Fanfic: The Race - Parceria Paty Black | Tema: Crespúsculo

Pov Jake

Eu estava gostando da escuridão. Ela era aconchegante. Aqui eu não conseguia sentir o meu coração gritando de dor pelo meu amor, por Nessie. Essa escuridão parecia a cada momento querer me consumir ainda mais. E ela era muito bem vinda, pois me trazia um alivio. Um torpor. Só que ao mesmo tempo em que eu me deixava ser levado eu escutava uma voz no interior da minha mente que se repetia como mantra. Vem comigo, deixa-me tomar conta do seu ser, prometo acabar com todo o seu sofrimento.

Mas existia uma coisa a qual eu não conseguia descrever que me forçava a permanecer no mesmo lugar que não deixava a escuridão me tomar totalmente. Então abrir os meus olhos e senti que tinha algo na minha garganta impedindo que eu respirasse. Em desespero levei as mãos e senti um cano que estava atrapalhando a minha possível tentativa de respirar. Puxei-o sem ao menos saber se ele me faria falta ou não. Com alegria reparei que agora eu não me sentia mais sufocado, eu já conseguia respirar.

 

– Jake. – Escutar aquela voz me chamando fez com que todo o meu corpo ficasse congelado.

 

Permaneci encarando o teto branco naquele quarto frio em que eu me encontrava. Recusei-me a respondê-la, falar com ela me fazia mal. Fazia a dor da solidão assolar o meu peito novamente.

 

– Jake. – Ela voltou a me chamar. – Você está me escutando? – Sabe que já ficou comprovado cientificamente que devemos conversar com pessoas que se encontram em seu estado não é? – Mesmo não entendendo sobre o que ela estava falando eu permaneci sem responder. – Amor. – Aquela palavra saindo da boca dela fez com que as lágrimas aparecessem em meus olhos. – Sabe... Esses dias eu estava me lembrando do dia em que você levou eu e a Lee ao baile só porque nós não tínhamos acompanhantes. Você se lembra desse dia Jake? – Senti as suas mãos acariciando o meu cabelo e fechei os olhos com o contato, era muito bom. – Lembra amor?

 

– Lembro. – Resolvi responder, mas ela não esboçou reação.

 

– Eu lembro que eu estava muito nervosa naquele dia. Porque a Lee tinha me feito prometer que eu falaria que era apaixonada por você. – Ela sorriu e bufou ao mesmo tempo – Imagina? Até parece que você olharia para mim com a Michelly ao seu lado.

 

– Eu fui um burro em não ter olhado pra você Nessie. – Respondi e fiquei esperando uma resposta dela, mas não veio.

 

– Você estava tão lindo naquele terno, e foi tão legal e emocionante entrar no salão do baile com você ao meu lado. Eu me senti tão amada por você naquele momento.

 

– Mais você era amada Nessie. Sempre foi. Só que eu entendi tarde demais. – Levantei um pouco o corpo, pois eu queria ver os seus olhos e me assustei quando percebi que eu levantei, mas o meu corpo não.

 

Levei as mãos no ar e consegui enxergar as minhas mãos, mas não eram as minhas mãos de verdade. Virei para encarar o meu corpo deitado na cama e senti as coisas ao meu redor ficarem um pouco pretas e um enjoo apossou do meu estômago. O meu corpo estava completamente imóvel em cima do leito do hospital. Eu já tinha chegado à conclusão que eu estava em um hospital, porque tinha máquinas e mais máquinas ao meu redor, ligadas ao meu corpo. O tubo que eu achei que havia tirado ainda estava em mim. Um lado do meu rosto não era mais o meu rosto. Eu tinha marcas roxas, arranhões e inchaços por quase todo o meu corpo.

Voltei a minha atenção para a Nessie e meu coração ficou partido ao ver que ela estava com os olhos vermelhos, inchados e com profundas olheiras. Ela estava com a cabeça deitada em cima da minha mão e dos seus olhos caiam lágrimas e mais lágrimas. Ela estava sofrendo.

Levei a mão em seu cabelo em uma tentativa de carinho. Ela não esboçou nenhuma reação. Ela não podia sentir. Não podia saber que eu estava ali.

 

– Merda! – Praguejei por vê-la naquela situação.

