Fanfic: Palavras, apenas palavras - AyA | Tema: RBD

Naquela altura, todo o meu plano de sedução já havia ido por água abaixo. Sabe quando toda a empolgação vai embora e só resta a tristeza e a certeza de que nada vai dar certo? Pois bem, era exatamente assim que eu me sentia.
Depois das palavras de Alfonso, virei-me, outra vez, de costas para ele. Dessa vez, não para fingir que dormia, mas para evitar que ele visse as lágrimas que se formaram no canto de meus olhos. Em silêncio, eu chorei. E por algum milagre, adormeci. Fui acordada por Alfonso, quando já íamos aterrissar.

Chegando ao hotel fomos cada um para um quarto, e depois de um `boa noite` sem graça, nada mais foi dito.

Na manhã seguinte acordei com batidas na porta de meu quarto. Uma voz conhecida me chamava, era Alfonso. Pulei imediatamente da cama, dei um jeito em meu rosto sonolento e abri a porta.

Alfonso: Bom dia – Disse com um sorriso que, sinceramente, abalou minhas estruturas.

Anahí: Bom dia. Não é meio cedo para estar de pé? – Ele olhou o relógio no pulso esquerdo.

Alfonso: Nove horas, Anahí. – Nove horas? O que? Eu pensei que ainda eram seis! Acho que acabei indo dormir muito tarde a noite passada. Sabem como é, a droga da imagem de Alfonso não saía da minha cabeça e tirava todo o meu sono – Se arrume, vamos tomar café. – E ele estava bem mais simpático que no dia anterior. Talvez o ar da Califórnia fizesse bem para ele, e talvez todo aquele plano de `final de semana inesquecível` ainda pudesse dar certo.

Anahí: Aonde vamos? – Perguntei quando percebi que não íamos para o restaurante, senão para fora do hotel.

Alfonso: Estamos em San Francisco, vou te levar para conhecer alguns lugares. Pier 39, já ouviu falar?

Anahí: Já sim – Sorri em resposta. E lá fomos nós.

Completamente diferente, Alfonso me tratava bem, e aquilo me fazia ver o quão bom seria se nós dois tivéssemos nos conhecido antes. Ele me completava, e observá-lo, agora, com os olhos fixos no horizonte enquanto tomávamos o nosso café da manhã, só me fazia perceber o quanto era lindo e o quanto eu precisava dele. Não que eu já não soubesse dessas coisas. Droga. O sol dava um tom todo especial aos seus olhos, parecia que os pequenos riscos amarelos na íris verde ficavam ainda mais vivos. Realmente, eu começava a duvidar seriamente que poderia ser feliz outra vez. Sem Poncho tudo parecia tão... Vazio. Era como se felicidade, para mim, fosse sinônimo de Alfonso. E que grande porcaria! Em vez de eu estar tentando seduzi-lo ou algo do gênero, porque lembrem-se que era essa a minha intenção, eu estava sendo invadida por uma terrível nostalgia e uma angustia torturante. Talvez Angelique tivesse razão quando disse que eu me machucaria ainda mais. No entanto, eu não me importava de me machucar se estivesse do lado dele. Masoquista, não? 

Anahí: Esse lugar é tão bonito que me faz esquecer que estou aqui a trabalho. – Disse, voltando o meu olhar, também, ao horizonte. 

Alfonso: Engraçado como existem lugares que parecem levar a gente para uma outra dimensão, né? – Comentou distraído, e eu assenti ainda que ele não estivesse olhando para mim.

Anahí: Você já veio pra cá quantas vezes? – Perguntei, dando um longo gole em meu suco.

Alfonso: Acho que umas cinco. Todas elas a trabalho. Mas sempre dou um jeitinho de me divertir também! – Olhei-o, e ele exibia um sorriso de canto, os olhos ainda vidrados na imensidão azul a sua frente.

Anahí: Ah é? E quais tipos de diversão temos aqui em San Francisco, senhor Herrera? – Ele me encarou, um pouco sem graça.

Alfonso: Muitos tipos. – Disse apenas, e eu sabia bem quais tipos de diversão ele costumava procurar. Alfonso, ou melhor, o antigo Alfonso era o típico garanhão. Noitadas, cervejas e mulheres. Era bem a cara dele `se divertir` durante as viagens de trabalho.

Anahí: Ah sim, vários tipos. Loiras, morenas, ruivas... – Comentei divertida. Ele virou o rosto para mim e ficou me olhando por um tempo. Depois deu uma risada. Uma risada gostosa, sincera.

Alfonso: É isso mesmo que você acha? – Perguntou ainda em meio ao riso rouco.

Anahí: Aham. Você é assim! – Acompanhei a sua risada.

Alfonso: Era. – Corrigiu-me – Eu era assim. – E o sorriso foi morrendo aos poucos, a expressão distante voltando a habitar o seu rosto.