As duas conversaram mais um pouco e logo chegaram na Televisa. Todos desceram da Van e se encaminharam aos seus carros, menos Christian que entrou na Televisa, esperaria Zoraida sair. Os outros foram para seus carros, Dulce com o controle na mão destravou seu carro e viu como Chris estava com uma cara péssima, entrou no carro bruscamente e bateu a porta do carro com força, coisa que declarou sua raiva, ela ficou vendo seu carro sair e entristeceu, imaginava o que ele estava sentindo, mas insistia em se conformar que aquilo era o melhor a se fazer, era o melhor para ele, a sua felicidade que estava em jogo e ela não queria arriscar. Entrou no carro e deu a partida, quando saiu das dependências da Televisa ligou o som, deixou uma rádio que estava na propaganda, algumas notícias locais e do país, ela ficou ouvindo e logo depois começou novamente um programa de músicas, o locutor apresentou a música, Save Me (Hanson). Ela enquanto dirigia prestava atenção na letra da música, estava precisando ser salva, salva dessa aflição, desse aperto no peito quando estava longe dele e agora muito mais, pois até mesmo quando está perto em corpo, está longe em alma, coisa que não a pertence mais, nunca vai conseguir o perdão dele, nem pelo o que fez no passado e nem pelo que fez no presente, isso era o que ela mais se frustrava, mas mesmo que ele a perdoasse não seria a mesma coisa de antes, aquela magia, aquela fantasia. Lembrou-se do que fizeram no banheiro de Pedro e não evitou sorrir, estiveram tão unidos, tão conectados, tão juntos, tudo igual à antes; seus carinhos, suas caricias que a estremecia por inteiro, ficou nas nuvens, nunca outro homem poderia toca-la como Chris a toca, com uma suavidade, delicadeza, ou seja, com amor. Será que outro homem a amaria desse jeito? A ponto de chorar, de sofrer, de dizer o quanto à ama sem vergonha e sem medo, não conseguiu responder e outra pergunta lhe veio a cabeça. Será que outro homem vai me estremecer com um sorriso, com um olhar com um gesto terno assim como “ele” o faz? Ela respondeu no ato, dificilmente, mas acreditava que nada era impossível. Pensou em Aaron, em todos seus atributos que podiam fazer as mulheres se arrastarem por ele, mas pra ela aquilo era supérfluo, gostava de Aaron pelo que ele era por dentro, claro que seu exterior tinha seus atrativos, mas somente o via como amigo, nada mais. Lembrou do acercamento dos dois na festa da Televisa e se sentiu incomoda com aquilo, conseqüentemente acabou pensando em Camila e ficou com a dúvida na cabeça. Será que “ele” vai ligar pra ela? Até mesmo ela sabia que merecia o pior e se ele saísse com Camila não seria uma surpresa, já esperava, ele estava se sentindo ferido, magoado, muito magoado, isso seria compreensível. Chegou em casa com esses pensamentos na cabeça, estacionou o carro e foi diretamente para o seu quarto, não falou com ninguém. Dolores até tentou falar com ela e foi em vão, ela já havia subido. Dulce entrou no quarto, ligou a luz e sentou-se na beira da cama, olhou para cima e novamente ligou olhou o quadro na parede, levou as mãos à boca e começou a roer as unhas, coisa que fazia tempo que não fazia, havia esquecido essa sua mania, mas agora voltou com força total, para esquecer um pouco a mão, levantou-se e olhou suas fotos, havia inúmeras dos dois sozinhos, pegou a que tiraram no quarto do hotel em Las Vegas e passou a mão em cima, deixou de lado, sacudiu a cabeça, afugentou seus pensamentos e foi se despindo até o banheiro. Chris por sua vez, havia chegado em casa e não comeu nada, por mais que Milagros o obrigasse, tomou apenas um copo com leite e foi diretamente para o seu quarto, já estava deitado na cama, o quarto escuro, pronto para dormir, olhou no relógio e ainda era 7 e pouco da noite, não conseguia dormir, ficou pensando em Dulce, que agora ela estaria com Aaron, com o cara que ela estava apaixonada realmente, aquilo o perturbava, o feria, não conseguia aceitar aquilo, não conseguiria dormir com esse pensamento na cabeça, talvez nunca mais dormiria na sua vida. Então levantou, colocou um short decente, uma camisa e calçou os chinelos, pegou a chave do carro e desceu. Entrou no carro e na primeira farmácia que encontrou, parou, estacionou e desceu do carro. Só havia um trabalhador, um homem de idade avançada, coisa que favoreceu Chris, não estava com cabeça pra dar autógrafos, comprou umas coisas na farmácia e depois foi para a casa. Foi diretamente para a cozinha, pegou u copo com água e subiu para o seu quarto, Milagros o viu e baixou a cabeça dizendo.
