Fanfic: Grávida em segredo - AyA

— Eu... quem é?
— Acho que ele disse que o nome era Erraro ou Reria. Quer que eu diga que você não está aqui?
Nem Erraro nem Reria, ela pensou.
— Pode ter sido Herreira? — perguntou, na expectativa de não parecer tão em pânico quanto de fato estava, e maite concordou com a cabeça, aliviada.
— Pode ser — respondeu. — A senhora o conhece? — Se conhecia Alfonso? No sentido bíblico, definitivamente, pensou, embora isso fosse quase cômico.
— Eu posso descobrir o que ele deseja — ofereceu Maite. Nas oito semanas que tinha vindo trabalhar para ela, não houve telefonemas dos Estados Unidos ou de outro lugar.
A idéia de deixar que Maite lidasse com o telefonema era tentadora. Não tinha de se explicar para alfonso. Ele não era sequer um amigo, pensou ela nervosa. Não tinha o direito de persegui-la desta maneira.
Mas então ela recobrou o bom senso. Queria que alfonso pensasse que ela estava com medo? Com medo de falar com ele?
— Está tudo bem, May — conseguiu dizer, enfatizando as palavras com um sorriso. — É apenas um sócio do meu falecido marido.
Maite ainda parecia em dúvida e Any se sentiu acolhida pela preocupação que pôde perceber no rosto da outra mulher. Respirou profundamente e adentrou a iluminada e arejada sala de estar da quinta.
— Você poderia pegar para mim um copo de chá gelado? Estou com muita sede.
— Sim, senhora.
Maite virou-se para o longo corredor que ia da frente aos fundos da mansão enquanto any se aproximava do telefone. Ele estava de lado, sobre uma mesinha de canto, ao lado de um dos três sofás de couro, em frente à lareira repleta de flores. Com as janelas abertas, o perfume das flores foi irresistivelmente levado pela corrente para as narinas de Any. Ela respirou bem fundo mais uma vez antes de pegar o fone.
— Sim? — disse, fingindo desconhecimento. — Quem é?

— É Alfonso Herreira — ele respondeu. — Olá, any. Como você está?
— O que você quer, Alfonso? — perguntou ela num tom frio. — Como sabia onde me encontrar?
O silêncio se propagou por um instante, e ela imaginou que ele não tinha gostado de sua resposta. Então ele respondeu, com o sotaque ainda mais intenso, como sempre acontecia quando ele estava irritado.
— Ah, por favor, anahí, reconheça um pouco a minha inteligência.
— Você sabia onde eu estava — disse ela, com a flexão de uma afirmação, não de uma pergunta.
— Você é a viúva de Christopher Uckerman, anahí — ele disse. — Uma mulher rica por sua própria conta. Eu devo ao Christopher tomar conta de você. Que tipo de homem eu seria se traísse a confiança dele?
— Você é que tem de me dizer.
Silêncio novamente, desta vez mais hostil do que o último, e ela percebeu que tinha tocado em um ponto crucial.
— Não é hora de se falar sobre o passado, anahí — ele disse, num tom áspero. — É minha responsabilidade garantir que você não seja incomodada.
— Exceto por você.
Poncho tinha sido um bom amigo para Christopher, mas se tornara um mau inimigo. Para seu próprio bem — e para o bem de seu filho —, tinha de fazer com que ele entendesse que ela não precisava de nada.
— Escute, desculpe-me se pareço ingrata, Alfonso, mas você tem de entender que eu esperava conseguir um pouco de privacidade aqui. Quando... quando Christopher morreu, parecia que eu não tinha tempo para mim. Talvez eu tenha sido ingênua de achar que eu poderia ter fugido sem contar a ninguém para onde estava indo. Mas espero que isso não signifique que eu tenha de relatar a você todas as vezes que eu quiser... quiser...
De alguma maneira, tinha de convencê-lo de que estava tudo bem, de que não precisava dele para nada.
— De modo algum eu espero que você se reporte a mim, Anahí — disse Alfonso, num tom quase raivoso. — Mas teria sido cortês da sua parte deixar seu futuro endereço com a minha secretária.

Any apertou os lábios. Ela se recusava a cumprimentar aquela vagabunda promíscua. Dulce Maria estava tentando pôr suas garras em Alfonso desde que Christopher a dispensou, há um ano. Ele devia saber disso. Ou já tinha se aproveitado de sua postura tão evidente?
Ela balançou a cabeça. Estava ficando paranóica. Não tinha feito nada que levantasse as suspeitas de outra pessoa, muito menos as dele. O que quer que Alfonso quisesse, devia estar relacionado com os bens de Christopher. Mas por que ele não entrou em contato com Cristian? O poder que Christopher havia lhe dado não era suficiente?
— Cristian está hospitalizado em São Francisco — Poncho disse, sem fazer nenhuma introdução, e Any deu graças a Deus por estar sentada.
— Hospitalizado? — repetiu, demonstrando fraqueza, sua mão fria e úmida no fone. — Meu Deus, o que aconteceu? Ele está doente?
— Doente não — respondeu Poncho com rapidez, e ela pensou que ele não era totalmente insensível. — O carro dele colidiu violentamente contra uma parede. Cris estava dirigindo. Teve fratura na pélvis, ferimentos, uma concussão... — fez uma pausa — ... e, a princípio, suspeitam de que tenha quebrado o pescoço.
O gemido de Any foi audível para ele, e ela ouviu poncho praguejar frustrado. Então, rapidamente, ele falou:
— Cris não está morrendo, Any. Ele contundiu a coluna, só isso. Não houve fratura. Com o tempo, e a habilidade dos médicos, deve se recuperar completamente.
Any engoliu o que ele disse.
— Tem certeza?
— Absoluta. Não sou um especialista, any. Mas, pelo que entendi, seu precioso garoto logo estará novinho em folha.
Any se enrijeceu.
— Você não precisa ser sarcástico, Alfonso. Sei que você e Christopher nasceram com balancetes em suas mãos ávidas por poder. Mas cris não é assim. Ele percebeu que há mais coisas na vida além do dinheiro.
— Suponho que seja por esta razão que ele estava dirigindo um Porsche Turbo.
— Só me diga onde ele está — disse com frieza. — Quero ir vê-lo...