 

– Jake eu queria tanto que o meu primeiro beijo tivesse sido com você naquele baile. – ela continuou após se recompor do surto de choro que teve – Eu meio que havia planejado para que isso acontecesse, mas no final você acabou saindo com a Michelly e aí eu acabei dando o meu primeiro beijo no Paul. Você lembra-se do Paul Jake?

 

– No meu inimigo Nessie? Sério mesmo? Você deu seu primeiro beijo no meu inimigo? – Eu já havia me tocado que ela não estava me escutando, mas eu resolvi responder, e a risada que ela soltou parecia que ela havia escutado a minha pergunta.

 

– Eu não me importo. – O tom de alegria que estava na voz dela havia sumido. – Sabe amor, eu realmente não me importo que você fique com a Jane. A única coisa que eu quero e preciso que você viva. Que volte para mim. Só quero poder ver o seu sorriso de novo, olhar em seus olhos, ouvi a sua voz. Eu só preciso de você vivo Jake, porque eu te amo, sempre amei e sei que sempre vou amar. Porque eu não posso viver em um mundo no qual você não exista, mesmo que você não fique comigo. Eu preciso de você vivo e feliz. – Ela passou a mão em minha face fazendo-me carinho e reparei que uma lágrima caia dos meus olhos. O meu corpo estava sentindo os seus toques. Ela secou a lágrima com os lábios. – Me perdoa? – Ela pediu deitando-se ao meu lado na cama. – É culpa minha tudo isso que está acontecendo com você. Eu preciso que você me perdoe por ter saído daquele jeito, mas eu não sabia o que esperar daquela relação, estava tudo tão bagunçado na minha mente, Jane grávida, o casamento de vocês próximo, eu havia ficado noiva do Alec que é um cara que é maravilhoso para mim, que me ajudou quando você havia me deixado. Eu não podia simplesmente virar as costas para ele. Mas eu também não deveria ter saído daquele jeito, deveria ter ficado e conversado direito com você.

 

– Sou eu quem tem que lhe pedir perdão por todo o sofrimento que eu lhe causei meu amor. – Voltei a passar a mão em seus cabelos. – Você sempre esteve ao meu lado e eu como um cego nunca percebi o meu verdadeiro amor por você. É como dizem... Temos que perder aquilo que sempre esteve ao nosso alcance para podermos dar o merecido valor. – Levei a mão e tentei secar a lágrimas que caiam de seus olhos, mas nada aconteceu.

 

– Jake. – Ela tornou a me chamar, mas dessa vez ela estava com um sorriso e canto de boca. – Lembra-se das tardes que eu, você e a Lee passávamos na praia de La Push?

 

– Lembro-me de cada dia como se fosse hoje Nessie. – Um sorriso passou em meus lábios. – Passávamos momentos realmente legais na praia os três juntos.

– E de quando você foi defender eu e a Lee da turma do Sam?

 

– Aquele dia que apanhei feio, mas também eu peguei um por um depois. E se eu tivesse ficado sabendo do beijo que você deu no Paul, acho que eu teria quebrado ainda mais a cara dele.

– E quando coloquei aparelho e todos ficaram me zoando e você colocou um também só para ficar igual a mim.

 

– Porra, nem me fala. Eu nem precisava daquilo na boca minha mãe ficou louca comigo.– Dessa vez não segurei a risada e rir com vontade. – Ela também estava rindo.

– Tia Sarah quis te matar. – Ela balançava a cabeça negativamente. – Lembrei-me de uma coisa que você fez que eu chorei muito.

 

– O que? – Franzi o cenho com um pouco de medo.

 

– Você desmontou a minha bicicleta. Você lembra? Eu tinha acabado ganhar, eu chorei muito.

 

– De boba que é, porque eu a montei toda de novo. Deixei até melhor do que já era.

– E quando a Lee estava afim do Embry e eu arrumei o encontro deles?

 

– Lembro cara! Nem acreditei quando você me pediu ajuda. Eu levei o Embry e você a Lee sem eles saberem.

– Aquele dia eu ia me declarar para você, ou melhor, tentaria novamente. – Ela fez um biquinho triste dessa vez.

 

– Mas eu muito burro estraguei novamente! – Eu estava com raiva de mim, por ter sido tão cego.

 

– Aí você vai, e fica com a Jessica bem na minha frente. – Eu acabei segurando vela para você e para a Lee.

