Fanfic: Palavras, apenas palavras - AyA | Tema: RBD

– Senhorita Portilla? – Ouvi-o repetir no interfone. Meu Deus, eu não conseguia responder. Não era possível que ele estivesse ali. O que ele poderia querer comigo? – Posso deixá-lo subir?

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Anahí: P-pode. – Respondi hesitante. Na verdade eu nem sei porque o deixara subir. Tinha medo do que eu pudesse sentir quando o visse. Não queria constatar que ainda o amava, que ainda o que queria mais que tudo. Mas se ele fora até mim era porque tinha alguma coisa importante para falar, certo? Convencia-me disso para justificar a verdade inegável: eu queria vê-lo, eu sentia saudades, e aquilo era inaceitável! 

Por Deus, minha vida estava finalmente voltando ao normal e antes mesmo de revê-lo eu já sentia falta da tempestade que ele causava em mim e nos meus dias. Não é nada justo existir alguém que tenha tamanho poder sobre você! 
Ridiculamente, ele ainda me causava toda aquela ansiedade e aquele frio na barriga. 

Quando a campainha tocou, meu coração acelerou ainda mais, se é que era possível.

Anahí: Alfonso – Disse quando abri a porta – O que você quer aq... – Fui interrompida. 

Alfonso: Que porra é essa, Anahí? – Mostrou-me a foto minha que Ian tirara pela manhã. Eu fiquei muda, encarando-o. Alfonso arfava. As veias de seu pescoço estavam saltadas e era quase possível ver o sangue pulsando acelerado ali. – Só amigos? SÓ AMIGOS? – Repetiu quase gritando.

Eu demorei um tempo para assimilar direito o que estava acontecendo ali. Aquilo era tão... Inacreditável. Arregalei os olhos, perplexa. Ele estava me exigindo explicações? Era isso? Estava transtornado por eu ter conseguido seguir em frente? Quanto egoísmo! Que coisa mais mesquinha. Será que eu não tinha o miserável direito de tentar ser feliz? Ele não podia achar que era dono da minha vida. 

And I hate how much I love you boy
E eu odeio o quanto te amo, menino
I can`t stand how much I need you
Eu não suporto o quanto preciso de você

Respirei o mais fundo que pude, sentindo a raiva começando a correr como veneno em minhas veias, acabando com todo o torpor de segundos atrás. E não, eu não iria tentar me controlar. Se ele tinha ido até ali, agora ele teria que ouvir tudo o que estava entalado em minha garganta. Se era uma ceninha que ele queria, ele havia conseguido. 

Anahí: Quem você pensa que é para se meter na minha vida desse jeito? – Disse no mesmo tom que ele, quase aos berros.

Alfonso: Você e o meu irmão! Merda, estava na minha cara e eu me recusava a acreditar. – Passou as mãos no rosto, transtornado.

Anahí: Alfonso, como você é ridículo! Dane-se com quem eu estou ou não! Isso não é da sua conta! 

Alfonso: É o meu irmão, Anahí! Droga! Como você acha que eu me sinto?

Anahí: Pouco me importa como você se sente! EU – Enfatizei – me sinto bem! E você não vai estragar isso, Alfonso. Já chega! Não há mais lugar para você na minha vida! – E toda a raiva começava a dar lugar à dor. A dor que eu sentia toda vez que o destino fazia questão de me mostrar que eu ainda era tão fraca – Você faz ideia de como era a minha vida depois de você e antes do Ian? – Perguntei baixo. Minha voz começava a falhar – Eu chorava todas as malditas noites pensando em você! Eu sentia o ar sumir dos meus pulmões quando sonhava com você, ou quando algo me lembrava você! Ian me devolveu meus sorrisos espontâneos, minha vontade de acordar todos os dias. E você não vai me tirar isso.

Silêncio. Longos minutos de silêncio. Eu fitava o chão, e ouvia, pouco a pouco, a respiração de Alfonso se acalmar.

And you completely know the power that you have
E você sabe completamente o poder que você tem

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Alfonso: Então quer dizer que você já esqueceu? – Olhei-o, aquelas palavras e a mágoa que eu via em seu olhar rompiam-me a alma, deixavam-se ainda mais frágil. Mas chega um momento em que o menos doloroso é fugir da verdade. Dizem que uma mentira quando contada muitas vezes se torna verdade. Pois bem, eu repetia a mim mesma e a quem quisesse ouvir que já o havia esquecido, quem sabe isso se tornasse verdade algum dia.

