Fanfic: Palavras, apenas palavras - AyA | Tema: RBD
Ele estava com o rosto vermelho, os olhos inchados, e tremia compulsivamente. Eu tentei dizer algo, mas não consegui a princípio. Não sei se pelo choque em vê-lo ali, ou pelo choque em vê-lo daquela forma. Ele estava me olhando, mudo.
Anahí: O que... – Tentei, minha voz parecia não querer sair. Okay, Anahí, respire. Pense. Por mais que o seu coração estúpido estivesse gritando por abraçá-lo até que aquele frio que ele parecia estar sentindo passasse, você não faria isso. Simplesmente porque ele arruinara a sua vida. – O que você está fazendo aqui? – Consegui terminar a frase. Sem gaguejar, sem titubear.
Alfonso: Me deixe entrar. – Pediu, rouco. Eu neguei.
Anahí: Volte para a sua casa, para a sua esposa, para o seu filho, para a sua vida, e me deixe em paz. – E então, em vez dele insistir, ele abaixou o rosto e chorou. Um choro pesado, sentido e desesperado. Arregalei os olhos, não sabendo o que fazer. Deus, o que estava acontecendo ali? – Poncho, o que aconteceu? – Perguntei, de certa forma, penalizada. Ele meneou a cabeça, afundando o rosto entre as mãos. Vê-lo chorar daquela forma me desarmava. Céus, eu queria que ele parasse com aquilo! – Poncho, meu Deus, o que foi? – Toquei seu ombro. Então, ele se adiantou e me abraçou apertado. Não consegui retribuir de imediato, estava meio que num estado de inércia e não sabia como agir. Aos poucos envolvi minhas mãos em sua cintura, e deixei que ele chorasse com o rosto afundado em meus cabelos.
Minutos se passaram e ele não parava. Seus soluços eram intensos e aquilo já começava a fazer um efeito maior do que eu gostaria em mim. Um nó começava a se formar em minha garganta, droga. Apesar de tudo, e apesar de não saber o motivo de tudo aquilo, eu não aguentava vê-lo daquele jeito.
Anahí: Poncho, se acalme. – Pedi, segurando o seu rosto para encará-lo.
Alfonso: Merda, Anahí! – Disse com a voz falha, para em seguida se afastar de mim e grudar a testa na parede gelada. Eu fiquei parada, olhando-o. Ele dava pequenos murros na parede enquanto as lágrimas continuavam descendo incessantes pelo seu rosto.
Anahí: Poncho – Puxei-o pelo braço, fazendo com que entrasse em meu apartamento – Você está me deixando desesperada. Pelo amor de Deus.
Alfonso: Me abraça, caralho! – Pediu atordoado. Sem nem pensar duas vezes, eu o abracei. Afundando a mão nos cabelos negros e repetindo que tudo ficaria bem, embora eu nem soubesse o motivo do seu desespero. – Eu sou um monstro, Anahí! – Disse em meio aos soluços que pareciam rasgar-lhe a garganta.
Anahí: Do que você está falando?
Alfonso: Eu contei, Any, eu contei tudo pra ela. – O que? Afastei-me dele, procurando assimilar aquilo que eu acabara de ouvir.
Pisquei repetidas vezes, tentando encontrar algum nexo para o que estava acontecendo. Ele contara. Mas por que contara agora? E por que chorava daquela maneira? Será que descobrira que realmente amava Zuria e estava destroçado por perdê-la? Eu não entendia. Eu não conseguia entender aquilo.
Alfonso: Não aguentava mais, tive que contar. – Disse, com pesar. Ele estava lamentando, estava arrependido, podia ver em seus olhos, na expressão torturada e nas lágrimas que não paravam de cair.
Anahí: Você não devia ter...
Alfonso: Eu sei. – Cortou-me, sentando no sofá e enterrando o rosto nas mãos. Droga. Ele estava mesmo arrependido – Eu sou um merda! – Ah meu Deus, eu não podia suportar aquilo. Ele estava lamentando a perda do amor da mulher dele justamente para mim? Aquilo era demais.
Anahí: Você a ama, Alfonso, volte pra ela e peça desc... – Fui interrompida outra vez.