 

– Mais não segurou por muito tempo, pois logo chegou o Mike e você ficou com ele, pensa que eu não lembro?

– E aquelas nossas férias que fomos esquiar? Lee já estava com Embry, e faziam um casal apaixonado muito bonito.

 

– Lembro sim. Como eu poderia esquecer, estava muito frio. Quase morri congelado.

– Eu novamente criei coragem e ia falar com você.

 

– Jumento como eu sou, conseguir estragar tudo de novo não foi?

– E você mais uma vez ficou com outra. Como era mesmo o nome dela?

 

– Sei lá, acho que era Natasha.

– Natália. Lembrei Jake. O nome da zinha era Natália.

 

– Vixi errei. – Falei sorrindo.

– E quando você foi trabalhar na Ducati?

 

– Nossa este dia foi um dos melhores da minha vida. Eu tinha orgulho de trabalhar na Ducati, aquilo era a minha vida.

– A gente saiu para aquela boate nova, e eu estava dançando com você e eu achei que aquele dia daria certo e finalmente ficaríamos juntos.

 

– Mas como sempre. Eu o burro, o jumento estraguei tudo novamente.

– Você me deixou para ir atrás da Tânia.

 

– Você deveria ter ido trás de mim e dado uns tapas na minha cara.

– Fui embora, e decidi que a partir daquele dia eu não viveria esperando por você.

 

– Foi depois desse dia que você começou a sair com uns carinhas aí. Um mais estranho que outro.

– Doce engano. – Ela sorriu. – Pois era só você me chamar que eu largaria tudo e correria para os seus braços.

– Perdoe-me meu amor, por fazer você sofrer tanto, nunca foi a minha intenção.

– Mas o que eu mais lembro em todo momento, foi o dia que finalmente me tornei sua.

 

– E eu estraguei o seu momento dizendo aquelas besteiras, lhe magoando.

– Quando acordamos, eu estava muito feliz, pois tinha realizado o meu sonho, eu era sua, eu havia me entregado ao meu amor. Mas com poucas palavras, você tirou toda a alegria que eu sentia no momento.

 

– Se você soubesse o quanto eu me arrependo por ter lhe dito todas aquelas coisas. Sei que isso não justifica, mas eu estava morrendo de medo do que eu estava sentindo.

– Jake, quero que você saiba que eu nunca fui feliz como da segunda vez que fizemos amor, aquele dia que nos amamos de verdade. Quando eu me lembro do nosso momento juntos o meu corpo protesta em saudade, foi tão lindo, tão perfeito... Você consegue me incendiar com apenas um beijo. Nem o Alec que é tão carinhoso comigo me deixa daquele jeito que você me deixou

 

– Ah mais estava tão bom para ser verdade. Tinha que falar no corno não é? – Ela inclinou um o rosto e direção do meu.

 

– Sinto tanta a sua falta. – Observei-a levando os lábios de encontro aos meus. Eu queria tanto poder senti aquele gosto de novo, aquele beijo.

 

Fechei os meus olhos e levei os dedos em meus lábios em uma tentativa de sentir algo, mas não fui feliz, como em tudo que havíamos feito naquela tarde, nada deu certo.

– Licença. – Uma voz a qual eu reconheci muito bem falou da porta do quarto. – Posso entrar? – Minha mãe estava parada com um olhar triste.

 

Desci da cama o mais rápido que conseguir a abracei, mesmo sabendo que ela não sentira.

 

– Mãe. – Falei segurando o seu rosto.

 

– Nessie meu amorzinho, você já está aqui faz uma hora.

 

– Nossa já faz tudo isso. – Ela disse meio espantada. – Eu tenho que ligar para o Alec. – Ela disse ficando de pé.

 

– Deixa aquele corno para lá amor. – Parei em sua frente acariciando o seu rosto.

 

– Você precisa é comer Nessie. Edward disse que você não come há dois dias.

 

– Dois dias? – Falei incrédulo. – O que é isso quer morrer também?

– Não é tudo isso tia. – Ela disse meio sem graça. – Vou deixá-la paparicar o seu filhote um pouco. – Ela beijou o rosto da minha mãe.

 

– Adeus amor. – Sussurrei quando ela saiu do quarto.

