Fanfic: A família Uckermann (Adaptada) | Tema: Rebelde

Dulce deu uma olhadela no bebê, entretido com um pônei musical.
- Ainda está fugindo.
- Mas você está aqui, com o filho dele.
- Eu sei. - Dulce observou o pônei. Poncho havia comprado o cavalinho para Miguel apenas algumas semanas antes de ele nascer. Aquele era o único brinquedo que a criança possuía que não viera de uma loja de usados.
Havia um outro pônei que tocava canções de ninar, lembrou Dulce. Enterrado perto de uma cabana em Oklahoma.
- Me conte mais sobre a mãe de Miguel.
Dulce tomou um gole do café amargo coado por Chistopher, esperando acalmar as mãos que tremiam insistentemente. Ela ainda sonhava com o outro pônei. Ainda acordava no meio da noite em prantos.
- Anahí não estava bem, ela teve uma gravidez difícil. Eu fiquei preocupada com o parto, se haveria alguma complicação.
- E houve?

- Não, correu tudo bem. Foi um parto longo, mas deu tudo certo.
Dulce se lembrou do caixote, embrulhado em couro, que Poncho havia enterrado. As preces Cherokee que ele entoou naquele dia ficariam gravadas para sempre na sua mente, no seu coração.
- Mas logo depois que Miguel nasceu, Anahí ficou doente. Primeiro, imaginou que fosse apenas estresse. Nos mudávamos constantemente, e isso exigia um grande sacrifício de cada um de nós. Anie pegou uma tosse que não dava trégua. Mas, por mais que estivesse abatida, simplesmente se recusava a ir ao médico.
- Por quê? Porque ela tinha medo de chamar atenção?
- Isso mesmo. - Dulce ainda podia ver Anahí, pálida e cansada, deixando que ela tomasse conta do menino, durante os dias em que não tinha condições de cuidar dele. - Poncho fez tudo o que podia para convencê-la a procurar um médico. No entanto, Anahí estava determinada a se curar sozinha, tomando remédios homeopáticos.
A voz de Chistopher assumiu um tom áspero.
- Mas que diabo Alfonso estava planejando? Viver correndo na estrada para sempre?

- A princípio, ele e Anahí queriam ir para o México. Mas o contato de Poncho na Cidade do México revelou que a Máfia já estava lá, procurando por eles. - Dulce estudou as próprias mãos, concentrando o olhar sobre as unhas compulsivamente roídas.
- Como não podíamos adivinhar onde mais eles estavam procurando, decidimos continuar fugindo. - Fazendo o possível para o dinheiro durar, lembrou ela. Sempre que podia, o irmão arrumava trabalho. Para isso, Poncho usava carteiras de identidade falsas. Também trocava de veículo com freqüência, registrando os carros sob um nome fictício.
- Então, quem é o pai de Anahí? Qual o nome dele?

- Enrique Halloway. O FBI chama a Família da Costa Oeste da Máfia de Hollywood. Halloway, Hollywood. É um trocadilho, e o sujeito tem conexões com a indústria do entretenimento.
Chistopher suspirou.
- Eu não sei nada sobre a Máfia, além daquilo que já vi na TV. Os caras italianos de Nova York. Ou Nova Jersey, ou qualquer outra cidade.
- A Família da Costa Oeste não é uma trupe de italianos caricatos. - E a ruiva sabia muito mais sobre a Máfia, mais do que jamais sonhara. Poncho havia se "ordenado", o que significava sacrificar a própria alma pelo crime organizado. - Meu irmão estava estudando uma forma de me mandar de volta para casa. E de simular a morte dele, assim como a de Anahí e de Miguel. Para isso, Poncho queria encenar um acidente no qual eu fosse a única sobrevivente. Mas Anahí adoeceu e tudo mudou de figura.
- Ele devia ter mandado todos vocês para casa. Poncho não podia ter mantido duas mulheres e um bebê nessa fuga desvairada.

- Anahí não queria voltar para a família dela. Sempre detestou aquilo que o pai representava, o estilo de vida altamente luxuoso e corrupto, digno de um criminoso da sua estirpe. Além disso, ela amava Poncho e queria ficar com ele, afinal, era seu marido. Seu marido Cherokee - enfatizou Dulce. - Poncho executou a antiga cerimônia do cobertor. Pode não ter o menor valor oficial, mas foi o bastante para que eles se sentissem unidos.
Chistopher balançou a cabeça.
- Nossa, quando você tinha 16 anos, cismou que eu tinha que fazer isso com você. Que idéia maluca.
Dulce sentiu um aperto no peito.
- Eu era jovem e romântica, e queria que você se entregasse a mim.
Decidida a conter o choro, Dul sorriu de volta para Miguel. Ela tinha aquela criança para criar, praticamente um filho. E por esse motivo deveria ser forte.
- Anahí morreu? - perguntou Christopher, quebrando o silêncio.

- Não, mas provavelmente não irá viver por muito mais tempo. Quando o estado de Anie piorou, Poncho insistiu em levá-la até uma clínica. Lá, depois de uma série de testes, os médicos descobriram que ela tinha um pequeno foco de carcinoma no pulmão, uma espécie de câncer que progride rapidamente. Sem tratamento, o tempo médio que alguém consegue sobreviver é de apenas dois ou quatro meses, a contar do diagnóstico. Nós tomamos uma decisão. Anahí deveria retornar para a família. Ela precisava de cuidados médicos urgentes.
- Eu sinto muito - disse Chistopher, num tom solidário.
- Anahí só tem 22 anos. E como ela não fuma, nós jamais seríamos capazes de pensar em câncer de pulmão.
- Mas por que Anahí não levou o filho para casa com ela?
- Porque ela não queria que o pai tivesse alguma participação na educação dele.
- E seu irmão?

- Ele não podia cuidar de Miguel, não vivendo como um fugitivo daquele jeito. Ele sabia que o pai de Anie nunca desistiria de procurar por ele, e que sempre seria um alvo em potencial. Por isso, os dois resolveram renunciar ao filho, de modo que a criança pudesse ter a chance de levar uma vida segura e livre de toda aquela imundície.
"Nós fabricamos uma mentira. Era a única coisa que poderíamos fazer, nossa única alternativa."
- Que mentira? - indagou Chistopher, perscrutando Dulce através de olhos escuros e penetrantes.

Continua amanhã... Ahh gente vocês não imaginam como eu estou feliz :D