Fanfic: Antes do Por do Sol | Tema: Hunger Games

  Mal parecia que eu havia estado naquela sala com Sue a mais de 4 horas. E eu ficara cada segundo desse tempo com a maldita roupa. Claro, ela era linda, mas a costura da lantejoula pinicava irritantemente em certos movimentos, e seu caimento era meio justo demais. Com certeza não fora feito para ser usado por mais do que alguns minutos.
   Agora, faltavam poucos minutos para entrarmos em cena, e, alem de ser a primeira vez que eu via os outros tributos, também seria a primeira vez que veria Garet desde a tarde. Atrasado... Só faltava ele não aparecer.
Havia pensado que ganharia com facilidade, principalmente matando o garoto do distrito 7 - o distrito que matara Karl - na cornucópia, mas agora eu via que não seria tão fácil. A maioria dos que desfilariam usavam roupas mostrando seus músculos, misturado ao que havia de melhor em seu distrito. Os do 1, que pareciam ser pouco mais velhos, usavam roupas que pareciam ser totalmente feita de jóias; A garota do 2 parecia ter 13 anos, mas uma cara horrivelmente mortal. Como ninguém havia se voluntariado no lugar dela? Já o garoto tinha minha idade, e ambos usavam armaduras de batalha e capacetes prateados. Havia uma espada em cada um dos cintos, se eram verdadeiras, eu não queria descobrir;  Fora a eles, os outros únicos que estavam ao alcance da minha vista eram os do 12, usando capacetes e uniformes carvoeiros. A garota era quase esquelética, e o garoto era tão forte que eu sabia que teria de me manter bem longe, e os do 4, com roupas completamente azuis.
Parei de tentar procurar os outros quando alguém se juntou a mim em cima da carruagem. Me virei e vi Garet. Meu conceito de “vamos estar lindos esse ano” caiu em 10 pontos. Haviam vestido ele com um tipo de terno, que por conta de seu corpo magro parecia largo demais, seu cabelo havia sido penteado para trás e dominado com gel, e o azul elétrico quase se misturava a sua pele branca. Ignorei esses fatos ao ve-lo sorrindo.
   - Poxa, se animou?!
Sussurrei, enquanto ouvia o hino da capital começar, e os tributos do 1 subirem em sua carruagem e passarem pela porta recém aberta.
   - Percebi que ficar me isolando não ia dar em nada. Se for morrer, quero morrer com um sorriso no rosto. Acenti, dando um mínimo sorriso. Quando nossa carruagem começou a andar, respirei fundo e abri o sorriso mais convidativo que pude. Do lado de fora a gritaria era ensurdecedor. Mais barulho do que na estação de trem, provavelmente por ali terem mais de 4 mil pessoas. Era incrível ver como pessoas da capital podiam ficar ainda mais estranhas em multidões maiores. Minha vontade era de rir, mas eu precisava manter a pose. Aposto todo dinheiro de minha família que começar a rir das pessoas ali não me renderia patrocinadores.

  Olhei para a carruagem do 2 a nossa frente. Eles acenavam freneticamente, porem seus rostos estavam sérios. Rostos de guerreiros. Garet havia os usado como exemplo, porem adicionando um toque de animação. Eu me sentia uma idiota ali parada, apenas sorrindo. Ergui o braço e comecei a acenar. Tente fazer com que meu rosto transparecesse orgulho, desviando a atenção de tudo a minha volta.

  Só percebi que a carruagem estava finalmente parando quando o hino da capital morre aos poucos. Durante alguns segundos os gritos animados ecoaram sozinhos, e então o barulho diminuiu consideravelmente. Uma voz mais grossa se elevou, e todas as cabeças se viraram para seu dono. O homem velho que segurava um microfone, presidente Snow, exibia um fraco sorriso, como se estivesse ali por obrigação.

    -  Tributos, sejam bem vindos a capital. Espero que usufruam de nossa hospitalidade até a hora do sho... Dos jogos.

Um silêncio constrangedor se elevou, mas as pessoas que não haviam percebido o pequeno deslize conseguiram abafá-lo. Que palavra ele ia dizer antes de se corrigir? Estava mais que óbvio, mas creio que a maioria das pessoas esqueceria toda a pena assim que o banho de sangue tivesse inicio.

As carruagens voltaram a se movimentar, agora indo em direção a outra porta lateral. Assim que os 24 tributos haviam passado, ela se fechou novamente, e um aglomerado de pessoas veio em nossa direção. Reconheci minha equipe, Sue,  Tyrese e Alerliana. Eles haviam começado com a parabenização quando alguém os interrompeu. Demorei um tempo para identificar quem era, e me peguei com a oca entreaberta quando vi as armaduras. Eles pareciam mais mortais de perto. Os dois tributos do 2 e toda sua equipe passaram entre nós, esbarrando tão violentamente em todos que tive certeza de que era proposital. Assim que a garotinha terminou de passar, se virou. Uma combinação de sorriso e olhar que gelou meus ossos, e pude sentir Garet se encolhendo ao meu lado. O garoto se juntou a ela e sorriu ironicamente.

  - Belas roupas, 3. Como vão nos vencer na arena ? brilhando ?

Eles se viraram antes que pudéssemos fazer alguma coisa, mas ouvi um resmungo ao meu lado. Algo que soava como “belo fora, garotão”. Dei de ombros e sorri, como se aquilo não tivesse passado de um simples “desculpe”

  - Não acha irritante quando nos chamam pelo numero do distrito? Gostaria que me chamassem de Thalia...

Garet concordou com um acendo de cabeça. Ele, mais do que ninguém, deveria estar acostumado a provocações idiotas.

  Fomos até o elevador, onde ficamos por quase 5 minutos junto aos tributos do 1 e do 4. Ambos eram carreiristas, mas apenas o primeiro distrito parecia querer deixar isso claro. Os outros dois nos cumprimentaram com sorrisos bondosos. Descemos antes deles, mas apenas eu estava com animação para dar um rápido aceno antes de passar para nosso andar.

Tudo ali parecia ser ao estilo capital. Uma televisão maior que a do trem estava posicionada na frente de um sofá preto de couro e duas poltronas, e cadeiras verde-berrante estavam arrumadas em volta de uma mesa lustrosa de madeira, coberta por mais comida do que eu jamais imaginara ver, e olha que meu distrito não era o mais pobre. Quando m ofereceram jantar, apenas recusei. Assim que me joguei dentro do quarto para finalmente poder tirar aquele vestido, percebi que ele era idêntico ao do trem. As únicas coisas que mudavam eram as cores dos moveis, pois até a caixa com os jogos anteriores estava lá. Suspirei entquanto sentia o alivio das lantejoulas perdendo contato com minha pele. Peguei um pijama dobrado em cima da minha cama – nunca havia visto ele, mas para quem mais seria? -, e coloquei-o. Fiquei deitada na cama por quase 1 hora antes de finalmente dormir. Eram tantos pensamentos que mesmo depois disso, senti minha mente trabalhando.