Fanfic: ` Awakening Dream . | Tema: Vondy

Annie parou o carro numa vaga de sorte em frente ao hospital, em frente á vaga reservada para ambulâncias e desligou o motor. Desceu do carro e fez Christopher descer junto com elas, já que o outro parecia ainda não estar pensando direito. Entraram no hospital e seguiram direto para o elevador. Subiram, e foram ao quarto da irmã. Ao pararem na porta, Christopher piscou repetidas vezes e seus olhos voltaram ao foco. Ele olhou para os lados e levantou uma sobrancelha, voltando á encarar as meninas.

- Onde... – ele parou ao ver que Annie segurava a porta aberta para ele, e Mai já entrara.

Colocou os pés dentro do quarto e fixou seus olhos na cama no centro da parede da direita. Sua respiração se tornou superficial e rápida, deixando-o tonto. Deitada ali naquela cama, coberta com cobertores brancos e beges, combinando depressivamente com a colcha, o lençol, os travesseiros, as cortinas e as paredes, estava uma versão pálida, e fraca da sua Dulce, ligada á tubos e mais tubos nos braços e mãos, e até na boca e nariz. Seus cabelos, ainda ruivos, pairavam colorindo o travesseiro, espalhados em volta do seu rosto. Flores reluzentes num amarelo ovo clareavam um pouco o quarto ao lado da cabeceira da cama. Ele picou mais algumas vezes, na esperança de não estar vendo a verdade. Se apoiou na parede, não consciente dos olhares cuidadosos que as duas mulheres lhe lançavam, de parto da janela.

Estava perdido. Tudo lhe invadira de uma vez só. Tudo.

Logo sentiu o chão gelado sob si, e viu que estava sentado no chão, respirando com dificuldade. Pois é. Todos esses anos mentindo para si mesmo, dizendo que não a amava, que sabia que ela tinha mentido para ele, que ela era uma vagabunda e tals, apenas para chegar aqui, e ver que todo o seu esforço de nada valeu, pois ao ver a sua Dulce ali, deitada, imóvel naquela cama, lhe despertou os sentimentos de amor, proteção, carinho, cuidado, e ódio de si mesmo, por tentar encobrir tudo isso.

Lágrimas quentes e enormes lhe inundaram os olhos e rolaram por seu rosto. Ele encobriu o rosto com as mãos, e chorou, sacudindo os ombros com força, tentando não fazer barulho. Sentia-se a pior pessoa do mundo. O que acontecera com a sua princesa? Ele, depois de algum tempo, levantou o rosto inchado e vermelho para as mulheres e perguntou, numa voz rouca e grave pelas lágrimas.

- O que houve? – ele não conseguia nem olhar para a cama, onde a sua amada estava.

- Ela sofreu um acidente. – disse Annie. Mamãe faleceu num acidente de carro. Annie dissera. Será?

- Foi o mesmo que... que... que a deixou assim? O mesmo que matou a tia Blanca?

- É, esse mesmo. - respondeu Mai., num tom baixinho.

Ele criou coragem, lentamente, e se levantou. Á passos incertos e comedidos, ele se aproximou da cama da ruiva. Os aparelhos estavam todos ligados, e ele viu que eles monitoravam ela vinte e quatro horas por dia. Sua boca estava pálida, e entre aberta seu rosto, encovado nos ossos, era doentio. Sua mão tremeu ao levá-la até o rosto dela e passar o indicador levemente na marca funda abaixo de seus olhos, e nas marcas da bochecha. Suspirou.

- O que aconteceu? – ele perguntou, sem olhar para as mulheres.

- A Dulce andava meio chateada com todas ás coisas. Ela não comia direito, ficava sentada na varanda olhando pra fora por horas, mal falava com o papai. – começou Annie – A mamãe ficava tentando animá-la, colocá-la pra cima, mas nada ajudava. Várias vezes eu a ouvi chorar durante a noite.

- E a culpa é sua, Uckermann. – comentou Mai. Ele assentiu, sem se opor.

- Então, mamãe a chamou para viajarem. – continuou Annie, tranquilamente, baixinho. – Saíram só as duas, as seis da manhã de um sábado, exatamente seis meses depois de você ter ido embora. Elas estavam passando por Manhattan, nem sei pra onde iam, quando cruzaram com a linha do trem. A barreira que desce estava com defeito, e não tinha sinalização. As duas atravessaram a linha, aquelas duplas, quando o trem veio. Nenhuma delas ouviu o barulho, eu acho, porque teriam saído dali. A polícia fala que tinha um defeito no motor do carro, que poderia fazer a aceleração falhar... poderia ter sido isso também... – agora ela falava mais pra si mesma, ainda no mesmo tom, mas perdida em lembranças, como se revivesse todos aqueles meses de luto e choradeira. – Mamãe morreu na hora. Acharam o corpo dela embrulhado nas ferragens do que sobrou do carro.

- Dulce foi arremessada. – continuou Mai, vendo o estado em que a irmã estava – Ela foi encontrada á quase setenta metros de distância do acidente. Ela quase não tinha mais vida. Fizeram tudo o que podia, mas ela não acordou.

- Mas vai. – disse Annie. Christopher levantou a cabeça.

- Como assim? – ele perguntou. Mai meneou a cabeça.

- Os médicos falam que tem um mínima possibilidade dela voltar a vida. Normalmente, quando um paciente entra em coma, e passa muitos anos, seu corpo começa entrar em estado pré-fetal, que é como eles chamam. Seus nervos e articulações se encolhem devido ao não uso e você começa a virar uma bola até... – ela não terminou, mas Christopher assentiu, entendendo.

- E ela não entrou nesse estado pré-fetal. – disse Annie olhando para a irmã.

- Apenas no primeiro ano. – disse Mai, corrigindo. – Ela começou a se encolher lentamente, no primeiro ano de coma. Nós ficamos desesperados. Ela poderia morrer. Mas então ela simplesmente parou e retrocedeu. Os médicos disseram que é raro, mas talvez poderia acontecer. Ela pode acordar, ou não. Eles nos incentivam á conversar com ela. Dizem que ela ouve.