Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

- Eles até discutem às vezes e ela expõe com facilidade seu ponto de vista, coisa que não faz com ninguém, às vezes o chama de idiota, mas no fundo até acha engraçado o jeito despreocupado dele, é tudo tão natural entre eles que ela sente-se tranqüila e sem medo que ele a interprete mal, ou seja cruel com ela. – falei olhando para ele. - consigo ser eu mesma e isso nunca me aconteceu antes. - terminei e semvgraça e apertei meus braços num abraço sozinho, tentando não encará-lo.

- Ela me parece mais fascinante agora. - ele disse sorrindo. - gostaria mesmo de conhecê-la.

- Então precisa sair daqui!

- É eu preciso, eu tenho um jantar marcado com ela...

- Precisa, voltar para o mundo dos vivos e me encontrar lá...

- Eu não sei como fazer isso...

- Não se deixe abater, você não teve momentos de lucidez e o médico pensou algo sobre estado vegetativo permanente e eu não sei o que é... mas não parece bom...

- Uau! Estado vegetativo permanente, quem diria...

- O que é isso?

- Estado vegetativo permanente, acontece com algumas pessoas que ficam em coma, ela perde a capacidade de pensar e de ter consciência das coisas ao seu redor.

- Ela está vegetando?

- É... vegetando é um termo legal... – fiquei arrependida de ter sido tão insensível.

- Desculpe, desculpe...

- Tudo bem, é esquisito, mas é verdade, pessoas nesse estado ficam ausentes de reações ou percepção do mundo a sua volta, elas apenas vegetam e às vezes por anos. - ele disse voltando a olhar pela janela. - Em alguns casos a família briga na justiça pela eutanásia.

- Eutanásia! - meu coração acelerou ouvindo isso. - Desligar os aparelhos, deixar a pessoa morrer!!

- Em alguns casos sim... – parecia lamentar essa possibilidade.

- Não pode morrer!

- Eu não quero morrer...

- Então, faça alguma coisa!

- Como o quê? Deitar ali novamente?

- Tudo bem, essa foi uma péssima idéia, mas pelo menos eu estou tentando.

- Tentando? Você está tentando? Não é o que parece!

- Como assim? Estou aqui, não estou!

- O que me diz de você lá na cama, deitada machucada sem falar e sem andar!

- Mas eu não consigo! – gesticulei zangada com essas acusações e percebi que as três almas nos observavam, provavelmente até podiam ouvir nossa discussão.

- Deveria conseguir, não existe lesão, o médico disse! Também não acharam a causa para você ficar sem falar, então reaja! Fale e ande!

- Não consigo! Já tentei, mas não consigo.

- Porque está se punindo dessa maneira? Não existem causas neurológicas, então retome sua vida!

- Não seria justo Christopher!

Num tranco a porta da UTI foi aberta e eu me assustei olhando o que acontecia, estavam trazendo outro paciente, os enfermeiros se movimentavam como se fossem mudar o paciente da maca para uma daquelas camas.

- Porque não é justo? - não respondi, não sabia o que dizer ou como explicar. - Porque não é justo Dulce? – ele cobrou uma resposta me segurando firme sem querer meus olhos correram em direção a cama onde seu corpo estava e ele entendeu.

Ao fundo os enfermeiros haviam removido o corpo do novo paciente para uma das camas eu queria saber o que acontecia ali, mas o Christopher voltou a falar chamando minha atenção.