Chris saiu e ela ficou olhando-o até ele virar, estava confusa, pois achou que Chris trazia uma cara estranha, não sabia o porquê, “ele tá tão estranho, que bicho mordeu ele?”, não conseguia achar a resposta, sentiu vontade de pergunta-lo, mas não agora pois deve estar com a cabeça cheia, iria esperar o momento certo, ficou triste com isso. Saiu da piscina com esses pensamentos, foi para a mesa e pegou a sua toalha, enrolou-se nela, Chris já vinha passando, já todo vestido, ela o esperou e assim entraram juntos na casa, no caminho aos seus respectivos quartos, nenhuma palavra foi dita, nem um ruído sequer, ela o olhava de canto de olho, mas ele nem a olhava, estava como ido, chegaram em frente ao quarto, ele entrou e nem sequer olhou para trás, ela ficou olhando-o entrar, viu porta se fechar, deu um suspiro melancólico e entrou. Chris ao entrar pegou sua toalha e se encaminhou diretamente ao banheiro, estendeu a toalha, se despiu e entrou ao chuveiro. Após o banho, enxugou-se e voltou ao quarto, pegou sua maleta e a pôs em cima da cama, tirou um short preto, curto, bem leve e folgado, colocou por cima de sua roupa interior branca, penteou os cabelos e pôs a mochila novamente em seu lugar. Tombou na cama, pegou o travesseiro e o abraçou, o que mais temia estava retornando, suas fraquezas, suas inseguranças, enfim, seus medos retornaram afim de atormenta-lo outra vez, “por que agora?” falou, estava com um nó na garganta, e a respiração se fazia cada vez mais difícil. Ele sentia-se sozinho, em um lugar totalmente desconhecido. A vida de Chris, foi uma vida muito fácil, uma vida de muita estabilidade, nunca precisou ir atrás de nada e por isso não descobriu certos que caminhos que a vida nos traça; por ter sido filho único, sua mãe o consentia em tudo, o vangloriava, sempre fez todos os caprichos dele, acabou sendo uma criança mimada, uma criança sozinha, praticamente criada só pela mãe, tinha na cabeça “se existia uma pessoa pra fazer pra mim, por que eu vou me preocupar”, e com isso terminou sendo uma pessoa de pouca personalidade, de uma personalidade fraca, mas ao entrar na novela, foi aprendendo os reais valores da vida, e assim foi aprendendo um pouco a ser normal como os outros e não se sentia mais superior, só que por sempre ter sido uma pessoa fraca, transformou seu medo da solidão em uma paranóia, uma doença, no qual fazia tempos que sarara, só que parece que a ferida voltou a sangrar e dessa vez em um momento muito desapropriado. As crises e o estresse o fizeram uma pessoa psicologicamente dependente de outra, essa é a razão de andar com tantas mulheres, mas agora estava sozinho e com justamente com a causadora de todas essas sensações ruins. O desprezo em qual Dulce o tratara e a exclusão o fizeram entrar quase em uma depressão, mas seus pais o levaram para um psicólogo e ele começou um tratamento urgentíssimo, e depois de algum tempo ficou muito melhor, só que agora tudo voltou e também a sua maior inimiga, a solidão. Outra imagem veio a sua mente, do dia do aniversário de Dulce, ele a buscou para felicita-la, até lhe deu um presente, uma imagem de uma bailarina espanhola(igual a da PRESENÇA DE ANITA), que comprou em Madrid, ela recebeu, mexeu com a cabeça e saiu, nem um sorriso ou um agradecimento ele recebeu, nada, ele ficou olhando-a sair, ela encontrou Christian mais na frente e lhe deu um abraço forte, Chris baixou a cabeça e saiu. Ele se entristeceu mais, sempre quis se aproximar dela, mas ela sempre o cortava, lembrou do seu sonho e ficou mais perturbado, desabou em choro, colocou o travesseiro sobre o rosto e o apertou, sentia-se tão vazio, tão oco por dentro, e isso o fazia chorar com mais sentimento, sentiu vontade de ir embora, pois se não o fizesse poderia piorar e não queria que ela e nem ninguém soubesse do seu problema psicológico, continuou chorando, chorando até que dormiu. Dulce por sua vez já estava banhada, enrolada na toalha e deitada na cama, pensando no porquê do estado de Chris, nunca poderia imaginar que Chris tivesse um problema psicológico, “o que eu fiz?”, falou com a expressão de tristeza, sentia que era por sua culpa, ele estava diferente daquela vez que se pôs nostálgico no flat, o seu olhar lhe dizia isso, toda a expressão do seu rosto lhe dizia isso, estava preocupada, com um aperto no coração que não sabia distinguir o que poderia ser, então levantou-se com o pensamento de ir procura-lo, as coisas não poderiam ficar assim, tinha planejado muito esse final de semana, e queria que ele ficasse feliz, foi até o guarda-roupa e pegou uma camiseta branca da Hello Kitty, e um short curto jeans escuro e apertado, como já estava com roupa interior, vestiu bem rápido a roupa, jogou a toalha em cima da cama, penteou os cabelos para cima, e mesmo descalço, saiu. Como o quarto de Chris era na frente do seu, foi só sair e bater na porta, bateu que cansou, até que girou a maçaneta e viu que o quarto estava aberto, entrou devagar e o viu dormindo, Chris ainda soluçava, mas estava completamente adormecido, ela ao ouvir os soluços chegou perto, pois pensou que ele estivesse acordado, não dava pra ver porque ele estava de costas a ela, sentou-se perto dele, lentamente para não acorda-lo, colocou sua cabeça perto para ouvir o leve soluço, e percebeu que ele havia chorado, tirou a mecha do cabelo da frente do rosto, tudo muito suave e viu seus olhos encharcados, limpou-os suavemente, olhava com uma preocupação e com uma tristeza que não conseguia evitar. Passou a mão no rosto dele, ele se mexeu e ficou de costas para ela, então tirou na mesma hora, ele se acomodou outra vez e ela colocou sua mão no braço dele e ficou alisando as costas dele, se aproximou lentamente, para sentir o seu aroma, sentiu o olor de sua pele e depois a dos seus cabelos, aquela fragrância a embriagava, “você é tão lindo, tão doce, tão frágil...tão...” não conseguiu terminar a frase, pois Chris acabara de abrir os olhos, ao sentir alguém ali ele virou imediatamente, ela arregalou os olhos.