Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

- Está se punindo porque eu estou morrendo, é isso?

- Como posso ter uma vida normal quando alguém está entre a vida e a morte por minha causa?

- As coisas não acontecem por acaso ruivinha...

- E qual o motivo disso? Eu saio ilesa e você fica preso numa cama até que alguém decida que deve morrer.

Ele segurou meu rosto em suas mãos, provavelmente querendo me convencer.

- Não sei qual o motivo, mas sempre existe algum, precisa acreditar em você, não pode se punir por ninguém, mesmo que goste muito dessa pessoa, mesmo que se sinta ligada a ela, não deve se punir, saia daqui e viva feliz o resto de seus dias, é o que eu te peço!

- Não posso fazer isso!

Ao fundo os enfermeiros terminavam de arrumar os lençóis sobre o corpo do novo paciente enquanto um médico que estava de costas fazia anotações no prontuário.

- Acredite, você pode ruivinha, você é linda e especial... saia daqui e seja forte, faça com que minha morte valha alguma coisa... você parece um anjo de olhos verdes você é incrivelmente bela e sei que é forte, apenas acredite em sua capacidade e viva feliz...

- Não posso! – mordi os lábios com força para não chorar.

- Você pode falar, então fale Dulce!

- Christopher, você pode viver, então viva! – tentei continuar firme, mas algumas lágrimas caíram.

Ele fechou os olhos e foi falando como se suplicasse.

- Por mim, volte a viver ruivinha!

- Não dá...

- Tem que dar! – ele gritou zangado.

- Não! – gritei, fechando os olhos apertados.

- Continue vivendo! – ele gritou novamente.

- Não! Sem você! - gritei sentando na cama de uma única vez.

Agora eu entendia porque a chegada do novo paciente me chamou tanto atenção, o novo paciente era eu, olhei em volta e aquela era a mesma sala da UTI, exatamente igual, a única diferença era que agora minha alma estava em meu corpo de onde nunca deveria ter saído. Dr. Dionísio estava ali perto, parecia espantado e alguns enfermeiros com olhos arregalados me olhavam assustados.

Eu respirava rápido, também estava assustada, olhei em volta procurando as outras almas, mas não consegui vê-las como estava fazendo antes, olhei para o fundo da sala onde estava o Christopher, mas não o vi, meu coração disparou com medo de não poder mais enxergá-lo.

Não demorou para que eu sentisse um vento frio ao meu lado e uma sensação gelada em meu rosto como se o Christopher estivesse me fazendo carinho, minha pele foi ficando arrepiada, olhei para o lado sem conseguir enxergá-lo, o ar gelado foi ficando mais intenso como se alguém soprasse em meu ouvido, tive medo me lembrando daquele bicho de bafo gelado que ultimamente tem me perseguido, mas as palavras foram se formando até que eu saber que era a voz do Christopher, a princípio pareciam confusas mas aos poucos pude ouvi-las perfeitamente.

- Você é mais forte do que pensa, nunca deixe de acreditar em você...

Continuei olhando o procurando ali ao meu lado sem conseguir enxergá-lo, me esforcei e me concentrei em um gesto desesperado, sem qualquer sucesso, estiquei os braços ao lado como se quisesse alcançá-lo sem conseguir tocar em nada.

- Porque está fazendo isso comigo, qual o motivo?

- Dulce! - olhei para frente e vi o médico me olhando, como se quisesse entender minha reação desesperada.

- Não vai embora, preciso ver você! – falei assustada por não conseguir mais ver o Christopher.

- Dulce, você está me vendo? - o Dr. Dionísio perguntou chegando mais perto da cama, mas eu não dei atenção, era como se a cada segundo eu me afastasse mais do Christopher.

- Se nada acontece por acaso, qual é o motivo de tudo isso?

- Dulce, acalme-se tudo vai ficar bem.

- Não vai! - gritei com raiva pelo Dr. Dionísio estar se intrometendo.

- Calma, apenas deite, vamos conversar.

- Solta! Não quero deitar... - gritei tentando tirar o braço dele que me forçava a deitar, o Dr. Dionísio disse alguma coisa e eu vi um enfermeiro trazendo uma injeção, provavelmente para me acalmar.

- Não quero tomar nada! – gritei e esperneei sem perceber, tentando me safar dali.

- Dulce, fica calma, fique tranqüila, assim vai se machucar menina...

- Não! - chorei quando senti a picada da injeção e mesmo lutando eu não conseguia mais reagir, o calmante estava começando a fazer efeito e lentamente eu fui caindo na cama fechando os olhos mesmo sem querer.

Antes que tudo apagasse algo gelado envolveu meu corpo e eu senti muito frio, como o vento do outono que sobra no rosto da gente e faz com as folhas das árvores voarem pelo ar, então ouvi o Christopher dizer em meu ouvido.

- Eu vou viver, porque eu quero ficar com você ruivinha... e o motivo de tudo isso nós vamos descobrir juntos...

Em seguida eu apaguei.