Alfonso: Não é isso! Que merda! – E se as lágrimas dele tinham diminuído um pouco, elas voltaram ainda com mais força – Nós discutimos... – Balançava a cabeça, torturado – Ela... Ela não podia se estressar daquele jeito, Anahí. Não podia! – Repetiu enfático – O bebê... O meu filho, Anahí! Que merda. – Ele falava coisas desconexas, e eu estava cada vez mais confusa – Ela perdeu o bebê. – Soltou num fiapo de voz. Levei as mãos à boca, meio apavorada, desesperada – E a culpa é minha!
Anahí: Ah meu Deus, Poncho. – Sentei-me ao seu lado, puxando-o para meus braços. Céus, eu queria protegê-lo, arrancar a dor que ele estava sentindo, fazer com que tudo ficasse bem. – A culpa não foi sua. – Apertava-o em meu abraço – Não foi.
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Nada no mundo podia ser comparada a dor de perder um filho. Ainda mais quando fora você o culpado por tudo aquilo. Só Deus sabia o quanto eu lamentava. Era sufocante, me arrisco a dizer que era a pior coisa do mundo.
What have I done
O que foi que eu fiz?
Wish I could run
Desejaria fugir
Away from this ship going under
Para longe desse navio afundando
As palavras hostis que Zuria me dissera, a maneira com que me acusara, as verdades jogadas em minha cara, os gritos dela quando passara mal durante o banho, os olhos torturados e cheios de lágrimas e o sangue escorrendo pelo azulejo do banheiro. Tudo passava como um filme em câmera lenta pela minha cabeça. E aquilo doía, doía muito, era quase insuportável.
Anahí: Poncho, não se culpe. Foi uma fatalidade. – Repetia acalentando-me em seus braços.
Alfonso: Eu causei tudo isso, Any. – Lamentei em prantos.
Anahí: Não fala isso! – Segurou meu rosto, contornando-me o semblante – Foi uma fatalidade, Poncho! – Repetiu.
Alfonso: Não foi. Se eu não tivesse contado nada disso teria acontecido.
Just trying to help, hurt everyone else
Apenas tentando ajudar, machuco todo mundo
Now I feel the weight of the world is on my shoulders
Agora eu sinto que o peso do mundo está nos meus ombros
Anahí: Hey, pra que tentar aumentar a dor que você já está sentindo? Poncho, perder um filho já é doloroso o suficiente, você não precisa se culpar e tornar esse momento ainda pior. – Mirei-a, seus olhos estavam molhados. Anahí também chorava. – Eu sei que é difícil... Quer dizer, eu imagino, mas não tente se punir. Você não precisa disso.
Alfonso: Any, eu não sei... Eu não devia ter feito isso. Droga! Drog...
Anahí: Shhh... – Pousou os dedos em meus lábios – Por favor, entenda que carregar essa culpa só vai te ferir ainda mais. O tempo não volta, Poncho. – Disse, terna, secando meu rosto com a ponta dos dedos – Sabe, chore o que tiver para chorar, sofra o que tiver para sofrer, mas não procure ainda mais motivos para aumentar essa dor.
Alfonso: Eu não sei o que fazer. – Confessei derrotado, acabado.
What can you do
O que você pode fazer
When your good isn`t good enough
Quando o seu melhor não é bom o suficiente
And all that you touch tumbles down
E tudo que você toca desmorona
.
Anahí: Não há o que fazer agora. Só o tempo pode acalmar o que você está sentindo aqui. – Tocou-me o peito – Enquanto isso você vai precisar ser forte, vai precisar dar a Zuria a força que ela precisa.
Alfonso: Eu não consigo mais ser forte, Any, não agora.
Anahí: Você não precisa ser forte agora. Não comigo. – Inclinou o corpo, me abraçando – Mas, quando estiver ao lado dela, você vai precisar ser. Porque ela precisa de você.
Alfonso: Eu só queria acordar desse pesadelo. – Recostei o rosto nos ombros dela, ainda chorando.
Anahí: Vai passar, Poncho, isso vai passar.
