Fanfic: Doce Jasmim
– Trim, Trim! – soava o alarme que eu havia colocado para as 6h00m. Bati no mesmo com uma mãozada, na verdade já é costume meu, isso ocorre sempre de segunda à sexta. Levantei e fui automaticamente para o banheiro, lavei o rosto fazendo minha higiene matinal. Retornando pro meu quarto visto minha camiseta branca e por cima meu moletom que por cima também é branco. Coloco minha calça jeans e em seguida meu tênis predileto, ele está meio surrado, mas gosto muito de usá-lo, minha mãe vive me falando pra jogá-lo fora, ou sempre me vem querendo comprar outro, mas eu sempre recuso.
– Já está pronta Jasmim? – minha mãe gritava provavelmente da cozinha. Coloquei rapidamente meus livros na bolsa. – Já vou descer mamãe – berrei enquanto “tentava” organizá-los de forma mais convincente. Feito isso desci, mas não tinha ninguém na sala, então fui pra cozinha ver se ela estava por lá, e nem sinal de minha mãe.
– Surpresa! – mamãe, Blair e vovó, disseram em coro. Blair segurava um pequeno bolo de chocolate enquanto minha mãe segurava uma caixa rosa.
– Parabéns querida – toda emocionada, como sempre. É típico de minha mãe sempre ter que fazer isso, fazer o que não é? Só tenho de agradecer por ela estar viva. Sussurrei um “obrigada”, mas tão baixo que acho que ela não pode ouvir, nunca fui de demonstrar carinhos, na verdade eu sempre fui a mais durona da família.
– Feliz aniversário maninha – Blair pulou em meu pescoço – quero logo um pedaço desse bolo , vamos logo cantar os parabéns – Todos rimos.
– Vamos sim baixinha – sorri colocando o bolo em cima da mesa, abracei a vovó que sorria feito criança. Desde pequena quem cuidou de mim foi minha avó, até porque minha mãe sempre esteve ocupada trabalhando, nunca culpei ela por isso, sei que foi por uma justa causa. Sempre gostei de ouvir as histórias da vovó, lógico que sabendo que nada daquilo era real, ela tinha costume de contar histórias de sua antiga casa, que fica em Tenesse, falava que quando era criança tinha muitos seres estranhos, malignos, como demônios.
– Obrigada, não precisava mesmo gente – juntei os pratos e talheres na pia
– Deixe ai querida, vá para a escola, você deve estar atrasada – olhei para o relógio que marcava 7h09m – Nossa, tenho que me apressar – dei um beijo em todas, peguei minha bolsa e sai porta a fora.
– Tenha um bom dia minha linda – deu pra ouvir ainda minha mãe dizer. Logo me dei conta de que hoje vai ter um teste de matemática. Ainda bem que os estudos na casa da Gaby serviram pra alguma coisa. Assim que passo pelo corredor o sinal toca, então aproveito e entro logo na sala.
– Parabéns – Júlia grita lá do final da sala, apenas sorrio e aceno. Júlia é uma garota muito legal, a primeira garota que conheci aqui na escola, desde o ano passado somos inseparáveis, seu sorriso é belíssimo, dona de uma pele bronzeada e curvas de dar inveja, seus olhos são verdes claros e seus cabelos castanhos claros. Bom, acho melhor ficar aqui pela frente mesmo, senão ela vai acabar convencendo a todos me dar feliz aniversário. Até que todos entraram na sala e logo em seguida o professor Ronald.
– Bom dia crianças – o mesmo entra na sala sorridente, o que é um milagre porque ele sempre mostra mal humor nas suas aulas. – Bom dia – Todos em um coro respondem.
– Feliz aniversário senhorita Daswin – Ah que maravilha, a Júlia já andou espalhando por ai.
– Obrigada – sorri envergonhada.
– Como vocês sabem hoje haverá o teste de matemática, mas por um pequeno problema na edição dos testes ele terá de ser adiado para a semana que vem. – Todos comemoram, menos eu, que já estava tão preparada quanto qualquer um, mas melhor ainda que terei mais tempo pra estudar tudo.
– Porque não ficou feliz Jasmim? – Júlia pergunta puxando uma cadeira pra mais perto de mim.
