Fanfic: Antes do Por do Sol | Tema: Hunger Games

  O primeiro treinamento foi apenas dias depois do desfile, ou seja, todos tiveram um dia inteiro para "descansar". Creio que como eu, nenhum dos outros tributos deve ter feito algo muito util. A unica coisa interessante que aconteceu o dia todo foram os gritos dos tributos do 2 brigando no andar de baixo. A garotinha, que eu descobrira por meio de Alerliana se chamar Sierra, havia até gritado algo sobre mata-lo, independente de que eles fossem do mesmo distrito. Como foram quase 20 minutos de gritaria sem nenhuma intervenção, Alerliana resolveu que iria até lá. Voltou quase 10 minutos depois, um sorriso sarcastico no rosto. Quando passou por nós susurrou algo como " eles não vão se matar, infelizmente ". Não pedi para que ela repetisse, pois se fosse aquilo e Tyrese ouvisse, sei que começaria com um discurso sobre compaixão. Aquelas poucas horas que eu havia passado com ele ja haviam me mostrado muita coisa.
O resto do dia se resumiu a olhar pela janela, andar as tontas pela casa e tentar matar o tédio.
  Quando chegou a hora de ir ao centro de treinamento - uma sala no terreo -, tive de me conter para não sair correndo até lá só pelo prazer de fazer alguma coisa.
Enquanto desciamos no elevador, Garet não me dirigiu uma palavra, nem um olhar.
Não eramos os primeiros tributos a chegar, mas ainda sim faltava uma grande parte dos outros. Observei o local até ouvir os passos de quem se atrasara: era uma sala grande, provavelmente três ou quatro vezes maior que minha casa; As paredes pareciam ser de metal e refletiam exatamente o mesmo azul do trem; Havia algo parecido com um palco, onde varias cadeiras e mesas estavam dispostas. Apenas uma pequena grade defendia os homens e mulheres que estavam lá. Não sabia quem eram, mas seus olhos passavam por nós como se nos analisassem; Algumas pessoas estavam espalhadas pelos cantos, junto a representações de áreas de uma possível arena, perto de bonecos-alvos ou redes de escalada, não havia duvida, aqueles eram os instrutores das estações. E não deduzi isso apenas por seus postos, mas também pelo uniforme que usavam.
  Assim que todos chegaram, uma mulher com ar atletico se aproximou de nós. Não demorou muito para que ela apontasse cada uma das estações e disesse para que serviam. Assim que todos se moveram para treinar, ela acrescentou:
  - em poucas semanas 23 de vocês estarão mortos ! Pensem bem no que treinarão, pois para sobreviver não basta apenas força...
Todos se entreolharam por alguns segundos antes do ar pesado ir embora. Aquelas palavras haviam nos despertado, e pelo jeito, era isso que ela queria.
Os carreiristas, ignorando o que ela dissera, claro, se dirigiram para as estações mais violentas. As garotas do 1 e  do 2 foram até as facas como cães de caça, fazendo questão de esbarrar em mim, cada uma batendo de um lado de meu corpo. Quando me virei em direção a elas, prestes a reclamar, vi o sorriso no rosto de Sierra. A briga do dia anterior parecia  te-la tornado ainda mais ameaçadora. Havia um corte em seu rosto, não tão profundo, mas eu apostava que não havia sido nada legal ganha-lo. Fiquei imaginando se o garoto havia a machucado ou se fora a coisa que ela derrubara antes da discução. Desisti de tentar me defender, aquele sorriso era maldoso demais, podia desarmar qualquer um. Virei meu rosto e começei a procurar uma estação interessante. Eu ja sabia usar espadas, nem que quisesse poderia acertar com o arco... observei as mais vazias. Pelo jeito, ninguem se importava em aprender sobre as frutas ali. Me dirigi até a estação que "falava" sobre o assunto e me consultei com o homem franzino e jovem que estava ali. Enquanto ele falava e mostrava diferentes frutas e plantas comestiveis ou medicinais, eu tentava anotar tudo mentalmente. Amoras-cadeado matavam,  certro; Uma flor com quase 30 centimetros que eu mal consegui pronunciar o nome causava queimaduras de terceiro grau; Havia as folhas que ajudavam com picadas de teleguadas; Havia uma planta chamada Catnip que podia espantar insetos. Perfeito; Uma florzinha pequena, muito parecida com rosas em miniatura, porem com as petalas mais separadas, chamada rozd`son, se esmagada, exalava um cheiro que podia te fazer perder o sono por quase 5 horas.
Uma hora depois, eu ja havia mudado de estação sabendo quase tudo sobre plantas. Me encaminhei até a unica coisa em que ainda tinha real dificuldade: as facas.
As duas carreiristas ja haviam saido dali e agora travavam uma batalha corpo-acorpo tão violenta que eu podia jurar que elas achavam estar na arena. Me aproximei da pequena fila que havia se formado. Ambos os tributos do 4 estavam lá. Mais a frente estavam a garota do 10, a do 12 e o menino do 7, que atirava as facas no alvo. Não parecia ter errado nenhuma. Um calafrio percorreu minha espinha, e eu o observei atentamente. Eu sabia que haveriam machados na arena. Sempre havia. Mas isso não tornava impossivel vence-lo, certo ? quer dizer.. facas tambem não.

Procurei pela menina, mas não achei ninguem com as caracteristicas do 7, ou com a identificação do distrito. Até agora e só a vira no reprise do desfile, mas não focaram muito em seu rosto, de modo que não a reconheceria se a visse.
Alguem entrou em meu campo de visão, e quando ergui os olhos, quem quer que fosse ja havia começado a falar.
   - Tributo do 3 ! Thalia, não ? Sou Patch, do 4. - Ele bateu no pequeno numero costurado em sua blusa e sorriu. Era o mesmo que entrara no elevador comigo dias atras. Eu não queria sorrir, mas era impossivel. Antes mesmo de perceber o que eu estava fazendo, meus labios ja haviam contornado um sorriso que poderia muito bem dizer " ei, vamos ser amigos ! ". Mas não podia ser assim. Nos jogos nada podia ser assim... Pelo jeito, ele não pensava assim, pois continuou falando - Gostando do treinamento ?
Demorei um tempo para responder, tentando desviar meu olhar dele para minhas unhas:
  - ah, claro. hm.. e você ?
Me encolhi quando os quatro carreiristas do 1 e 2 passaram por ali, indo direto para as espadas. Ninguem pareceu perceber, então soltei o ar vagarosamente.
  - treinar para a morte é estranho.
Ele deu de ombros, mas pelo canto do olho pude ver que continuava sorrindo. A fil a nossa frente se mecheu, e a menina de seu distrito puxou-o pela blusa. Enquanto pegavam as facas e se afastavam, não pude deixar de pensar se ele era simpatico sempre, e não se tocava de que sofreria mais assim que tivesse de matar, ou se era apenas um truque. Como minha irmãzinha dissera uma vez, as coisas revelam se são verdadeiras ou não na hora certa, até lá.. apenas va no embalo.