I just wanna fix it somehow
Eu apenas quero corrigir isto de alguma forma
But how many times will it take, oh how many times will it take
Mas quantas vezes serão necessárias, oh quantas vezes serão necessárias
For me to get it right
Para eu acertar
Alfonso: Devia ter sido eu e não ele. Era um bebê inocente, Any. Um menininho. Ia se chamar Pedro. – A senti soltar um suspiro pesado. Olhando-a, vi que seu rosto estava cada vez mais molhado.
Anahí: Ele é um anjo, Poncho. Um pequeno anjo que vai olhar por você. Sempre. – Assenti, fechando os olhos.
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Ficamos abraçados por um tempo, eu tentava acalmá-lo, procurando conter as lágrimas que insistiam em cair de meus olhos. Eu, mais do que tudo, deveria ser forte. Devia passar para ele a força que ele não tinha. A vida havia sido cruel. Ele não merecia aquilo. Can I start again with my faith shaken? . Anahí: Você não precisa agradecer. – Segurei suas mãos – Obrigada por confiar em mim e vir até aqui. – Ele levou minhas mãos até a boca, depositando ali um demorado beijo. So I throw up my fist . Alfonso: Você é um anjo na minha vida, Any. – Tocou meu rosto. Fechei os olhos, e senti a boca dele tocar sutilmente a minha bochecha – Obrigado por tudo. E mais que isso, me desculpe por tudo. Desculpe por toda a merda que eu causei na sua vida. What can you do Oh how many times will it take
Alfonso: Ela está no hospital agora, sedada. – Disse baixo, com o rosto já seco – Quando deram a notícia a ela, ela surtou. Tiveram que fazê-la dormir. – Contava com pesar, os olhos perdidos em algum ponto da sala. Toquei sua maxilar, trazendo sua atenção a mim.
Anahí: Ela vai precisar de você quando acordar.
Alfonso: Ela está me odiando agora. – Negou. Sua pálpebra tremulava. Ele estava prestes a chorar outra vez.
Anahí: Poncho, só vocês dois sabem a intensidade do que estão sentindo agora. Ela está fraca, precisa de você, e por mais que ela esteja com raiva, é só com você que ela vai poder compartilhar esse momento.
Posso começar novamente com minha fé abalada?
Cause I can`t go back and undo this
Porque eu não posso voltar atrás e desfazer isso
Alfonso: Eu estou com medo. – Confessou.
Anahí: Eu entendo. – Disse, para depois dar um beijo longo em sua testa – Mas vai passar. – Ele assentiu, ainda que eu pudesse ver a incerteza em seus olhos. – Você pode ficar aqui o tempo que quiser.
Alfonso: Obrigado. E me desculpe por vir assim. Mas eu achei que... Quer dizer, eu só pensei em um lugar para vir depois de tudo o que aconteceu. Eu sei que nós não temos mais nada, mas eu sabia que só você poderia me ajudar numa hora dessas, Anahí. Você me dá a paz que eu preciso. De verdade, obrigado. – Cerrei os lábios, respirei fundo, querendo chorar outra vez. Deus, eu tinha que me controlar.
Alfonso: Não sei como vou encará-la agora. Não sei o que vou dizer quando ela acordar.
Anahí: Apenas esteja ao lado dela, isso já é o suficiente. – Silêncio – Vou fazer uma caneca de chocolate quente para você. Está frio.
Então, eu levanto o meu punho
Throw a punch in the air and
Dou um soco no ar e
Accept the truth that sometimes life isn`t fair
Aceito a verdade, que às vezes a vida não é justa
Alfonso: Não precisa, Any. Eu tenho que voltar para o hospital.
Anahí: Eu levo você.
Alfonso: Eu estou de carro, não quero te incomodar.
Anahí: Não é incômodo. Não quero que você dirija nesse estado. – Tentei um sorriso – Vou trocar de roupa, já volto.
Em vinte minutos estávamos no hospital. Eu entrei na recepção junto com Alfonso, esperei ao lado dele até que o médico dissesse que ele podia entrar no quarto. O acompanhei até o corredor, tentando encorajá-lo.
Anahí: Eu fico por aqui. – Disse a alguns passos da porta. Zuria ainda não havia acordado, mas já não havia motivos para eu estar ali. Aquele era um momento dos dois, e certamente se ela soubesse da minha presença naquele lugar as coisas piorariam drasticamente.
