Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

Por alguns segundos, me permiti sentir sua proteção, até que meu coração ficou angustiado novamente e eu me afastei apavorada.

- Quem é você? Como pode impedir a minha morte? - gritei andando pelo corredor como louca. - vou morrer com essa blusa! Odeio essa blusa! – estiquei a blusa olhando com desconforto já nem sabendo o que dizia direito. - ...e meu cabelo... odeio meu cabelo liso assim, vou morrer assim? – puxei o cabelo para constatar que ele realmente estava liso.

- Droga! Por que deixei a Maite fazer escova, agora vou morrer sem meus cachos, será que eles vão lavar meu cabelo antes que eu seja enterrada? Preciso dos meus cachos...

- Calma! Precisa se acalmar, precisa ter tranqüilidade para que eles consigam trazê-la de volta. – meu amigo bombeiro disse me segurando firme de novo.

- E você! Olha pra você... - eu disse o olhando de cima a baixo. – Deus, com certeza vou morrer mesmo! - conclui virando de costa para ele não ver que fiquei vermelha de vergonha pelos pensamentos impuros que tive.

- O que têm eu? – ele perguntou curioso. – diga que eu tenho...?

Tentei ignorar, mas ele entrou na minha frente me cobrando uma reposta.

- V-você... vo...cê é o cara mais bonito que já falou comigo e eu vou morrer sem te conhecer. – fui dizendo enquanto apontava minha mão de cima a baixo nele, achando mesmo que esse último dado era a prova final que eu realmente iria morrer hoje.

- Ruivinha, assim me deixa encabulado e convencido! – ele respondeu com um sorriso idiota no rosto.

- Pode me chamar de Dulce, por favor!

Que cara irritante!

- Ok, Dulce, é estranho eu sei, pode ter certeza que também estou assustado, mas precisa ficar calma, os médicos precisam de paz e tranqüilidade, estamos num centro cirúrgico... não queremos atrair coisas ruins para cá, não é?

- Coisas ruins... – olhei em volta procurando algo. – Como assim coisas ruins...?

- Olha, sinceramente acho que se você continuar a gritar que vai morrer, pode ser que a morte venha mesmo te pegar, nunca assistiu a filmes onde as sombras tomam formas e arrastam as almas das pessoas para o purgatório.

Era incrível sua ironia e tudo piorava com ele fazendo gestos sinistros com as mãos, como se quisesse assustar uma criança. Suspirei irritada, será que esse imbecil ainda não tinha percebido o quando eu já estava assustada!

- Qual o seu problema? Pensei que pretendesse me acalmar! - respondi sem pensar batendo algumas vezes no braço dele.

Um ai de dor foi sua resposta enquanto ele esfregava mão no braço rindo.

- Desculpe, só estou tentando fazer você relaxar, foi só uma brincadeira!

- Brincadeira? Acha que isso aqui é brincadeira?

- Ah! Tudo bem... o que eu quero dizer é que seu cérebro vai assimilar seu pedido de morte e você não vai responder a cirurgia como deveria e fatalmente vai morrer... fatalmente... de verdade, para sempre, entende?

- Quem você é afinal? – perguntei tentando entender o que ele dizia. - um padre? Pastor? Curandeiro? Alguma coisa do tipo... 

- Não. Sou um bombeiro!

Revirei os olhos.

- E isso te qualifica para dizer que eu não devo pensar na morte quando ela está aqui chamando meu nome no meu ouvido.

- Ruivinha...

- Dulce! - bati o pé com força no chão falando. – meu nome é Dulce!

- Tudo bem, calma... Dulce... o que quero dizer é que sou bombeiro e quando saímos para atender um chamado sempre temos em mente a vida e não a morte, esse é o meu trabalho, a vida!

Continuei olhando para ele tentando entender aquela explicação confusa, o vi suspirar, olhando para os lados procurando novos argumentos.