Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

Eu continuei olhando, querendo saber o mais importante, mas meu pai não disse mais nada, eu peguei a caneta e o papel que estavam ao lado e comecei a escrever.

- Ele vai sobreviver? - mostrei o papel ao meu pai.

- Ninguém sabe, o médico disse que já fizeram tudo, agora é com ele... - suspirei ficando preocupada, escutando meu pai pensar sem parar.

- Pobre rapaz! Não deveria ser dessa maneira, uma vida pela outra, provavelmente vai morrer por ter salvo minha filha...

A porta do quarto abriu e o Dr. Dionísio entrou ao lado da enfermeira simpática, ele sorriu ao me ver escrevendo.

- Como se sente? - balancei a mão para dizer que me sentia mais ou menos e escutei seus pensamentos.

- Ainda não está falando... porque não está falando garota? Não existe motivo para não falar... - o médico pensava ali na minha frente enquanto me examinava.

- Vejo que anda escrevendo, tem tentado falar alguma coisa? - balancei a cabeça afirmativamente. - Algum ruído? Algum som?

Fiquei atenta quando ele foi testar meus reflexos, cutucando minhas pernas os meus pés.

- Sente alguma coisa? - fiz sinal com o dedo que não, tentando mais uma vez falar sem que qualquer som saísse, vendo minhas tentativas seus pensamentos foram imediatos.

- Nada de reflexos, nenhum som, sem qualquer motivo aparente... todos exames estão ok... seu organismo está perfeito, então porque não reage garota?

Suspirei cansada de tentar e nada acontecer.

- Tudo bem menina... - ele disse colocando sua mão sobre a minha para que eu não me esforçasse mais. - Vamos descobrir a causa disso, fique tranqüila, ok.

- A enfermeira vai te dar um medicamento e daqui uns 15 minutos você vai ter um sono incontrolável, não relute em dormir, porque faremos um exame mais detalhado e para isso você precisa estar dormindo profundamente.

Peguei o papel e mostrei a pergunta ao médico, “ele vai sobreviver?” ele leu me olhou sem entender.

- Ela quer saber sobre o bombeiro que a salvou. - meu pai explicou.

- Ah! Ele foi operado e correu tudo bem...

Ouvir isso me fez olhar para o céu com ironia, lembrando que eles quase o perderam na mesa de operação.

- A bala foi removida, mas ele permanece em coma, sendo monitorado por aparelhos. Peguei a caneta e comecei a escrever.

- Quando ele sai do coma? – mostrei ao médico.

- Bem, não sabemos ao certo, tenho certeza que em breve...

Apesar do médico querer acreditar nisso, seus pensamentos diziam que ele não entendia o porquê do Christopher ainda estava em coma sem responder aos medicamentos e em seguida ele pensou em uma outra hipótese, algo chamado, estado vegetativo permanente, eu não sabia o que era, mas não me parecia nada bom, imediatamente comecei a escrever.

- Estado vegetativo permanente, o que é? - mostrei ao médico que leu e me olhou de maneira estranha como se ele tivesse percebido que eu pude ouvi seus pensamentos.

- Não é o caso dele, fique tranqüila. – foi sua resposta evasiva.

Enquanto aguardava a enfermeira aplicar a medicação e trocava algumas palavras com meu pai ele começou a pensar.

- Hoje é dia 22 ou 23, espero que seja dia 22, não posso ter esquecido o aniversário da Joana de novo... dessa vez ela me mata!

Eu olhei para o braço do meu pai que usava um relógio antigo, daqueles que marcam as horas e o dia ao lado e vi a data 22/09, sem pensar escrevi no papel.

- 22/09. - mostrei ao médico que leu e me olhou intrigado.

- O que é isso?

- Data de hoje!!! - escrevi me dando conta agora do que havia feito, ele me olhou desconfiado e seus pensamentos surgiram em seguida.

- Preciso ir para casa, estou trabalhando demais, agora encontro uma paciente que ouve o que penso, realmente preciso descansar.

Sorriu sem jeito pra mim.

- Obrigado pela informação menina, te vejo na sala de exame, ok... – ele deu alguns tapinhas no lençol fez um gesto começando a sair de perto da cama, mas parou alguns passos depois pensando.

- Qual cirurgião não é fascinado com os mistérios que envolvem as pessoas que passam por uma experiência quase morte e se algo diferente aconteceu com ela antes de podermos trazê-la de volta ao mundo dos vivos, seria interessante... - ele voltou sem imaginar que eu acabara de ouvir seus pensamentos e como se estivesse fazendo um novo exame continuou a pensar.

- Garota, estou ficando louco, tenho impressão que você ouve meus pensamentos!

Ele riu tentando disfarçar tal absurdo.

- Tudo bem estou ficando velho e louco por trabalhar demais, mas de qualquer maneira poderia por gentileza colocar seu dedo sobre a minha mão se me ouviu pensar nisso.

Estreitei os olhos pensando na possibilidade, olhei para ele e sorri achando engraçado a maneira assustada que ele aguardava minha reação, ergui a mão e ele a seguiu com os olhos, passei a mão no rosto e vi que ele respirou aliviado, coloquei minha mão novamente sobre o lençol, mas antes que ele tirasse a dele que estava ao lado eu coloquei meu dedo sobre ela.