Fanfic: Desalis~ | Tema: Shonen-Ai Drama
O jovem anjo mirava profundamente os negros olhos do Abismo, com a plena certeza de que aquele ato fosse o sensato e também único a se recorrer diante de suas nulas expectativas para prosseguir com algo. E então, acompanhado de tão sombrios pensamentos, sonhava em escapar de todo o seu redor, para quem sabe se houvesse a ele alguma sorte, seguir em direção ao enigmático nada, que era para si a única coisa que lhe restava comprometimento. Mas o que o já não mais inocente não tinha conhecimento, era que mais sonoro do que as suas cristalinas lágrimas, que ecoavam levemente de encontro ao solo, eram as rápidas batidas do pedroso coração do Abismo, que ao assisti-lo de seu impotente papel, que fora posto em suas mãos sem consentimento algum, sofria amargamente com o seu suposto coração, que só agora tomara consciência que possuía. Mas infelizmente, de toda esta dor, Desalis o belo e encantador anjo jamais tomaria consciência.
Decidido sobre sua insana alternativa, que duvidosa jamais fora desde o principio, pois este não lhe permitiria estes tipos de pensamento naquele momento. E deste modo o pequeno anjo segue a leves passos em direção à assustadora Fenda, mas logo para, como se houvesse desabrochado em si naquele breve momento, um ardente desejo de andar sobre as estrelas, como costumava fazer em suas vagas lembranças, que caminhavam até si como em uma grande multidão. Devia ser isto. A poetização dos sábios, sobre a realização do clichê do levante de lembranças que acompanhavam a um homem em seus últimos instantes de vida e ao que aparentava, aplicava-se de mesmo modo a todos e até mesmo aos anjos. O desalado ser, permanecia a encarar a Fenda que o retribuía de mesma forma, mesmo sabendo que este nada mais temia, pela sua falta de valor suficiente em si para prosseguir com a “farsa”, que era para si e para os de sua espécie, o auge de suas simplórias existências.
O Abismo que durante toda a sua milenar existência, que ultrapassara até mesmo toda a criação da terra e do homem e que jamais sofrera ao observar coisa alguma, passava a ofegar silenciosamente em companhia do desespero, que o cobria como alva lã. A peça estava em cartaz. O Teatro estava aberto. E os scripts estavam à mesa para tragédia que se apresentava.
A consciência do rochoso então o leva por alguns instantes à sua sanidade, conseguindo lembrar-se claramente de como já vira essa cena repetirem-se milhares de vezes. Mulheres e alguns poucos homens, de corações feridos a almas mortas, à procura da cura ou remedição na perpétua paz no gélido solo no final de si. No final do íngreme ceder do Abismo.
Mas a questão que afligia aquela pútrida trincheira e transformava o todo em algo desesperadamente encantador, era o fato de ser um anjo, um ser do qual poucos seres terrenos, dentre destes os homens, jamais tomariam conhecimento durante suas curtas vidas de piscar de olhos, pois poucos aqueles que possuíram a sorte e a beleza, por assim dizer, para atrair para si a atenção destes encantadores seres, de longas madeixas e curvos cachos dourados. Alguns se arriscavam a descer até a impura terra, para assim deixarem ser perseguidos pelos homens que obtinham seus corações. Mas aquele Anjo, que permanecia imóvel diante do curto caminho no qual o separava da negritude da noite era apenas um sem brilho. Suas asas estavam sujas pela infértil terra daquele morro, como se o impossibilita-se de voar com seu forte tom, pois fora lançado á terra de modo grosso e bruto. Lembrava-se das antigas profecias e canções referentes aos Luminosos seres. Que diziam que quando um anjo que carregava consigo, o sentimento humano da dor de um amor em seu frágil coração, encontraria como quebra de tabu, a morte e que quem assim a presenciasse, tomaria para si, uma rápida visão do desgarrado caminho que o levara até o fim de sua misteriosa e encantadora existência.
E com seu último sorriso, o anjo lança-se em direção ao assombroso tudo e enigmático nada que este tanto ansiava. Mas antes deste tocar finalmente o solo. Enquanto a noite sorria ao poder abraçá-lo e o infértil solo gritava loucamente para receber com o maior impacto possível aquele desgarrado ser. O Abismo pôde ver nos pequenos olhos azuis do anjo, que se encontravam um tanto serrados pelo atrito dos ventos, como o fim de uma tarde de nuvens ao encontrar-se com o negro crepúsculo em seu último desfecho. Esta simplória fenda, assistiu aos motivos das dores do anjo. Suas aflições. Suas angustias e o maldito “por quê?".
