Fanfics Brasil - Fugir para água e fugir da água. Carpe Diem

Fanfic: Carpe Diem | Tema: morte


Capítulo: Fugir para água e fugir da água.

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Quatro


 Fugir para água e fugir da água.


_O QUÊ? E-eu morri?  Entrei em desespero.


_Há cinco horas e treze minutos atrás você foi atropelado na Praça Vieira Nunes por um carro preto.


_Então eu realmente morri!_ Assinando o contrato eu vou para o céu ou pra o inferno?


_Achas que mereces o céu, então estará lá, achas que merece o inferno então estará lá.


_Muito obrigado por não dizer nada, eu não assino nada sem ler antes, me deixa ler primeiro senão nada feito.


_Quem você acha que é pra falar assim comigo? Eu não estou pedindo, criança estou ordenando! ASSINE!


_eu falo do jeito que eu quiser, é do MEU contrato de morte que estamos falando, me deixa ler?!


_Minha paciência se esgotou, a nobreza só se conquista com a dor, então.


A Morte estala os dedos esqueléticos, e o mesmo efeito areia corrosiva ocorre, mas dessa vez os dedos de Fred ardem de dor como se estivesse comendo os membros. O menino chora se contorcendo de dor segurando o cotoco de braço que ainda resta.


_Assine!


_Urgh... Não assino!  Dizia Fred tentando agüentar a dor.


_Vamos ASSINE!!  Clamava o carrasco com veemência.


_EU – NÃO - ASSINOO!!!   Berrava o jovem enquanto apertava o ombro estendendo o braço que ainda lhe restava.


_ASSINE LOGO CRIANÇA!!!!


_NEM A MORTE VAI ME OBRIGAR A NADA!! _EU TENHO OS MEUS DIREITOS!


Em um segundo estalar de ossos o braço de Fred volta ao lugar e a morte se acalma.


_Pois bem você tem sim esse direito, assim como manda a lei dos humanos eu também cumpro os meus deveres. Então começaremos o jogo da vida, são apenas duas etapas:


Primeira etapa>  Deverás sobreviver e escapar de mim durante vinte e quatro horas. É simples, se eu te pegar você assina o contrato e sua alma é minha. Se passar de vinte e quatro horas sua alma não pertencerá mais a minha prioridade, será então uma alma livre. Todavia ainda sim tentarei de tudo para ela ser minha, por mais que ela seja uma alma vagante, alma é alma e o meu serviço é capturá-las.


Segunda etapa>  Mesmo você sendo arrebatado de minhas obrigações você servira a mim. Pois pelo que eu presumo sua missão é voltar à vida, estou certo?


_Tem como voltar? _SÉRIO? Fiquei super esperançoso.


> Sendo assim deverás cumprir dez trabalhos para retornar a vida. Passe da primeira etapa que eu contarei mais da segunda._Bem eis aqui sua ampulheta seu tempo nessa terra e você já conseguiu, cinco horas e vinte minutos.


O jovem nem piscava de tanta tensão.


_ É melhor você se esconder bem, pois estarei nos seus piores pesadelos. Até Frederick.


 


   A visão de Fred ficou cada vez mais embaçada, então o menino foi removido da barca e voltou para perto da lixeira onde antes se encontrava escondido.


Val que ainda estava escondida sai por de trás de uma lixeira lentamente, ao ver seu novo amigo surgir. Ela pergunta:


_Fred, você está bem?


_Acho... Que sim! Conclui ele examinando o próprio corpo.


_E como foi... O seu contrato? _Você assinou? _Pelo que vejo também não.


_Não. A morte disse pra eu fugir... Antes que ela me ache.


Valquíria arregala os olhos em seguida se dispara jogando os dois ao chão, em seguida uma mão cadavérica surge de dentro da lata de lixo tentando agarrar os dois. Como a mão não conseguiu pegar os dois ela some do mesmo jeito que surge.


_Ma-mas o quê foi aquilo?  Perguntou Fred apavorado jogado no chão.


_É a morte que esta atrás da gente... Se eu fosse você correria!


Então novamente os dois se disparam a correr sem um rumo certo. Nossas vidas dependiam disso, precisávamos fugir da morte para podermos viver.


