Fanfic: Explicitamente Grávida *AyA* Adaptada (Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

-  Nada? - questionou o carteiro, indignado. - Aquele esnobe do namorado dela está mandando as cartas de volta. Se querem minha opinião, ele não vai...

-  Ninguém pediu sua opinião - interrompeu Al.

-  Howard deve ter se mudado para o próximo local da expedição. Irá escrever assim que se instalar.

Anahí sabia que dissera aquilo para convencer mais a si mesma do que os outros. Precisava se preparar para ter de cuidar de tudo sozinha. Claro que havia uma grande possibilidade de tudo aquilo não passar de uma falha do correio, mas não era certeza. Oh, Deus, como queria ter alguma notícia dele.

-  Acredite no que quiser - falou Chester, antes de sair.

-  Tudo bem com você, Anahí? - perguntou Al, preocupado.

Para Anahí, o lugar pareceu mais frio do que o ha­bitual. Foi preciso se conter para não estremecer com um calafrio.

-     Estou ótima. Mas preciso ir. Alfonso está me espe­rando em casa. Estou atrasada.

Ao sair, passou pela vaga vazia de Suzzie, que estava na oficina de novo. Seu carro era um exemplo do restante de sua vida: não funcionava. Sentiu vontade de chorar, mas não poderia fazê-lo. Se o fizesse, estaria demons­trando para toda a cidade que não podia aguentar so­zinha os imprevistos da vida. Era hora de enfrentar a realidade. Teria de ter aquela criança sozinha.

Ao chegar em casa, subiu a escada em ritmo apres­sado, mas parou ao chegar à porta. Daquela  vez, o desânimo demorou mais para dominá-la, mas o fez com maior intensidade.

Alfonso não estava sentado em seu capacho e não havia nem sinal dele nas proximidades. Poderia jurar ter visto a perua dele estacionada do outro lado da rua, mas não confiava na própria memória. Não naquele dia.

Pela primeira vez, tomou consciência de quanto gos­tava da companhia dele, mesmo quando tudo o que faziam era discutir sobre pronomes, frases e verbos. Ele era a única pessoa que a levava a sério. Mesmo que não concordassem em tudo, sempre respeitavam as opiniões um do outro.

Mas não importava que Alfonso não estivesse ali. Não pretendia mesmo compartilhar aquele último problema com ele. No que dizia respeito a Howard, provavelmente ele iria se portar como os nativos de Hooperville.

Ao abrir a bolsa para pegar a chave, esbarrou no envelope que ali colocara antes de sair do restaurante.

Sem compreender bem o motivo, sentiu sua respi­ração acelerar, assim como o ritmo de sua pulsação. Uma onda de tontura a dominou por um instante, como efeito da ansiedade. Aquilo deveria ser o que as pessoas vinham classificando como crise de pânico. Estava mes­mo estressada.

Com força de vontade, respirou profundamente algumas vezes e se controlou. Sempre fora forte. Iria superar aquela crise também. Se as coisas não estavam funcio­nando, iria descobrir um modo de reverter aquela situação.