Milagros: isso é um erro!
Depois voltou a cozinha. Chris trancou a porta do quarto, não queria que ninguém o perturbasse, sentou-se na beira da cama e pegou o comprimido, havia comprado além de alguns preservativos, alguns remédios, aspirina, antiefervescentes e uma cartela de um calmante poderosíssimo, um remédio de tarja preta, alguns vêem como entorpecente, mas como quase todo mundo tem o seu preço conseguiu comprar o remédio sem receita médica e o homem nem o conheceu, nem ao menos olhou pra ele, somente para o dinheiro que ele estava oferecendo. Chris pegou o comprimido e o copo com água, enfiou garganta a baixo o comprimido e bebeu um gole de água, respirou fundo, o sono iria chegar logo logo. Não poderia seguir assim, tinha que tirar Dulce do seu coração, mas seria difícil, muito difícil. Nunca na vida chegou a sentir por uma mulher um sentimento pelo menos perto do que sentia por ela, como é que pode, depois de tudo isso ele ainda segue amando-a do mesmo jeito, talvez até mais, lembrou-se do que fizeram no banheiro e rolou na cama, estavam juntos, muito juntos, ainda podia sentir àquela pele feminina debaixo de suas palmas, o toque suave das suas mãos, seus beijos reclamantes, ardentes, sua respiração intranqüila, seu corpo com ânsia do seu, depois tudo veio à baixo quando se lembrou do grito, aquele grito que o calou para sempre. Nem lembrou mais quando havia fechado os olhos, estava com o sono completamente ferrado, de tanto pensar o remédio fez efeito e acabou capotando. Anahí buzinou na frente da casa de Dulce, bem alto por sinal. Dulce ouviu e rapidamente desceu, levaria somente dinheiro, então o guardou no bolso da calça, disse pra Dolores que iria sair e que voltava cedo, então saiu correndo. Anahí estava com o som nas alturas e quando viu Dulce baixou um pouco e abriu a porta pra ela, Dulce entrou e se acomodou no assento.
Anahí: realmente vai simples mesmo!
Dulce: você também não tá com essas arrumações todas!
As duas sorriram e Anahí deu partida no seu carro, seguindo o rumo. No caminho.
Anahí: amix...até agora eu não consigo entender que deu em você hoje...
Dulce: o que houve?
Anahí: cara...quase nunca você erra uma letra...no ensaio de segunda...você acertou todas às vezes e o Cris que errou...o que deu em ti mulher?
Dulce: nem sei...eu não estou muito bem!
Anahí: TPM?
Dulce: sim...acho que chega amanhã!
Anahí: isso é um saco...mas como eu tomo anticoncepcional tou com o meu período regulado...nem cólicas eu sinto mais!
Dulce: pressinto que as cólicas vão me perturbar outra vez!
Anahí: ai amix...todo mês é assim...sempre te vejo mal por causa da desgraçada!
Dulce: tem uns meses que não a sinto!
Anahí: acho que você deveria ir a um ginecologista...
Dulce: eu também acho que devo!
Anahí: ai que nervoso! (batendo no volante)
Dulce: por que?
Anahí: vou ver meu bebê!
Dulce; você o vê todos os dias?
Anahí: é...mas desde segunda não nos vimos fora do expediente!
Dulce: está sentindo falta?
Anahí: sim...me acostumei com o abraço dele quando eu durmo...das nossas noites particulares...
Dulce não se conteve e reviveu algumas imagens, os dois fazendo amor, os dois se abraçando ao dormir, da respiração dele em sua nuca enquanto dormia, era muito ruim se conformar com o fim de uma coisa assim. Baixou a cabeça e recordou Chris, seu cheiro, seu gosto, seu corpo, seu abraço, seu amasso, seu tudo, era o homem que ela sempre quis, o homem que sempre idealizou, mas quando enfim o encontra, há muitos empecilhos que os afasta, muitas barreiras entre os dois. Anahí falava e ela não prestava atenção, estava como dura em seu canto.