 

– Então dona Sarah. – Falei colocando os braços no ombro da minha mãe enquanto ela ia até a minha cama. – De um a dez o quanto eu estou fodido?

– Oh meu filho. – Ela começou a chorar na beira da cama e o meu sorriso sumiu. – Jake filho volta para a mamãe, está sendo difícil demais.

 

– Não chora mãe. Desculpa mesmo, não era minha intenção.

– Olha só como você está todo estropiado meu filho.

 

– Não doeu nada mãe. Olha, estou até dançando Moonwalker do Michael Jackson. – Em uma tentativa mais do que frustrada em fazer a minha mãe sorri eu dancei.

 

– Quantas vezes eu te disse para você não andar naquilo menino, mas você não me escutava.

 

– Escutar eu escutava mãe, mas o que eu vou fazer se aquilo é a minha vida.

– Por que você não deixou o outro piloto passar hein Jacob Black?

 

– Vixi... Nome todo! Estou realmente encrencado.

– Embry disse que falou para você deixá-lo passar meu filho, por que você não o escutou?

 

– Achei que fosse o certo a fazer, mas percebi que não. Olhei de novo para o meu corpo.

– Falando em Embry eu vou deixa-lo entrar, já que ele foi o único que ainda não passou um tempo com você. – Volta logo está bem? – Ela depositou um beijo na minha testa.

 

– Eu te amo mãe. Segurei em sua mão quando ela passou ao meu lado.

Logo que a minha mãe saiu, a porta voltou a abrir novamente. Dessa vez eu sabia que era o Embry, apesar do cara que entrava na porta não está se parecendo nem um pouco com o meu amigo.

 

– Jake mano, você não acha que já descansou demais não? – A sua voz estava cansada e como a Nessie e a minha mãe ele estava com cara de cansado.

 

– Embry mano, você está com cara de defunto, está pior do que eu.

– Jake, está na hora de acordar e correr atrás do amor da sua vida cara.

 

–Você acha que eu não quero fazer isso? É o que eu mais quero.

– E falando nela, está a cada dia mais gostosa. – Ele disse rindo ainda me deu um tapa no ombro.

 

– Vou te descer a porrada em você seu veado. – Falei como se ele pudesse realmente sentir o meu soco.

– Vixi... Que a Lee não me escute falando isso. – O sorriso zombeteiro estava de volto. – Senti-me até bem por isso.

 

– Que a Lee escute você falando isso sim, só assim você para de cobiçar a mulher dos outros.

– Jake, falando sério agora cara. Eu preciso de você, você sabe que você é o meu irmão que eu não tive e que sem você Embry e Jake não são Embry e Jake, é somente Embry? – Ele pareceu se assustar com aquilo e eu tive que rir.

 

– Muito interessante essa sua teoria meu amigo. Mas eu também te amo, e farei de tudo para voltar, eu prometo.

– Vou nessa amigo. – Ele apertou o meu ombro e seguiu para porta.

 

– Cuida delas para mim. – Pedi antes que ele saísse.

 

O que foi que você foi fazer Black? Olha como estão todos a sua volta? – Nessie está sofrendo, minha mãe está sofrendo, Embry está um trapo.

 

– O que foi que você fez meu filho? – Meu pai havia entrado agora. – Era interessante ver que ninguém me deixava sozinho um minuto.

 

– E aí coroa. – Cumprimentei-o.

 

– Você sairá dessa meu filho. – Ele passou as mãos em meu cabelo. – Você é um Black, e nós Black somos fortes.

 

– É pai, nós somos foda. – Éramos mesmo.

– Você tem que reagir pela a sua mãe, seu filho, sua mulher.

 

– Oxi... Minha mulher? Que mulher? – Já me casei e nem sei. Assustei-me com isso.

– Falando em mulher, onde foi que você arrumou aquela? Pelo amor de Deus. Que mulherzinha insuportável meu filho? Por acaso a encontrou em algum viveiro de cascavel na Itália?

 

– Ah pai se arrependimento matasse, eu estava morto. Apesar de que já estou quase.

