Fanfic: A família Uckermann (Adaptada) | Tema: Rebelde

— Não estou, não. — Mas estava, e ambos sabiam disso. Dul sempre teve um senso de humor patético, mesmo quando se tratava do cara-de-pau do irmão.
— Obrigada por tomar conta dele enquanto eu estava no chuveiro.
— Eu só peguei o pônei do chão. — Mas, dali em diante, Christopher decidiu que não serviria de apanhador oficial para o pequenino filhote de lobo. Por mais bonitinho que Miguel fosse, Christopher não queria mimar o filho de Alfonso. E também não planejava passar as manhãs jogando conversa fora com Dulce. O robe dela se abria de novo, e as paredes o estavam sufocando.
— Eu tenho que ir. Terei um dia cheio pela frente. — Christopher ainda precisava contar para o primo que Dulce voltara.
E mentir acerca de Miguel ser filho deles.
Christopher se encontrou com o primo no escritório do estábulo. Christian Chávez dividia seu tempo entre ministrar aulas de equitação na arena e bancar o cicerone dos passeios guiados às montanhas. Evidentemente, hoje em dia, o pródigo rancheiro se contentava ficando em casa com a esposa e com o filho recém-nascido.
Christian conquistara seu direito à felicidade, Christopher acreditava. Havia perdido a primeira esposa num acidente de carro, uma colisão tão violenta que uma das pernas precisou ser amputada. Mas aquilo não o restringia em nada. Christian usava uma prótese, e era tão ativo e atlético quanto qualquer outro cowboy que Christopher conhecesse.
— Ei — saudou Christian, avistando Christopher da sua escrivaninha. Seu espaço de trabalho, como de costume, estava impecável. Christopher era muito responsável.
Está bem, talvez os atrasos para as reuniões fossem notoriamente reconhecidos. Assim como o fato de que, nas noites longas, escuras e solitárias, Christopher assistia a filmes eróticos, ficando mais bêbado do que um gambá. Mas ao menos ele não se tornou como Alfonso.
Entretanto, aos poucos, as lições de Christian começaram a penetrar suas cabeças duras. Até mesmo Poncho começou a seguir a filosofia indígena, por todo o bem-estar que lhe causara.
— Você tem um minuto? — indagou Christopher.
Christian se voltou para ele novamente.
— Claro. O que você quer?
— Dulce voltou.
A expressão no rosto do Primo congelou.
— Ela está em casa?
— Sim. Em casa.
— E o que mais? — Christian se chegou para perto, sentando na beira da mesa.
— Ela... nós... — Como diabos poderia mentir para o primo, o homem que cuidara da sua mãe enferma, construíra aquele rancho e o tratava como a um filho? (Gente nessa web o Christian é mais velho que todos os outros ok?)
— O que está errado? Por onde ela andava?
— Com Poncho. Eles... — Christopher parou, inseguro sobre o quanto estava autorizado a revelar. Devia ter perguntado a Dulce. Devia ter...
— Christopher — pressionou Christian.
— Alfonso precisou se esconder de alguns criminosos, e Dulce estava com ele. Não pôde voltar, até agora.
— E Poncho está bem?
— Desde que eu saiba, parece que sim. — Eliminando os pormenores sobre a Máfia, Christopher prosseguiu. — A coisa mais importante que eu precisava contar ao senhor é que Dulce teve um bebê enquanto estava fora. Meu filho....
Pronto. Conseguiu. Com toda pompa, Christopher deixou que a mentira jorrasse, com o máximo de convicção da qual pôde dispor.
— Uau. — Admirado, Christian só conseguia encarar o sobrinho. — É um menino ou uma menina?
— Um menino. Ele tem 10 meses e seu nome é Miguel.
— Mas isso é incrível.
— Ah, oh se é.
Por um momento, ambos permaneceram em silêncio, e então o primo perguntou:
— Você está bem com toda esta história? Deve ter sido um choque. E eu sei o quanto você se sente desconfortável a respeito da...
— Legitimidade? — completou Christopher, antes que Christian pudesse terminar. Sabia perfeitamente que aquilo passaria na mente do primo. Christopher prometera muitos anos atrás que jamais engravidaria uma mulher sem casar-se com ela. Não queria cometer o mesmo erro do pai.
— Dulce e eu estamos tentando consertar as coisas, mas tudo está um pouco tenso por enquanto.
— Compreendo.
— Você acha que poderia espalhar a novidade? Contar ao pessoal que Dulce está de volta. E mencionar Miguel. Não gostaria que eu mesmo tivesse que contar a todo mundo. — Fez uma pausa para tomar o fôlego necessário. — E eu ficaria muito grato se o senhor pedisse às pessoas que nos dessem um pouco de privacidade. Ainda não estou pronto para lidar com visitas passando por lá, levando bolos ou tortas, ou qualquer outra coisa.
— Sem problema. Cuidarei disso.
— Obrigado. Vou sair agora. Tenho algumas coisas para fazer no hotel.
Christian tateou com as mãos, procurando a xícara de café sobre a mesa.
— Você vai me dizer quando poderei ver seu filho? E Dulce?
Sem dizer uma palavra, Christopher concordou com a cabeça, e então agarrou o chapéu e esquivou-se rapidamente pela porta, temendo a decepção que já estava começando a viver.

Dulce não sabia o que fazer. Aquele cão enorme continuava a arranhar a porta e a latir. Chegara até a uivar algumas vezes, um grito de guerra capaz de acordar os mortos. Dul fez uma careta. Agora o cachorro começara a ganir, e aqueles latidos cortantes e agudos perfuravam seus tímpanos.
Aquilo era o suficiente. Era hora de ligar para Christopher. Ainda lembrava o número do celular dele.
Enquanto o cachorro gania e gemia, e tentava entrar na casa a patadas, ela digitou o número.
— Alô?
— Christopher, sou eu, Dulce.

Continua...