_Eu já estou no jogo da vida á treze horas, já sei onde podemos nos esconder.


Os dois se disparam entre os inacabáveis arranha-céus abandonados, e cruzavam as longas ruas vazias cobertas de papeis velhos esvoaçantes, não eram só os dois... Todo aquele lugar parecia morto.


Até que Val e Fred entram em uma gigantesca praça coberta de árvores e bancos, e no meio da pracinha havia um espetacular chafariz com três anjinhos de pedra sobre um pedestal cuspindo água em suas poses assexuadas. Imediatamente a jovem menina grita:


_Fred, precisamos chegar até aquele chafariz e entrarmos naquela água!


Em uma fenda negra que se abre logo atrás dos dois ressurge a morte e suas vestes podres que se dissipavam pelo ar. Valquíria que logo se apressa com suas perninhas de bicho-pau se atira sem dó com seu corpo para dentro das águas cintilantes. Enquanto Fred tropeça em um de seus enormes pés e cai bem próximo ao chafariz, logo a morte desliza abrindo seus longos braços esqueléticos tentando pegar o menino, os dois gritam, mas Valquíria consegue segurar sua mão estendida e puxá-lo para dentro da água mesmo arranhando todo o seu corpo na pedra do acento. Os dois caíram um sobre o outro dentro d’água com tudo se molhando por completo, No instante em que o ceifador tomaria a alma de Fred ele sentiu a água tocar seus dedos longos que soltaram pequenas fumaças. Ele gritava:


_Nããão “A água”!!


Ele então por repulsa desaparece do mesmo buraco em que surgiu.


Fred ficou pasmo com o que havia acabado de acontecer, “A Morte” tem medo de água?


_Valquíria o que acabou de acontecer?  


_ Não sei exatamente como explicar pra você, mas onde houver água, O errante não poderá nos pegar.


_Mas por que a água?


_Acho que é por que a água é pura, e ela representa “A vida”, eu suponho.


_Deve ser. Podemos sobreviver sem comer por um longo tempo, mas não podemos sobreviver sem água por muitos dias. Já que a água representa vida, a morte não pode nos pegar. Fred disparava a falar:


 _Interessante! Então é simples, ficamos aqui até passar as vinte e quatro horas e pronto!


_Se desse, seria maravilhoso.


_SE DESSE, como assim?


_Espera só quando passar uma hora. Você não vai gostar nem um pouco. Concluiu ela com a expressão áspera e olhar longe como sempre.


Cinqüenta minutos depois...


   Os dois estavam lá, conversando sobre as águas abraçando seus próprios corpos tão encharcados que até os dedos da mão ficaram enrugados. Valquíria tinha cara de paisagem, enquanto Fred ainda permanecia arregalado e olhando para os lados dizendo:


_Cada segundo aqui nesse lugar me apavora. Não sabemos se daqui a vinte minutos ainda estaremos vivos. Val... Se você conseguir voltar à vida sem mim... Por favor, avise a minha mãe que eu a amo mais que tudo!


_Fred, agora não é hora para lamentações... Vai dar tudo certo, agora que temos um ao outro somos mais fortes do que sozinhos.


_Acha mesmo que conseguiremos? Disse ele com poucas esperanças.


_Presta atenção, eu sinto que ainda tem muita coisa por vir nisso tudo... Esse lugar remete a um lugar triste, um lugar sem felicidade sem esperanças. Então precisamos unir tudo que temos de bom em nosso coração para podermos dar forças um para o outro, mesmo que estejamos sofrendo de dores você vai me olhar nos olhos e me dizer com toda a felicidade que poder... Val não se preocupe, VAI DAR TUDO CERTO NO FINAL!


_Entendi. Mas não precisava ser tão pessimista!


_Não estou sendo pessimista... Eu estou tentando nos animar pro que vai acontecer daqui a pouco.


_Você fica falando em códigos, pára com isso! _Me diz logo o que vai acontecer, para eu poder estar preparado e não fazer nada errado. _Nossa... A água ta quente não está?


_Já começou! Sussurrou ela olhando pro nada.


_O QUÊ, O QUÊ começou o quê, ME FALA! Fred voltou a ficar olhando para os lados enquanto os dois começavam a suar.