Anahí: Já. Tudo. – Disse com o máximo de segurança que consegui. 

Alfonso ficou me olhando, e eu sentia o meu corpo inteiro tremer, tamanha a intensidade daquele olhar. Seus olhos perfuravam os meus, e eu tentava, a todo custo, fazer com que tudo o que eu acabara de dizer parecesse verdade.

And I hate how much I love you girl
E eu odeio o quanto te amo menina
But I just can`t let you go
Mas não posso deixar você ir
And I hate that I love you so
E eu odeio te amar tanto

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Alfonso: Será mesmo que já esqueceu? – Perguntou, se aproximando. Eu recuei, quase como por instinto, e ele continuou caminhando em minha direção. – Então porque ainda treme diante da minha presença? – Alcançou-me, tocando meus ombros expostos pela regata branca – Por que a sua boca ainda parece pedir por um beijo meu? – Meus músculos tensionaram, meu peito subia e descia apressado, tão rápida era minha respiração – Por que eu sinto que suas mãos querem me tocar? – Deslizou as mãos pelo meu braço, segurando minha mão e levando-a até o seu peito. Pude sentir o coração dele batendo apressado. E o meu? Bem, o meu já nem devia estar batendo mais. Como eu queria ser forte o suficiente para não sentir nada quando estivesse perto dele. Queria ser imune a ele, ao seu cheiro, e àqueles olhos tão intensos. Queria desprezá-lo, rejeitar àquela boca tão convidativa, e não ser volúvel a ponto de me perder no tempo apenas por sentir o seu toque – Anahí, você não esqueceu, eu não esqueci! – O rosto dele se aproximou, fazendo com que nossos narizes se tocassem. Fortes marteladas em meu peito mostraram-me que meu coração estava a ponto de explodir. Sem nem perceber, eu já havia fechado os olhos. 

Rendida, sentia nossas bocas a milímetros de distância. Lentamente, nossos lábios se roçaram, mas, Deus, eu não podia. Eu não deixaria que ele voltasse para a minha vida e estragasse tudo. Procurei forças onde não tinha, e espalmando as mãos em seu peito, eu o empurrei. Alfonso me olhou torturado, com lágrimas nos olhos e um nítido pedido de desculpas.

One of these days maybe your magic won`t affect me
Um dia desses talvez sua magia não me afete
And your kiss won`t make me weak
E seu beijo não me deixe fraco

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Anahí: Vá embora. Por favor. – Disse com o fiapo de voz que me restava. Sem dizer nada, ele assentiu e saiu por aquela porta. 

Só Deus sabe como eu fiquei depois que Alfonso saíra do meu apartamento.
O pouco de amor próprio e de sanidade que eu conseguira recuperar, a antiga Anahí, alegre e despreocupada, que eu conseguira trazer de volta, tudo havia ido embora.

Sentia-me estupidamente fraca, irritantemente abalada, e o pior de tudo, indiscutivelmente apaixonada. Eu odiava amá-lo. Odiava pensar nele e querê-lo. E odiava ainda mais que ele tivesse consciência do poder que tinha sobre mim. Eu podia berrar aos quatro ventos que ele não tinha o direito de se meter na minha vida, mas eu sabia que era só ele dar as caras que eu mesma tratava de inseri-lo em meus pensamentos diários. Que grande porcaria. Eu não sabia se sentia mais raiva pela prepotência dele em vir até a minha casa e exigir explicações que eu não precisava dar, ou porque eu, uma grandíssima idiota, ficara extremamente balançada com isso e por pouco, mas por muito pouco, não me jogara nos braços dele. 

Mas dessa vez, ao contrário de todas as outras, eu não chorei. Talvez todas as lágrimas tivessem secado. Eu tremia, sentia meu peito sendo esmagado, e um nó terrível trancava a minha garganta, mas meus olhos se negavam a derramar sequer uma lágrima. Estava cansada de me sentir assim, de sentir como se estivesse vivendo no pior dos filmes de drama. Aquela não era a vida que eu queria para mim. 

And I hate that I love you so
E eu odeio te amar tanto

Bom, e como era de se imaginar, naquela noite, eu não conseguira dormir.