Como assim merecera ser chamado, por seus atos inescrupulosos, que fizera com que aquele ser já não mais feliz, recorresse a este assustador modo de encontrar a sedenta paz, após clamar desesperadamente por seu criador, que havia o dito que nada poderia fazer por si. O abismo assistia claramente tudo o que o “Humano” o havia dito, após saírem dos rosados e finos lábios do anjo as palavras: “Amo-te” quando em reação a este ato o resultado fora um tapa. Seguido da dor. Que se tornara maior por nunca a tê-la o anjo sentido e imensuravelmente angustiante por vir de quem mais este prezava. Ele então se recomporá e ao perguntar "O porque daquilo?" Pois não podia entender os homens. Pois eram para si estranhos e irracionais. O garoto de cabelos negros como a noite e sobrancelhas franzidas á uma suposta indignação, o respondera “Que era assim que a vida era, que mesmo o amando de mesmo modo, ele era um menino, antes mesmo de ser um anjo e que por isto, dessa Imundice jamais provara” como quase o cuspira a face ao dizê-lo tais afirmações. Ele então recusou seu amor, oferecido a ele sem retribuição alguma.
O Anjo então se pôs a chorar frente ao humano, que ria descontroladamente de modo quase louco, enquanto continuava a gritar aos ventos que: “Os Anjos também pecavam e que eram imundos como qualquer coisa na terra, pois ansiavam por carne de homens, os convidando a dormir com estes e trair a Deus em tua crua face”.
O celestial ser, enquanto escutava a aquele amontoado de injúrias, só podendo chorar pelo que partia da estridente voz de seu tão querido amado. Pensava consigo mesmo “Que não era aquilo que ele desejava. Ele o amava. Mesmo sem entender muito do que isso se tratara em sua essência, até mesmo decidira há tempos, dentre alguns de seus devaneios, que arriscaria a tudo e a todos. Que tentaria com aquele humano construir algo, juntos. Que pertenceriam unicamente um do outro, eternos companheiros...” Pensava este, que seu gênero não fosse de tamanha importância para si, mas ao que aparentava ao outro, era de extrema.
Ele então fita o humano. Fita Marcus. Com seus úmidos olhos e face um tanto sangria, resultante do anel que se encontrava em seu bater-lhe. Sim, este era o nome do cruel humano, que tinha os raivosos olhos do abismo fitos em si naquela ilusão toda, mas os da ternura do anjo durante toda sua vida e existência.
De repente tudo se dá fim, o anjo toca solo de modo cru e sem excitações, tornando-se inerte e de olhos arregalados, uma triste cena e desfecho para quem a assistia. Em sua face, a ferida do tapa que levara, ainda encontrava-se um tanto vermelha, enquanto a sua volta o forte tom da margem de sangue crescia alvamente em torno de si.
Mais tardar naquela mesmo dia, logo após uma jovem uma jovem menininha encontrar o inerte corpo enquanto aventurava-se entre os morros na companhia de um rebanho de ovelhas, a notícia se espalhou pela pequena cidade, até alcançar como um sussurro os ouvidos de Marcus, que ao tomar conhecimento fora como todos ali, ver de quem se tratava. Já não sendo o primeiro a chegar, pois o local encontrava-se amontoado de pessoas curiosas pela desgraça alheia, que tomaram daquela morte como um diferencial de suas débeis rotinas, sendo motivo de agitação e assunto por todo um longo tecer do tempo.
O garoto então se agacha sobre o escuro solo, que encontrava-se juntamente ao corpo, tingida da forte cor púrpura e então limpando-lhe a face do anjo com a ponta de sua camisa, que umedecera trêmulo com sua própria saliva, enquanto sentia em seu âmago, o palpitar do arrependimento da monstruosidade que cometera.
O menino então levanta-se a chorar em alto e bom som. De modo a despertar a curiosidade de todos naquele grande amontoado. Este então mira o Seu Belo Anjo, como o chamava em seus pensamentos naquele momento e após fitar o luminoso céu, percebe que o abismo que ali sempre esteve, já não mais existia. Este havia cedido abaixo, como todos ali suspeitavam.
Marcus então se levanta rapidamente, ao dizer algumas roucas palavras a si e aos ventos:
“E então o Anjo lançou-se dentro do alto abismo. E o abismo também o fizera, ao lançar-se dentro do Anjo.”
E tendo essa como as últimas palavras de sua rouca voz, o garoto sai caminhando. A procura de uma fenda qualquer, que seria para si de mesmo modo, o lugar de sua paz de vidro, onde procuraria e assim esperaria por seu já não mais querido desalado...
Notas do Autor: Olá a todos, este é um pequeno conto que escrevi já a um bom tempo, mas estava eu afundado na dúvida de se deveria ou não postá-lo aqui, pois este fora fruto de uma péssima experiência que passei =/ reflete...// Mas mesmo com todos esses altos e baixos do passado cá esta ele, diretamente da minha *nova* pasta de Fics para o site do Nyah ^ ^"
Espero que tenha “agradado a todos, como agradou a mim” falar do triste fim do meigo Desalis, que tem tanto a ver com a história de tantos outros humanos como nós, não é mesmo?
Ps¹: "Sim, você não merece nem mesmo esse conto B. Sendo esse apenas um dos preços que o meu "eu interior" exigiu na época para se livrar de você :3"
Ps²: @NinyBell, MaluquinhaX e Mr. Barthman suas fofas, obrigado por aturarem minhas enquêtes de: "Como fazer tudo na minha vida? ^ ^"
Adoro Vocês...
Atenciosamente,
:: Kohaaku ::
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