– Bem, eu já havia me preparado pra esse teste –
– Não tem problema, agora você se prepara mais ainda – Gaby ressalta entrando na sala com uma caixa pequena. – Com licença professor, desculpe o atraso – Ronald apenas sorriu. É, hoje ele não estava normal. Sorrindo? Nossa.
– Parabéns pra você...
– Ah não! pode parar – interrompi a cantoria dela – Você sabe que odeio tudo isso – completei
– Ta legal, abra logo o que trouxe pra você sua “reclamona” – Peguei a caixinha rindo de sua expressão. Abri e ali estava um colar juntamente de um pingente de um falcão.
– Que lindo, o que significa? – disse admirada com o colar.
– Diz o meu avô que isso nos protege de toda energia maligna – Julia e eu olhamos para ela com cara de deboche.
– O que foi? Vocês nunca ouviram falar das histórias de Tenesse? – Logo me lembro das histórias da vovó.
– Aquilo são apenas lendas, é claro que não existe tudo isso – disse sem me importar com o fato de Gaby também saber das histórias de Tenesse.
– Bom, eu particularmente acredito que existe energia maligna por ali, tipo demônios sabe? Daria tudo pra ver de perto – revirei os olhos – Chega de tanta idiotice né? Vamos prestar atenção na aula porque eu pretendo tirar um 10 no teste que vem – Falei guardando a caixa em minha bolsa.
Será verdade mesmo essa história de demônios? Ah! Mas que bobagem a minha, ficar pensando em coisas tão absurdas. A Gaby é uma louca mesmo , que coisa, acreditar em uma historinhas que seu avô contava pra ela dormir.
Já estava na saída do colégio quando ouço o grito da Gaby de longe, me viro.
– Jasmim, sua mãe me ligou dizendo que precisa que você vá correndo pra casa – Gaby diz pausadamente devido ter corrido até mim.
– Como assim? Ela falou o que era? É grave? –
– Eu não sei, ela só me pediu para que você fosse lá depressa – acenei com a cabeça como um sim e fui ligeiro a caminho de minha casa. O que pode ser? Porque a Gaby disse que parecia ser tão urgente? Estou começando a ficar preocupada. Entrei em casa o mais rápido possível.
– Mãe? – disse jogando a bolsa em cima do sofá.
– Aqui querida – ouvi sua voz vindo de seu quarto. Entrei no mesmo devagar e me deparo com minha avó deitada em sua cama e minha mãe ao seu lado, a expressão de seu rosto não era dos melhores, dava pra perceber angustia, não sei explicar.
– O que houve vovó? – me ajoelhei do seu lado, segurando sua mão.
– Ela foi no supermercado e chegando lá havia um tulmuto de gente, e então ela desmaiou lá , você sabe que sua avó tem dores de cabeças fortíssimas. Sorte que a nossa vizinha estava lá e a trouxe pra cá. – É, minha vó não pode mais ficar aqui nessa cidade, já que sua dor de cabeça é tão forte e Sydney é uma cidade muito movimentada. E eu conheço bem a dona Lucy, ficar em casa ela não quer de jeito nenhum.
– Venha cá querida – mamãe disse saindo do quarto, guiei-a. Fechei a porta vagarosamente, observando ainda minha avó adormecer. Minha mãe estava com uma cara péssima, acho que queria contar algo, que de fato não estava sendo muito fácil de dizer.
– O que foi? – perguntei logo
– Nós vamos embora de Sydney – Abri os olhos espantada e ressaltei – Embora? Como assim mãe? Não! –
– Shiu! Não a deixe mais nervosa – disse ela se referindo a minha avó.
– Ta legal... mas mãe, embora daqui? Eu não posso largar meus estudos, ir pra onde? – disse dessa vez com um tom mais baixo e novamente usando perguntas compostas, normalmente quando estou nervosa ajo dessa maneira.
– Olha meu bem, eu sei que não vai ser fácil pra você largar seus estudos, suas amigas , mas é pro bem da sua avó. Nós vamos pra Tenesse, lá também tem escolas, não tão eficientes como as daqui, mas você termina seu terceiro ano letivo lá e vem pra cá cursar medicina. Mas nesse momento você tem de ser compreensiva porque eu também estou de mãos atadas, vou ter de pedir demissão e sabe o quanto vai ser difícil? Espero contar com você – minha mãe sempre tem uma desculpa que me deixa exatamente sem argumentos, nem que eu ache um não fará tanto sentido no momento, porque ela sempre tem razão.
