecera haviam morrido. Poncho tinha sido um soldado. Talvez ainda fosse um, viajando com seu sargento e o cavalariço. Quem sabe não estaria em uma missão secreta?

Annie se enrolou nas cobertas, sentindo o cheiro do corpo de seu marido nos lençóis. Ela não havia se casado com um sonho, e sim com Alfonso, um homem honrado e corajoso. Se ele apresentava alguns aspectos que a assustavam, possuía outros que a tocavam.

Alfonso poderia até não sentir nada por ela, mas era evidente que a desejava... Annie jamais esqueceria a estonteante sensação causada por aquele corpo másculo e rijo de encontro ao seu. Assim como o brilho desejoso nos olhos dele.

Foi apenas quando estavam chegando ao cais que Anahí criou coragem de dirigir a palavra a Alfonso.

— Eu não vou para a Inglaterra — ela anunciou, solene.

— Que bobagem é essa?

— Vou com o senhor.

— Você não pode vir comigo. Suba no navio.

— Se o problema é dinheiro, eu tenho um dote. Posso enviar para a Inglaterra uma cópia da certidão de casamento, e meu tio me enviará o dinheiro para onde quer que eu esteja.

— Dinheiro não é o problema!

— Então o que é?

Poncho olhou-a com frustração e também para as pessoas no cais.

— Anahí, não vou ficar aqui discutindo isso. Lembre-se do que eu disse esta manhã sobre o propósito do nosso compromisso. Você não pode vir comigo, e isto é tudo.

— Não aceito ser enviada para a Inglaterra como uma bagagem desprezada.

— Mas esse foi o nosso acordo! De você ir morar com minha mãe.

— O senhor concordou! Eu não. — Annie cruzou os braços. — Não posso aceitar tudo de sua parte sem lhe dar nada em troca.

— Irá embarcar nesse navio agora, sra. Rodriguez!

Annie ergueu o rosto e se encheu de coragem.

— Eu me recuso!

Alfonso olhou para ela e a levantou em seus braços. Ignorando a resistência de Anahí, ele marchou na direção do navio.

— A cabine privada da sra. Rodriguez? — perguntou para o oficial que estava recepcionando os passageiros.

O homem apontou a direção, e Poncho seguiu sem se importar com os olhares ou com o esforço de Annie para se soltar. Ao entrarem na cabine, ele a colocou no chão e disse:

— A passagem já está paga e a sua bagagem já foi despachada. — Antes que ela pudesse recuperar o fôlego, Poncho jogou um saquinho de veludo em cima da cama. — Acho que isso será suficiente para as suas despesas até chegar à casa de minha mãe. Já enviei uma carta para o capitão, pedindo que ele providencie seu transporte assim que o navio chegar à Inglaterra.

— Mas eu não quero ir para a Inglaterra. Quero ficar com o senhor. Por que não posso?

— Você está fantasiando as coisas, Anahí.

— Não estou! Quero construir um futuro a seu lado. Tenho certeza de que, se tentarmos...

— Nós dois não temos futuro! — O tom dele era frio. — Ponha isso na cabeça; nós não temos futuro. Isso é impossível!

— Como o senhor pode saber se não tentamos?

— Eu sei. — Poncho moderou o tom antes de continuar: — Agora, vamos nos despedir como pessoas adultas.

— Mas...

— Você sabe qual foi o combinado.

Annie sabia que ele estava certo sobre esse aspecto.

Alfonso a beijou. Sem romantismo algum. Era apenas um beijo de despedida, mas mesmo assim, provocou-lhe arrepios por todo o corpo.