Fanfic: Etéreo [Vondy] - Terminada

OBS: Leiam escutando: Por Enquanto - Cássia Eller

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Enquanto fitava atentamente a porta do quarto, Dulce era capaz de escutar leves murmúrios que saim da televisão e ultrapassavam a fina madeira da porta.
Tentava encontrar a coragem que havia ficado em casa.
Quando falara com Alexandra ao telefone, viu-se armada de coragem, mas, agora que estava ali, sentia-se fraca. Não sabia como reagiria ao vê-lo.
Faziam quase duas semanas que eles não se falavam e Dulce não tinha ideia de como o encontraria. Na primeira vez que o câncer o alcançou, Christopher ficou péssimo e Dulce acompanhou de perto todo o sofrimento pelo qual ele passara. Dessa vez, tinha medo, pois em seu íntimo, sabia que seria ainda pior, já que não havia mais esperanças.
Alexandra lhe explicara que os órgãos dele já não aguentariam o tratamento e, por isso, não sabiam ao certo quanto tempo aquela doença levaria para terminar precocemente com a vida de Christopher.
― Não vai entrar?
Aquela pergunta a tirou de seus pensamento e Dulce olhou para o lado, vendo uma enfermeira a fitando com atenção.
― Eu... ― ela conseguiu murmurar, mas logo se calou, sem saber ao certo o que dizer.
― Sei como é. ― a enfermeira disse, se compadecendo dela. ― Lido com isso todos os dias, por anos. Não é fácil ver alguém nessa condição. Mas, acredite, é ainda pior para o paciente. Não só pela doença em si, mas por saber que, mesmo sem intenção e não podendo fazer nada para mudar o destino, faz alguém sofrer com isso.
― Eu sei. Eu só... ― suspirou. ― Estava buscando coragem e me fortalecer. Não quero que ele se abale, vendo que eu também estou assim. Quero dar forças à ele e, sei que se ele perceber meu estado, será o contrário: ele fará de tudo para me confortar e pode acabar prejudicando ainda mais sua saúde.

A enfermeira sorriu, como se estivesse satisfeita com a resposta de Dulce.
― É louvável isso o que faz. Muitos deixam os pacientes sozinhos, como se não fossem mais do que cargas pesadas demais para carregarem em seus ombros. É seu marido?
― Não... Nosso casamento foi adiado e... ― ela se calou, ao se dar conta, só naquele instante, do impacto de tais palavras. ― Nunca... ― não conseguiu terminar a frase.
Sentia seus olhos lacrimejarem e seu coração bombear lentamente, como se estivesse parando de funcionar.
Nunca teria a chance de se casar com quem tanto amava. Nunca poderia dizer à ele um “sim, aceito”. Nunca poderia dizer à ninguém, que era a Senhora Christopher Uckermann e, que nunca teria um filho com ele. Nunca carregaria um fruto do amor deles...
Deus!, como sua vida seria tola e insignificante a partir de agora. Sua vida sem Christopher seria resumida drasticamente a zero.
― Sinto muito. ― a enfermeira disse. ― É uma pena acabar assim... Bem, tenho que ir. ― deu um sorriso encorajador para Dulce. ― Se arme com toda a coragem que conseguir e vá vê-lo.
No segundo seguinte, Dulce viu-se sozinha, ainda fitando a porta pintada de um tom creme.
Como ter coragem para aceitar o obstáculo que a vida lhe colocava no meio do caminho? Precisava ter se apaixonado?
Dulce conhecia bem a resposta.
Por mais difícil que tenha sido sua vida com Christopher, nunca, de forma alguma, chegou a se arrepender de tê-lo amado, de ainda amá-lo com devoção.
Foi nesse amor, que Dulce encontrou a coragem que tanto precisava e, abriu a porta do quarto, pronta para encarar o que fosse. Pronta, para ele!
Pronta para o seu único amor.