– Tudo bem – disse de um suspiro e indo direto pro meu quarto, fechei a porta e me joguei na cama.
– Ei zangadinha – ouço a voz de minha mãe e me sento, ela se senta ao meu lado segurando aquela caixa que segurava pela manhã.
– Você estava tão apressada que mal pude te dar o meu presente – ela colocou a caixa em minhas pernas e beijou minha testa sussurrando um “eu te amo”, apenas sorri e abri a caixa. Dentro dela tinha um lindo vestido branco, de modelo antigo, mas era lindo.
– Quando completei 15 anos, mamãe havia me dado, apesar de ser um pouco antigo ou mesmo “piegas” – ela mudou seu tom de voz para um tom engraçado ao pronunciar a ultima palavra, então rimos juntas. – Mas ele é lindo mamãe, muito obrigada – abracei-a forte.
Apesar de tudo ela me compreende e tenta até ver o meu lado, é isso o que ela sempre vem fazendo, eu nunca implorei pela atenção de minha mãe mesmo estando sempre ocupada, eu sempre vi o seu lado assim como ela sempre vê o meu, no entanto sou bastante compreensiva com ela. E em um momento como esses eu sei que devo ser o máximo, largar coisas que gosto pro bem de minha avó, sei que ela não viverá pra sempre, mas podemos sim prolongar esse tempo, e eu estou disposta a fazer de tudo.
– Você ficará linda nele, ande , estou curiosa pra ver – acenei com a cabeça sorrindo como um sim, fui até o banheiro me despi e em seguida coloquei-o. Fui até o quarto mostrá-la, mamãe ficou ali durante um tempo me admirando, sorriu e me abraçou de imediato.
– Você esta linda minha flor – me assusto com o abraço inesperado, mas logo sedo por seu carinho e a abraço também. Ficamos ali por um bom tempo, fazia tanto tempo que não abraçava minha mãe assim, com vontade mesmo. Não que eu abraçasse antes por abraçar, mas eu digo esse abraço espiritual, que fala mais do que mil palavras.
– Quando vamos nos mudar? – pergunto sentando em minha cama
– Até eu organizar tudo, como sua escola, a de Blair e meu emprego, então no máximo na quinta –
– Mas já? – exaltei, ela se senta ao meu lado.
– Você vai ver querida, logo tudo isso vai passar, eu prometo ta? – ela sorriu, e de alguma forma ela estava certa, e conseguiu me tranquilizar. Acho que é a única pessoa no mundo capaz de me fazer agir dessa forma. Tão compreensiva. Ela saiu do quarto, retirei o vestido e o guardei na caixa. Fiquei deitada até adormecer. “Caminhava em uma mata desconhecida, corria sem saber onde eu queria ir. Até que me deparo com uma cachoeira, e no meio das pedras estava um garoto com roupas brancas, cabelos negros e extremamente lisos, eram lindos e brilhosos, iam até sua cintura. De repente ele percebe minha presença e olha diretamente para mim, seus olhos eram amarelos como de um falcão, seu nariz era arrebitado e engraçadinho, ele correu até mim...”
– O que? – gritei abrindo os olhos. Era apenas um sonho. Mas quem era esse garoto? E porque eu tive de sonhar com ele? Que coisa estranha. Já tinha anoitecido, eu dormi por um bom tempo, peguei o telefone que ficava na minha escrivaninha e disquei o numero da Júlia.
– Alô? –
– Vamos sair? – Já que só tenho mais três dias aqui em Sydney, irei aproveitar o máximo dessa cidade. Depois de termos combinado o local coloquei um vestido azul claro e uma sapatilha branca, penteei meus cabelos e desci.
– Mãe, vou sair com a Julia ta bom? –
– Tudo bem querida, cuidado – e então sai. Fui caminhando devagar, observando as ruas, e percebendo que ia sentir bastante falta de tudo isso. Nossa, esse bairro nunca mudou, desde que eu era pequena morava aqui, lembro que bem ali naquela casa azul morava um garoto chamado Bennid, todo mundo zoava dele porque ele tinha um pai que trabalhava no exercito e nessa época estavam protestando nas escolas contra a violência, eram coisas bestas, mas ele ficava muito triste com o que diziam ao respeito de seu pai. Nunca mais o vi por aqui, coitado. Eu era a única que gostava de brincar com ele. Chegando no shopping procuro por Júlia, ela sempre gosta de ficar nas lojas de sapatos, mas onde será que ela esta?