– Você deveria está é com a Renesmee. Ela sim é mulher para você. – Ele afirmou com um sorriso no rosto. – Ela é meiga, dócil, amorosa, sem contar que está cuidando muito bem de você. Não saí um minuto do seu pé, e está fazendo de tudo pra você ficar bem. Ela auxilia até nas tarefas das enfermeiras... Pra você ter ideia até os banhos é ela quem lhe dá. De duas em duas horas ela muda a sua posição na maca para que você não crie escaras. Ela está vivendo aqui no hospital com você.

– É pai, se o senhor soubesse o quanto eu fui burro e cego por não ter enxergado isso antes. Teríamos evitado isso tudo.

– Fico pensando se você dois não se amam. – Aliás, ela eu tenho certeza que te ama. E muito. E você meu filho a ama?

 

– E muito pai, mas nada na vida não é tão fácil não é mesmo?

– Tio. – Lee estava com a cabeça para dentro do quarto. – Tia Sarah está chamando o senhor para comer algo.

 

– Quem vai ficar com ele? – Meu pai apontou em minha direção.

 

– Eu fico. – Lee entrou com um sorriso fraco. – Ainda não tive tempo de puxar a orelha dele. – Meu pai e ela riram com um pouco mais de força agora.

– Volto daqui a pouco.

 

– Está bem. – Lee respondeu a ele. – Jake que a tia Sarah me desculpe, mas quando você acordar eu mesmo vou te matar seu filho da puta.

 

– Que isso? Que falta de consideração com o acidentado, e ainda por cima xinga a mãe dos outro que coisa feia. – Cruzei o braço indo sentar na poltrona que tinha ao lado da minha cama.

 

– Meu primo. – O tom hostil tinha mudado para um tom triste. – Volta logo, eu sinto tanto a sua falta. E não aguento mais ver a Nessie chorando pelo os cantos.

 

– Eu também sinto a sua Lee. E sofro junto por saber que a Nessie está sofrendo por a minha culpa.

– E se você demorar muito para acordar vai acabar ficando sem noiva. – Ela fechou o cenho o que significava que ela estava brava.

 

– Por quê?

– Pois vou acabar enforcando aquela lombriga italiana com as minhas próprias mãos.

 

– Deixa o meu filho nascer primeiro. Depois você pode ficar a vontade.

– Posso ficar um tempo com o meu noivo.

 

– Essa não morre tão cedo Jake. – Você está fodido. – Leah saiu do quarto esbarrando no ombro da Jane.

 

Ela fechou a porta atrás dela e diferente dos outro ela permaneceu de longe me olhando com um misto de nojo nos olhos. Balançou a cabeça negativamente e sentou na poltrona que tinha mais longe da cama.

 

– Isso porque você me ama hein. – Resmunguei fazendo o mesmo.

 

– Nossa está parecendo o monstro do Frankenstein.

 

– Aí eu não falei? Quanto amor.

– Você vai demorar muito para sair desse estado?

 

– Por que tem algum compromisso?

– Eu tenho uma vida para viver. Não posso ficar a sua espera toda eternidade.

 

– A porta da rua é a serventia da casa.

– Mas por enquanto como a imprensa está por aqui, eu me faço de noivinha sofredora.

 

– Cretina cara de pau filha do belzebu. Quando me levantar dessa cama a primeira coisa que vou fazer é dar um chute nessa sua bunda seca. Como pude me interessar por você?

Ela ficou da poltrona encarando o meu corpo. Seu olhar era frio distante, eu nunca a havia visto daquela forma. Fez-me pensar o que foi que eu havia visto naquela mulher, ou até mesmo o que eu estava fazendo com ela. Aproximei dela e passei a mão em sua barriga. De tudo aquilo só o que havia sido bom era o meu filho que estava por vim. O pior era pensar no clima que ele nasceria, nem tinha nascido e já tinha um pai fodido na cama e uma mãe filha da puta.

 

– É meu filho. – Continuei com as carícias. – Eu sei que aí está bem mais seguro do que aqui fora, mas eu prometo que quando você nascer, as coisas já vão estar bem melhores está bem? O pai promete que fará o máximo para você ser muito feliz aqui. Quero que você saiba que eu lhe amo.

– Com licença. – Uma enfermeira entrou no quarto. – Eu preciso verificar o paciente

 

– Tudo bem. – Jane deu de ombros. – Eu preciso sair?

 

– Eu vou trocar o cateter dele fazer a limpeza rotineira. – Jane fez careta de nojo.