_A água vai nos expulsar quando ficarmos uma hora dentro dela, (ai) já começou! Rebateu ela enquanto retirava as mãos da água que parecia ferver.


_Mas que sacanagem! (ai) Eu não agüento mais esse lugar! Tudo que surge para poder nos ajudar tem um problema, Não podemos ver os destinos e muito menos entrar em um ônibus... (ai) _Agora a água (ai, ai) ferve para não ficarmos nela! _EU ODEIO ESSE LUGAR! _AI, AI TA MUITO QUENTE!!!


As águas do chafariz começaram a borbulhar intensamente até que não aquentamos mais toda aquela tortura gratuita e pulamos juntos para fora da água que logo se acalmou. Fred entrou em desespero de perguntou:


_E-e... E agora o que faremos?


_Teremos que procurar outra fonte pura.


_Outra? _E sair por ai correndo o risco de sermos pego, Nem pensar! 


Fred de teimoso se joga de pé sobre a água que novamente borbulha ao tocá-lo queimando as pernas dele. Depois de soltar um berro ensurdecedor ele pula para fora da água que dormia em seguida. Valquíria olha mais séria que nunca e diz:


_Vê se da próxima vez você me ouve! _Você acha que eu já não tentei fazer isso antes?


_Ai meu pé... Ta doendo muito!  Dizia o menino com a mão na boca para conter a dor.


_Consegue andar? Correr?


_Andar eu consigo, mas correr acho que não. Dizia ele mancando de um pé. _Acho que estou com uma bolha nesse meu pé!


Val que tentava carregar seu novo amigo nos braços, de repente muda de feição arregalando os olhos dizendo:


_A morte ta voltando!!! _temos que correr!  Ela puxou o menino pelo braço saindo em disparada para fora da praça.


_Ai, ai... Vamos pra onde agora?  Gemia Fred sofregamente ao dar cada passo manco.


_Vamos entrar no prédio mais próximo que tiver e chegar até sua cisterna!


Logo do outro lado da praça havia um prédio de oito andares. Os dois subiram por uma escadaria espiral rapidamente, até que se ouve um forte estampido vindo das gigantes portas de madeira no primeiro andar. Frederick assustado olha para baixo segurando o corrimão, então ele percebe que todo o local era comido pelas trevas, a fumaça negra subia e subia cada vez mais rápido... Val já lá no quarto andar berrava com seu ultimo fôlego para o rapaz em choque:


_Fred... SOBE AGORA!!!


O jovem de topete alto sai daquele coma movimentando furiosamente seus pés subindo a escada como podia.  Ele estava em uma completa penumbra ao saber que tudo que era luz abaixo havia sendo consumido cada vez mais rápido, até que finalmente ele chegava a uma imensa luz que ofuscava seus olhos embaçados... O topo do prédio estava ao seu alcance. A jovem Amazona já alguns degraus acima da escadinha de ferro da caixa d’água bem a sua frente chamava seu nome estendendo a mãozinha.


Não mais que de repente, Val vê a entrada da porta ser consumida pela escuridão. O Senhor das amarguras aparecendo bem atrás de seu amigo que se arrastava até ela lentamente, quando então a morte se arremessa luz a fora tentando agarrá-lo em um pulso só... Foi aí que ela grita já de cima da caixa d’água:


_FREED... ABAIXAAA!!!


O topetudo se joga ao chão sem pensar duas vezes, fazendo com que a bala ceifadora passasse direto sem ferir ninguém. O cadavérico se materializa na frente da passagem do menino que se mantinha imobilizado de pânico, pensava o jovem:


_Morri! Adeus!


Quando surgiram aquelas mãos esqueléticas que tentavam abraçá-lo aos poucos, Val arremessa seu sapatinho preto cheio de água que ela pegara da cisterna sobre as costas da morte abrindo nela um buraco. O ceifador parecia se contorcer de dores, logo em seguida ele sumia na própria fumaça.   



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Autor(a): Wallace Lopes

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Cinco  Encontrando...    Frederick caiu de cócoras, sem reação depois do que acabava de passar, fora salvo por um sapatinho com água. Suas reações oscilavam, não sabia se ria ou chorava... Quem sabe os dois juntos.  Val desce a escadinha de ferro vindo até próximo de seu companheiro: _Ach ...


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