– Ei Jasmim – Julia sai do elevador
– Oi amiga – sorri
– Por onde quer ir? –
– Vamos pro topo, estou afim de observar a cidade – Julia de fato não entendeu o que eu quis dizer com isso, mas acenou com a cabeça como um sim.
– Então, você ainda não me contou sobre o que aconteceu hoje na colégio na hora da saída –
– Bom, a minha vó tinha passado mal por conta de suas dores de cabeça, ela não pode ficar no meio de muita gente, muita agitação, afinal ela está bem cansada. –
– Mas Sydney é bem movimentada, como vai ser já que sua avó adora sair? – respirei fundo sentando no banquinho.
– Minha mãe resolveu que nós vamos nos mudar daqui pra Tenesse –
– Tenesse? Mas não é lá onde vem aquelas histórias malucas que sua avó conta? – olhei para Julia sem entender.
– Desculpa... mas porque lá? Você vai largar os estudos? – fiquei alguns minutos em silencio, eu não queria ter de dizer isso pra ela até porque me apeguei muito a Julia e a gaby.
– Eu sinto muito em dizer que não vou mais poder ficar, você me diverte assim como a Gaby, eu não sei o que seria dos meus dias sem vocês duas, mas eu preciso me mudar e largar os estudos aqui em Sydney. Apesar de sempre ter...gostado de morar aqui. – olhando para o céu pude perceber uma presença diferente, como a de .... a de meu pai. Um vento forte me abraçou e me fez arrepiar. E pude perceber que era sim meu pai.
– Ta tudo bem Jasmim, eu só espero que você seja feliz e venha ao menos nos visitar de vez em quando. – Acenei com a cabeça como um sim. Eu não sei o que iria acontecer agora, não sei se eu ia me acostumar agora com essa mudança de vida, mas sabe de uma coisa? eu sei que vou ter todo o apoio do mundo, lá pode até não ser tão movimentada, talvez seja tão pacata como eu penso, mas eu sei que vou me acostumar, ou no entanto farei de tudo pra que isso aconteça, tudo pra agradar minha avó, ela precisa muito da minha colaboração nesse momento. Entro em casa, e tudo estava escuro, então fui direto pro meu quarto, me despi e coloquei meu pijama azul, deitei na cama com os pensamentos bem longe. Olhei para o presente da Gaby que estava na escrivaninha e continuei pensando. Porque será que ela me deu esse colar? Muito estranho essa história de energia maligna, sei que não devo dar ouvidos ao que minha avó e a Gaby dizem, isso tudo eu sei que é bobagem. Mas justamente pra mim? E esse sonho com esse garoto com olhos de falcão? foi bem esquisito também. Ah! Acho que deve ter sido porque eu pensei muito sobre essas histórias, ou mesmo mera coincidência, essas histórias devem ser coisas de gente que morou em Columbia, como lendas do povoado de lá, o avô dela deve ter nascido lá assim como minha avó. Bom, eu vou dormir, talvez eu tenha bons sonhos agora.
– Mas ela vai desconfiar logo, acho melhor contar de uma vez – já havia amanhecido quando soou uma voz feminina vinda do corredor. Mas quem será que esta aqui? Vou ficar aqui quieta.
– Eu não sei, já esta sendo difícil demais pra ela ter que deixar essa rotina que ela tanto ama – parecia ser a voz de minha mãe. Do que será que ela ta falando? Ou melhor dizendo, de quem? Será que tem haver com a nossa mudança?
– Calma Rosário! ela vai entender, tente explicar que vocês vão antecipar as mudanças.
– Antecipar? – PUM! – foi o som de minha queda da cama, imediatamente ouço passos, mas vejo tudo embaçado. Ai que droga, pra que eu fui me espantar? Agora elas já sabem que eu estava ouvindo tudo.
– Querida?! Você ta bem? – Minha mãe me ajudou a levantar, demorei alguns minutos pra enxergar melhor as duas. Essa moça parece ser a nossa vizinha que trouxe a vovó pra casa.