 

– Vou sair então, vou para o hotel, estou precisando descansar, essa rotina de hospital está me matando. A enfermeira deu um sorriso forçado na direção da Jane antes que ela saísse.

 

– Muito obrigada. – Nessie entrou logo em seguida.

 

– Que isso, nem precisa agradecer, não suporto aquela mulher.

 

– Você e metade do hospital. – Nessie disse rindo.

 

– Conseguiu falar com o seu noivo? A enfermeira perguntou.

 

– Não, está desligado o celular.

 

– Bom vou nessa.

 

– Mais uma vez obrigada. – Nessie parecia realmente agradecida.

 

– Que isso, já disse que nem precisa agradecer.

 

Nessie voltou a sentar ao lado da minha cama, mas diferente da outra vez ela não falou nada, só ficou me observando e às vezes sorria sozinha. Fiquei na poltrona lhe olhando, era impressionante como uma pessoa poderia ser tão linda.

 

– Renesmee. – Virei para a porta e Alec estava parado nela.

 

– Ah não cara! – Praguejei

– Alec amor, que bom que você está aqui. – Nessie abriu um sorriso lindo na direção dele.

 

– Bom só se for para você. – Ela estava indo na direção dele e eu sabia que ela o beijaria. – Virei o rosto.

 

– Como ele está?

 

– Além de corno é cego? Não está vendo não?

– Agora ele está estável.

 

– Olha a cara de decepção dele porque não vou morrer. Toma corno, não vai se ver livre de mim assim tão rápido.

– Quanto tempo você pretende ficar aqui?

 

– Até parece que ela vai me abandonar.

– Ficarei o tempo que for preciso.

 

– Toma! Toma! Toma otário!

– E o seu trabalho? Os seus pacientes? E nós?

 

– Que nós o quê? Corno manso. Não existe nós entre você e Nessie.

– O trabalho eu falei com o meu avô e eu vou trabalhar no hospital dele. Não posso mais trabalhar em Nova York. Mas nós, o que tem nós?

 

– Dali Nessie!

– Como assim o que tem nós? Como vamos ficar? Você me abandonou e veio para o Brasil atrás dele. – Ele apontou em direção do meu corpo sobre a cama.

 

– Não existe nós, você ainda não percebeu?

– Alec amor, eu sou a médica dele, não posso abandoná-lo.

 

– Bela desculpa Nessie. – Tive que rir com essa.

– Renesmee, aqui existem outros médicos tão ou mais competentes que você.

 

– Como mais competentes que a minha Nessie?

– O que você está insinuando com isto Alec? Ela não havia gostado das palavras.

 

– Que você prefere a mim do que a ele.

– Não estou insinuando, estou afirmando que você prefere a ele a mim que sou o seu noivo e estou ao seu lado desde que ele lhe deu um pé na bunda.

 

– Isso mesmo amigo, mostra o seu verdadeiro lado para ela, assim como a sua irmã está mostrando.

– Como é que é Alec? Ela afastou-se dele. – Você tem noção do que você está falando?

 

– Não tem nada Nessie, é burro.

– Alguém tem que lhe dá um choque de realidade Renesmee.

 

– Nessie. Chamei-a quando senti o meu coração ficando apertado.

 

– Choque de realidade? Mais realidade que eu já estou vivendo?

 

– Nessie! Chamei de novo. Senti um gosto ferroso em minha boca. – NESSIE! Gritei quando cai no chão apertando o meu peito. As maquinas em minha volta começaram a apitar e os dois saíram da discussão que estavam e deram atenção ao que estava acontecendo comigo.

 

– Alec. – Nessie o chamou. – Ajuda-me aqui.

 

Ele ficou parado olhando somente. Seu olhar estava frio como o da irmã dele. Eu não estava acreditando no que eu estava vendo, ele estava pensando se me salvaria.

 

– ALEC! – Nessie gritou e ele resolveu ir ajudar.

 

Senti a escuridão me tomando de novo, eu não queria ir, eu queria ficar com ela. Estar com ela agora era mais aconchegante do que a escuridão.

 

– Nessie, faz alguma coisa amor. Pedi sentindo o gosto de sangue em minha boca.

 

– Alec, ele está morrendo! – Eu escutei a Nessie gritando antes da escuridão me tomar de novo.