Anahí: Não é hora de pensar nisso. – Alcancei sua mão – Promete que vai ficar bem? – Recebi uma careta desanimada como resposta – Prometa! – Apertei sua mão.
Alfonso: Vou tentar. Vem cá. – Puxou-me, dando-me um rápido abraço. E algo dentro de mim me dizia que aquele seria o último.
O que você pode fazer
When your good isn`t good enough
Quando o seu melhor não é bom o suficiente
And all that you touch tumbles down
E tudo que você toca desmorona
Sorri-lhe fracamente, e o vi entrando no quarto. Encostei-me na parede, sentindo minhas pernas bambas e meu coração apertado.
Alfonso: Hey, você acordou. – Ouvi-o dizer.
Zuria: Poncho... Me desculpa! – Pediu, com a voz rouca, cansada – Esqueça tudo o que eu disse e, por favor, não me deixa. Não me deixa agora! Eu não iria aguentar. – Levei as mãos à boca, contendo um soluço. As gotas quentes já inundavam-me a face. E eu não ficara para continuar ouvindo aquilo. Era masoquista, mas nem tanto.
E sabe o pior? Eu sabia que era do lado dela que ele deveria ficar agora. Sempre fora. Eu era a intrusa, a outra.
Naquele momento eu decidira que precisava desesperadamente dar um rumo à minha vida. Eu estava tão destroçada por dentro que já não suportava mais. Eu precisava mudar, precisava esquecer, precisava me reerguer. Ali, a minha história com Alfonso tinha, definitivamente, acabado. E eu entendera isso. Eu iria embora. Para longe.
Eu iria recomeçar do zero.
Oh quantas vezes serão necessárias
For me to get it right
Para eu acertar
Autor(a): rosuemi
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Aquele final de ano fora o pior da minha vida. A perda do meu filho, o sumiço de Anahí, um casamento fracassado... Eu e Zuria até tentamos ficar juntos, mas, além da mágoa, o amor, que da minha parte já não existia há tempos, também fora morrendo dentro dela. Não durou um ano e nos separamos de vez ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 672
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Angel_rebelde Postado em 16/05/2015 - 19:33:16
Leitooraa ex fantamasma ! kkkkkkkkk. Simplesmente AMEI sua fic. PERFEITA do começo ao fim. Tudo que eles passaram, Poncho fazendo besteira mas tentando consertar, Anny td confusa tentando encontrar em outro o q só o Poncho tem. Foi sofrido ele ter perdido o filho depois da discussão com a Zuria =(( Finalmenteee puderam viver o amor deles de forma plena e sem receios. Quasee choro com a carta LINDA q Poncho escreveu pra ela e o Ian entregou no dia q ela ia casar com outro. Foooi lindooo eles no hospital depois do acidente do Poncho, tadinho !! kkkkkkkkkk. Parabéééns mesmo pela história. Perfeitaaaaaaa.
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rosuemi Postado em 03/07/2014 - 11:33:04
franmarmentini: Nossa! Muito obrigada! *-*
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franmarmentini Postado em 14/03/2014 - 14:22:35
AMEI ESSA FIC* FIQUEI MUITO FELIZ POR LELA...CHORREI MUITOOOOOOOOOO KKKKKKKKKKK PARABÉNS...GOSTARIA QUE VC FIZESSE MAIS FICS ASSIM BJUS
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franmarmentini Postado em 06/03/2014 - 15:57:31
olá vou começar a ler...
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isajuje Postado em 22/03/2013 - 00:28:48
Saudades dessa fic :/' por que não continua? Ç.Ç'
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rosuemi Postado em 18/12/2012 - 14:24:32
:)
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rosuemi Postado em 18/12/2012 - 14:18:10
isajuje: Poxa, quem sabe um dia. Haha
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rosuemi Postado em 18/12/2012 - 14:17:34
camillatutty: Owwwwwm, muito obrigada. Que bom que gostou. :)
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rosuemi Postado em 18/12/2012 - 14:16:25
Nova fic, meninas. http://www.fanfics.com.br/?q=fanfic&id=20905
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isajuje Postado em 12/12/2012 - 12:24:31
Tô triste, acabou :/' KKK' espero que tenha continuação...