– Do que vocês estavam falando? – minha mãe olhou pra moça com cara de preocupada.
– Eu já vou indo, qualquer coisa é só me chamar – minha mãe acenou com a cabeça pra cima e pra baixo como um “tudo bem”, e a moça saiu do quarto. Não acredito que minha mãe escondeu uma coisa dessas de mim, logo pra mim, já que ela quer que eu ajude-a nesse momento, então pra que mentir? Mesmo que eu ficasse brava era pra ter me dito desde o começo. Mas que coisa.
– Já que você ouviu tudo, não tenho o que dizer. Nós vamos viajar amanhã pela manhã. Antes que me pergunte, sim. Eu já havia resolvido todos os nossos problemas, só não queria contar-lhe dessa maneira pra não ficar tão mais desapontada. Abaixei a cabeça e suspirei. Sabe, eu entendo bem o lado da minha mãe, pelo menos eu sou compreensiva. Eu só não queria deixar todo o meu sonho pra trás, eu não queria largar minhas melhores amigas, eu não queria deixar minha adolescência dessa maneira. Porque quando eu acabar o terceiro ano letivo, tudo isso não vai poder ser recuperado. De certa forma virá muitas responsabilidades, eu não quero deixar minha mãe de mão em um momento desses, claro que não. Mas eu só queria seguir meu desejo uma vez na vida, já que minha vida toda tive de ser compreensiva.
– Tudo bem com você? – balancei a cabeça como um sim e sorri, aquele foi um sorriso tão falso que ficou pouquíssimo tempo estampado em meu rosto. Minha mãe me deu um beijo na testa e saiu. Permaneci sentada, pensando. Eu só quero o melhor pra minha avó, minha família ao todo, preciso colocar minha família em primeiro lugar, sempre. Porque tudo isso que eu desejo um dia vai acabar, vai passar, e só mesmo minha família vai permanecer.
– Podemos entrar? – Gaby e Júlia aparecem na porta do quarto.
– O que vocês estão fazendo aqui? – elas se sentaram ao meu lado sorridentes – Sua mãe nos contou tudo ontem e hoje faltamos aula pra vir aqui aproveitar o máximo com você, então coloca um sorriso nesse rosto zangado e vamos nos divertir muito – Gaby disse empolgada.
– Desculpa garotas, eu não estou com cabeça pra isso tudo sabe? Eu queria muito sair e me diverti. Mas eu não estou mesmo afim.
– Vamos, vai ser legal pra você. – É exatamente disso que eu vou sentir falta, da companhia delas, da força que elas sempre me dão. Se o destino me pregou tudo isso, talvez tenha um propósito, ou espero que seja isso de verdade.
– Você não vai ficar aqui trancada nesse quarto olhando a cidade e ouvindo musica triste né? – disse Julia com um tom de deboche. Soltei uma risada baixinha e olhei para ela.
– Vocês são simplesmente demais sabia? Mesmo eu estando um porre de chata vocês vieram tentar me alegrar. Obrigada mesmo por toda a força, eu só quero ficar com vocês aqui até a hora da minha partida – elas sorriram e me abraçaram. E ficamos a manhã inteira brincando, jogando conversa a fora. A Julia como sempre veio falar do John, o menino que estuda no terceiro ano. Ela vive dizendo que nós ainda vamos namorar, só porque ele é super gentil e cavalheiro comigo. Tudo bem, talvez ele esteja mesmo afim de mim, até porque ele já me chamou pra sair várias vezes e eu sempre procurando um pretexto pra não ir. Ela me disse uma vez, que ele estava conversando com um amigo seu e pronunciou meu nome, dizendo que não desistiria de mim. Eu não acreditei muito...ou acreditei. Ai! Não sei se devo dar ouvidos pra essa maluca. – ri baixinho de meus pensamentos – Meus dias não são completos sem elas duas. Vou sentir muita falta delas duas, demais mesmo.
– E então, quando você vai falar com ele de novo? – Gaby pergunta meio risonha
– Ah parem vocês duas, sabem que eu gosto dele como amigo, nada haver eu e ele juntos –
– Não foi isso o que ele disse pra mim e pra Julia – sua voz estava com um ar de suspense
– Nem quero saber dessas historias. Vocês duas estão me empurrando pro garoto. – rimos mais uma vez.
