Fanfic: Almas - Vondy* | Tema: Vondy

- Membro da corporação, ferido em serviço, homem, 29 anos, baleado no tórax, sinais vitais baixo, PA instável, pupilas bilaterais...

A cada palavra que era explicada eu ficava ainda mais assustada, a maca era seguida e no rosto do bombeiro loiro que a empurrava havia angústia e medo. 

Quando as macas passaram por mim, me afastei com a mão na boca de pavor, a única coisa que vinha a minha cabeça era projeção de consciência, experiência quase morte e autoscopia.

Deus! Experiência fora do corpo... impossível, não posso crer... isso não existe, não é possível de acontecer.

Corri até as macas, na esperança de ter visto errado, mas com horror eu vi que as pessoas que estavam lá deitadas eram eu e meu amigo bombeiro ali ao lado. Fui me afastando até encostar na parede.

- Isso não é compreensível, não acredito nisso, essas coisas não existem! – fui repetindo para mim mesma tentando me convencer. - meu Deus! O que está acontecendo?

Fui me sentindo atordoada com tudo, comecei a respirar com dificuldade, era como se o ar não chegasse mais a meus pulmões, só me dei conta que não estava sozinha quando senti meu amigo bombeiro me chacoalhando.

- Ruivinha olha para mim... – procurei seus olhos sem entender o que exatamente ele queria. – isso olhe para mim, tá... respire devagar, bem devagar, calma, você está hiperventilando... apenas olhe para mim e respire devagar... consegue fazer isso?

- Fazer o quê? – mal conseguia ouvir o que ele dizia tamanha era a falta de ar.

Ele segurou meu rosto e me fez olhá-lo diretamente, repetiu mais algumas vezes suas orientações, até que eu aparentasse estar entendendo, definitivamente ele queria que eu respirasse ou algo assim...

- Calma, apenas respire devagar... fique respirando, ok... eu já volto! - ele saiu correndo e voltou depois de poucos minutos, segurando uma sacola plástica e entregou na minha mão.

Se antes eu não respirava, agora eu não raciocinava, porque não tinha idéia do que fazer com aquela sacola nas mãos, olhei para o bombeiro em dúvida, ele sorriu percebendo o quanto idiota tinha sido ao me entregar aquilo sem dizer nada.

- Desculpe... respire aqui dentro, vai ajudar, respire lentamente umas 10 vezes seguidas, calma respire...

Ele me ajudou e eu fui seguindo as orientações, ainda ouvia sua voz ali ao meu lado tentando me acalmar e sem nem saber porque agradeci a Deus por ele estar ali.

Aos poucos aquela sensação de pânico foi diminuindo enquanto ele ainda tentava me acalmar.

- O que aconteceu? – perguntei com esperança sincera dele saber.

- Quando você hiperventila, seu coração bate mais rápido e você tem a sensação que falta ar, seus braços, pernas e rosto, principalmente a boca formigam, isso porque você está eliminando gás carbônico em excesso durante a respiração por isso tem uma sensação de que vai morrer...

Olhei incrédula com a resposta.

- Não é isso que eu perguntei seu idiota! Estou naquela maca e estou aqui! – apontei para uma sala onde eles haviam levado meu corpo. - ele sorriu erguendo os ombros.

- Bem, essa parte eu não sei explicar... – sua maneira despreocupada ao responder deixava evidente que se divertia cada vez que me irritava.

- Estou sonhando, definitivamente estou sonhando!

Antes que ele fizesse mais alguma gracinha me afastei andando de um lado para o outro, falando sozinha.

- Calma Dulce, autoscopia não existe, isso é coisa da cabeça da Maite, aquela doidinha acredita nessas coisas, ninguém pode sair do corpo... a alma não se separar do corpo físico... a não ser que você morra! – olhei novamente para a sala onde estava meu corpo e me desesperei. - eu quero acordar, preciso acordar, eu não posso estar morta!