Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

A porta voltou a abrir e meus pais entraram, tentei sorrir aos vê-los, tive pena por eles estarem sofrendo por minha causa, apesar de minha irmã não estar com eles, era como se eu pudesse vê-las no jeito e nos gestos de cada um deles.

Nós herdamos os cabelos ruivos e olhos verdes do meu pai e a graciosidade do corpo pequeno da minha mãe, mas Claudia, minha irmã, foi mais esperta e aproveitou enquanto Deus estava distraído e roubou a simpatia e desembaraço da minha mãe.

Sempre quis ser como elas, mas desde a escola quando começaram a me chamar de enferrujada por causa das sardas, meu desembaraço sumiu, fiquei cada vez mais tímida e envergonhada.

Mesmo hoje, apesar de me achar bonita e muitas vezes gostar do que vejo no espelho, tenho dificuldade de me relacionar, poucos me conheçam de verdade, tenho medo de ser eu mesma e as pessoas não gostarem de mim, talvez por isso eu relevo tanto as coisas e não consigo me impor.

Meus pais entraram e se aproximaram, minha mãe estava chorando desesperada e meu pai com cara de preocupado, talvez o médico tenha dito algo sobre eu nunca mais andar, por isso também chorei.

Quis tanto dizer-lhes que estava bem que tudo ficaria bem, independente do que acontecesse, mas nenhuma palavra saía da minha boca, minha mãe se aproximou e pegou a minha mão.

- Dulce, filha... você está bem? – balancei a cabeça indicando que sim, mas continuei ouvindo sua voz e foi com tristeza que percebi que agora eram seus pensamentos.

Infelizmente quando as pessoas pensam elas não se importam em ter cuidado com as palavras.

- Pobrezinha da minha criança, tão machucada, tão nova, meu Deus, não a deixe nesse estado. - apertei a mão dela e tentei sorrir, para que ela percebesse que tudo ficaria bem, ela apertou minha mão em resposta e a repousou em seu peito voltando a chorar descontroladamente.

- Dulce meu anjo, vai ficar tudo bem, vamos ter fé! - virei e vi meu pai falando do outro lado da cama, ele repousou sua mão sobre a minha porque nesse braço estava o soro e tinha o curativo onde eu havia levado o tiro no ombro, ele tirou um lenço do bolso e passou em seus olhos, tentando disfarçar as lágrimas que ali estavam.

- Estou resfriado! - Ele disse me olhando...

Sorri emocionada, meu pai é um homem durão, um ruivo alto e corpulento que mete medo em muita gente e agora estava ali, pobrezinho tão aflito e apreensivo por me ver naquele estado.