Fanfic: A Paixão Secreta de Alfonso Herrera - AyA [adp-FINALIZADA] | Tema: AyA /RBD/Ponny

-Excelência, o senhor Herrera está aqui.

  Ah, senhor. Então era certo. Anahí tentou não deixar-se vencer pelo pânico.

  -Annie -disse Alec- se importaria de esperar no salão?

  Não houve necessidade de que o repetissem. Anahí já estava de pé e saindo da sala.

O duque foi muito civilizado quando Alfonso entrou em seu escritório. Alfonso não esperava que fosse de outra maneira. Alec parecia relaxado, mas Alfonso não podia se enganar. As formalidades que trocaram eram forçadas, a tensão flutuava no ar, intensa e cortante.

 Alfonso não tinha nenhum desejo de pospor o inevitável. Enfrentou o duque de frente.

  -Sejamos francos, excelência. Minha conduta de ontem à noite com sua irmã merece todas suas recriminações.

  Alec se recostou sobre a cadeira. Sua expressão era severa.

  -Tem minhas mais sinceras desculpas - disse.

  -Suas desculpas não são suficientes, senhor. -O tom de Alec era cortante.

Alfonso não retrocedeu ante seu implacável olhar. O que podia dizer? O que era o que devia dizer? Inclusive agora, não sabia por que nem como tinha ocorrido. Nunca deveria ter acontecido. Mas aconteceu, e já não havia volta atrás. Tinha brincado com uma senhorita, com uma mulher solteira. Pelo amor de Deus, com a irmã de um duque! E em sua própria casa!

Provocou-lhe. Provocou-lhe de uma forma que não tinha acreditado possível, de uma forma em que nunca sonhou que pudesse acontecer. O certo é que se tornou -por um momento- um pouco louco.

  No mais profundo de seu ser, sabia que não era culpa de Alfonso. Ela era jovem. Inexperiente. Ele, pelo contrário, não tinha desculpa.

  -Não posso tolerar que minha irmã caia em desgraça - assegurou Alec - Não o farei. Esta não é a forma em que deveria buscar-lhe um marido. Mas não posso permitir que seu nome fique manchado. Não posso permitir que a humilhação e a vergonha caia sobre minha mãe. Sobre toda minha família. Devo pôr remédio a esta situação. Só você, senhor, pode fazê-lo.

Alfonso o olhou, mantendo sua expressão sob controle.

  -Você é um cavalheiro - seguiu Alec-, posso confiar que atuará como tal?

Alfonso ficou calado, mas sua mente não parava de pensar. Sabia muito bem o que era que Alec estava sugerindo... de fato, tinha esperado. Mas não tinha parecido uma realidade até agora. Casar-se com ela... Sua mente não o aceitava. Era algo inconcebível para ele. Impossível.

  E inevitável.

  Sentou-se com as mãos nos joelhos. Tinha que deixar de golpear-lhe com os punhos. Fervia-lhe o sangue. De alguma forma, tinha sabido que aconteceria. Teve um pressentimento... Entretanto, agora que o momento tinha chegado...

Alfonso tinha um gosto amargo na boca.

Se as circunstâncias fossem ao contrário, Alfonso teria pedido o mesmo. Entendia o sentimento protetor de Alec. Supunha que Alec não tinha outro recurso. Mesmo assim, a ideia o engasgava. Não tinha por que agradar-se. Nenhum homem gostava que o obrigassem a casar.

  Sentia a necessidade de esclarecer seus sentimentos.

  -Não desejo me casar...

  Alec entrecerrou os olhos.

  -Deveria ter pensado nisso antes de pôr as mãos sobre minha irmã.

  -Deixe que termine - disse Alfonso com frieza.

  -Certamente. - O tom de Alec era amável; seu tom frio, não.

  -Por muito que não tenha considerado a possibilidade - sua boca se torceu em um sorriso sombrio-, parece que não tenho outra opção que me casar com sua irmã.

  Era consciente de que o duque não apreciava nem o tom nem as palavras que estava utilizando.

  O duque inclinou a cabeça.

  -Me encarregarei, certamente, de que receba um generoso dote...

  -Não quero dote. -As palavras soaram definitivas. Deus, tampouco a queria.

  O tom de Alec foi frio.

  -Devo supor que retornará a sua casa no norte?

Alfonso assentiu.

  -Tenho sua palavra de que a tratará bem?

Alfonso ficou rígido. Mal moveu os lábios ao dizer:

  - A pergunta me ofende.

  Alec assentiu. A tensão começava a desaparecer de seu rosto.

  -Certamente. Perdoe-me. É só que... isto foi tudo inesperado. Não imaginei que tivesse que ver-me em uma situação assim.

  Nem ele tampouco, pensou amargamente.

  -Há outra coisa - disse Alec lentamente- Acabo de recordar por que seu nome me era tão familiar. -Fez uma pausa- Por favor, entenda que não quero incomodá-lo - disse, devagar.

  Mas o fez. Alfonso esticou o corpo. Sabia o que vinha a seguir. Sabia o que Alec ia dizer. Demônios, pensou. Demônios!

  -Embora sejam tardias, por favor, saiba que tem minhas condolências.

  -Obrigado. -Alfonso teve quase que obrigar-se a responder.

  Houve uma pausa incômoda.

  -Anahí sabe?

  -Não. -A resposta foi inexpressiva e pouco comprometedora.

  -Deveria - disse Alec em voz baixa.

  -E eu lhe agradeceria, excelência, que me deixasse me ocupar desse assunto. -Apesar de ter a boca contraída e séria, Alfonso conseguiu manter a expressão.

  -Como quiser, então. -Alec o observou um momento. Depois, levantando-se, rodeou a mesa e lhe estendeu a mão.