– Venham lanchar garotas – minha mãe grita lá de baixo, descemos animadas. Até que enfim, estou morrendo de fome mesmo. O que será que ela fez? Chegando na cozinha vejo um bolo enorme de chocolate e ao lado uma jarra de suco de goiaba.
– Ah! Que delicia, meu bolo e suco favoritos – disse contente. Minha mãe esta querendo me animar, assim como minhas amigas. E eu reclamando das coisas. Eu tenho sim uma vida perfeita, não importa se vou me mudar ou não, continuará abençoada e perfeita como sempre, basta eu manter o pensamento positivo, até porque eu vou poder vir aqui de vez em quando visitar as meninas. Vovó Lucy estava sentada no sofá observando a nossa baderna na cozinha, então resolveu nos chamar:
– Jasmim, venha cá, quero contar-lhe algumas histórias – peguei mais um pedaço de bolo e fui a sua direção, as meninas fizeram o mesmo.
– Ai que máximo, adoro historias, sobre o que é dona Lucy? – gaby pergunta empolgada.
– Sobre o antigo Tenesse – nos sentamos para ouvir.
– Há muito tempo atrás, na época dos monges, existia apenas uma aldeia em Tenesse. E essa aldeia era protegida por uma pajé chamada Prímula, ela cuidava da saúde do povo, protegia os animais das florestas dos tão temidos falcões e satans. Sua pele era branca como a neve, seus cabelos longos iam até sua cintura, eram negros como os de Jasmim. Seu olhar extremamente expressivo e sua boca pequena, seu ar era de calmaria, sempre tão sábia e corajosa tomava conta de tudo. Tomou o lugar de sua mãe que também era uma pajé, usava um colar protetor com um pingente de um falcão, ninguém entendia porque ela usava ele apesar de ser contra os falcões que eram do mal. Cuidava de seu irmão mais novo, o Heléboro. Mas havia uma coisa que os satans queriam para si, e era exatamente aquele colar tão misterioso de Prímula, no entanto a aldeia vivia atormentada pelos satans e falcões. Dizem que eles tinham forma de humanos, mas suas formas verdadeiras são as de falcão. Existia um falcão que era de fato diferente dos outros, ele possuía um olhar penetrante, sua forma humana era linda, seus cabelos longos e brilhosos eram de dar inveja, tinha um nariz arrebitado e um olhar misterioso. Prímula ouvia muito falar desse satan da sarcedotisa Érica, que vivia há muito tempo na aldeia e contava historias incríveis. Esse satan se chamava Bennid, um demônio falcão que tem forma humana e parece ser muito forte e misterioso, quando possui a forma humana chama a atenção de muitas mulheres da aldeia, mas logo foge para não chamar mais atenção. Certo dia prímula resolve tomar banho na cachoeira que ficava longe da aldeia, e percebe a presença de alguém, mas pensou que fosse coisa de sua cabeça. Sentou-se perto de uma árvore para meditar, de repente ouviu um galho se quebrar.
– Pode sair já daí, eu sei que você estava me espionando desde que sai da aldeia – disse prímula com um tom calmo e sereno. Então Bennid saiu de trás da arvore e sentou-se ao lado de Prímula, quando o mesmo percebeu que ela havia o colar de falcão, logo se espantou.
– Você quer isso não é? – ela segurou o colar olhando para o rapaz. Ele riu e olhou para o nada.
– Acha que segui você por uma coisa tão tola como essa? – e ela sorriu
– Então porque me seguiu? – o rapaz ficou sem argumentos, de fato ele queria mesmo era observar a bela moça bondosa da aldeia, de certa forma ele chamava a atenção de muitos homens da aldeia, e principalmente de Bennid.
– Achei que fosse um falcão disfarçado, ou coisa do tipo – mentiu. Prímula soltou um sorriso irônico e ficou observando a expressão do rosto de Bennid.
– Se não estou enganada, pensaria que me achou atraente – ele se espantou com o que ela acabara de dizer.
– Ora mas não diga besteiras! Nunca eu acharia uma humana atraente – levantou-se com o impacto de seu espanto. E saiu correndo pela floresta. Prímula continuou a rir baixinho.
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