Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

- Meu nome é Dul...ce! – quis dizer, mesmo estando boba a observá-lo, sorri sem graça quando vi que ele percebeu que eu o admirava.

- Eu sei seu nome... acho que nunca mais vou conseguir esquecer de você!

- Não vai se esquecer de mim?

- Não, nunca mais... - ele respondeu chegando mais perto.

- Mesmo?

- Mesmo! – ele sorriu e eu franzi a testa tentando entender qual a graça. - ...como posso esquecer? Levei um tiro no peito por sua causa...

- Ah, claro! – falei dando um passo para trás envergonhada por ter achado que o motivo era outro.

- Ei, estou brincando ruivinha... - ele disse e me puxou para um beijo, fechei os olhos adorando aquilo, esperava que a sensação desse beijo fosse algo gelado como um sorvete em contato com os lábios e maravilhada constatei que realmente era, se não bastasse pude sentir seu corpo junto ao meu me abraçando e deslizando suas mãos nas minhas costas, me puxando cada vez para mais perto.

- Seu cabelo tem o cheiro de pêssego. – senti quando ele aspirou o ar no meu pescoço me fazendo ficar arrepiada, sorri feliz por estar ali. - você é tão cheirosa ruivinha...

Senti um beijo leve no pescoço e esperei pelo próximo beijo, mas ao invés dissoele se afastou como se tivesse se lembrado de algo importante.

- Espera ai!

- Que foi? – perguntei.

- O que veio fazer aqui? Como chegou aqui? Está em coma novamente? O que fez dessa vez? Quis fugir de seus pais? – suas perguntas seguidas me fizeram rir.

- Qual resposta quer primeiro, moço?

- Ou, desculpe... – ele ficou sem graça. - como voltou? Melhor, porque voltou? – cada palavra era pronunciada devagar, talvez ele estivesse com medo da resposta.

- Eu não sei... – falei com sinceridade. - só me lembro de um exame, alguma coisa sobre anestésico... provavelmente as coisas não saíram como o Dr. Dionísio esperava, porque aqui estou eu! – quis parecer engraçada erguendo os braços num gesto feliz.

- Está em coma novamente? – ele perguntou sério.

- Melhor que estar morta! – falei tentando continuar a piada, mas seu rosto preocupado deixou claro que não tinha conseguido. – Desculpe, Christopher, talvez você tenha uma explicação melhor!

- Lamento ruivinha, ultimamente não consigo explicar muito bem as coisas que tenho visto, ouvido ou sentido... – essa última parte foi certeira e ele nem tentou disfarçar, sem graça, olhei dos lados.

- Porque ainda está em coma? O que tem feito afinal? Pretende ficar de férias aqui no mundo dos mortos? Não vai mais me levar para jantar?

Quando me dei conta do que estava fazendo, parei de falar e sorri para ele que devolveu o sorriso.

- Qual resposta quer primeiro?

- Posso escolher a que eu quiser?

- É essa resposta que quer primeiro?

- Tudo bem, então me responde essa Dom Juan... será que um dia isso vai acabar? Perguntei suspirando, pensando em como a vida e a morte pode ser bem mais complicada do que as pessoas pensam.

- Claro! Temos um jantar, lembra? Só preciso descobrir como saio daqui... – sua maneira de olhar o céu pareceu mais uma prece do que um fato.

- O médico disse que você não teve qualquer momento de lucidez, então se pretende sair daqui melhor fazer alguma coisa logo! – apontei na direção da cama onde seu corpo estava.

- Não sei o que fazer, apenas me sinto inerte, fora de meu corpo, não sei explicar...

- Bem, fora do seu corpo é verdade... - disse com graça pelo que ele havia falado sem perceber, mas ele não deu risada da minha gracinha, apenas chegou perto de seu corpo na cama.

- Não quis dizer literalmente fora do meu corpo, isso também é uma loucura... mas parece que minha alma não tem mais ligação com meu corpo.

- Acho que se fosse assim, você já teria morrido Christopher... – solidária deixei meus dedos encostarem nós dele e ele segurou minha mão com carinho, sem nem olhar para mim. Como pode ser? Pensei, olhando para sua alma aqui ao meu lado em pé, falando e em plena forma, enquanto seu corpo deitado na cama, parecia completamente sem vida.

- Já tentou se deitar na cama?

- Como eu vou deitar, se ela já está ocupada!

- Mas aquele ali é você, deveria tentar, eu vi isso num filme...

- E deu certo no filme?

- Bem... na verdade não! – dei risada, mas quis tentar me justificar. - Christopher, o que temos a perder?