Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

A porta do quarto se abriu e minha mãe entrou, trazendo com ela todos seus pensamentos confusos.

- Ele ainda está dormindo. - minha mãe pensou, olhando para o meu pai ainda jogado no sofá. - Porque ficou aqui se estava com sono, deveria ter ido para casa da Claudia. Ela continuava a pensar, indo na direção dele dando alguns cutucões o fazendo acordar assustado começando a falar alto.

- Aqui não é lugar para dormir, deveria ter ido para a casa da Claudia se está tão cansado... - ela ia descarregando enquanto o fazia se sentar na marra, de onde eu estava fiquei apenas observando a briguinha deles era até engraçado ele com aquele tamanhão que geralmente põe medo nas pessoas, agora sendo coagido pela minha mãe que parecia tão pequenininha ao lado dele.

- Já acordei, já acordei! - meu pai resmungava sem parar tentando tirar as mãos dela de seu ombro, imediatamente ele começou a pensar, sobre como a idade havia feito minha mãe ficar rabugenta, se levantou e veio até perto da cama, passando a mão no rosto.

- Acho que vou dar uma volta. - ele disse começando a se afastar, mas eu segurei seu braço, fazendo ele me olhar, assim que ele o fez eu fiz sinal que gostaria de escrever algo e ele pegou o papel e a caneta e me entregou.

- Pode saber como está o bombeiro que me salvou? - escrevi e mostrei a ele.

- Vou procurar saber... - ele respondeu já virando para sair.

Fiquei sozinha com a minha mãe tadinha ela é uma boa mãe, mas como todas é cheia de medos e receios e quando se depara com algo faz o que a maioria dos pais esclarecidos faz, ou seja, “bobagem”, por isso ela tem tantos pensamentos perturbadores, está assustada por não saber como lidar com essa situação.

Meu pai demorou a retornar e quando voltou sorriu ao entrar, ele terminou de descascar uma bala apressado e a colocou na boca em seguida. Eu o via fazendo isso desde minha adolescência, quando ele fumava escondido da minha mãe, mas de uns anos para cá seu médico o havia proibido de fumar, por isso olhei com censura quando ele se aproximou da cama, seus pensamentos quando viram meu rosto foram automáticos.

- Não conte para sua mãe. - ele pensava sorrindo sem graça enquanto encostava ao meu lado, bem, pelo cheiro forte de cigarro ele deveria ter fumado o maço todo, ela só não perceberia se não quisesse, por isso tive certeza que logo mais assistiria outra briguinha engraçada entre eles.

Ele ficou ali ao meu lado sem falar nada só vendo as imagens da TV, por isso achei que ele tivesse esquecido de ir buscar informações sobre o Christopher, puxei de leve sua camisa fazendo com que ele baixasse os olhos em minha direção, depois levantei um pouco as mãos abertas e ergui a sobrancelha como se perguntasse se ele tinha conseguido a informações que eu pedi.

- Ou, sim, desculpe, havia esquecido. - ele foi dizendo sorrindo, mas ficou sério em seguida.

Eu não sabia se prestava atenção em suas palavras ou em seus pensamentos.

- Falei com o médico filha e ele disse que foi mesmo um bombeiro que te salvou e que no meio do tiroteio uma bala perdida o atingiu no peito.

Meus olhos ansiosos denunciavam que eu estava aflita para saber o resto.

- Ele foi operado no mesmo dia que você, mas ainda está em coma, não teve qualquer momento de lucidez, eles não sabem o que esperar, o médico disse que ele já deveria ter respondido de alguma maneira, ele está na UTI, só recebe visita dos parentes, acho que só tem o pai e alguns amigos.