Fanfic: A Bela e a Fera •AyA• Adaptada FINALIZADA | Tema: AYA/ PONNY

— É apenas atração.

— Atração eu conheço. É algo apenas temporário.

— E eu sou apenas temporária em sua vida, Alfonso — disse Anahí, tentando manter a voz firme.

— Meu Deus, o que esse homem fez com você? — perguntou ele, detestando aquela frieza, e querendo saber o que a causara.

Ela ergueu o queixo, num gesto de desafio.

— Ele me pediu em casamento, e cometi o erro de aceitar, acreditando que me amava. Dois dias antes do casamento, soube que iria casar-se comigo por causa de meus títulos de beleza, para me exibir para a sociedade.

Alfonso murmurou, demonstrando compaixão, mas ela não queria piedade. Já bastavam as irmãs e os amigos, tentando confortá-la.

— Paul pretendia continuar com a amante, e eu seria um troféu para mostrar aos amigos, receber visitas e gerar um lindo casal de filhos. — Ela sacudiu a cabeça, fitando o mar. — E eu não queria nada — disse, virando-se para Alfonso —, além de amor.

— Ele foi um tolo, egoísta e arrogante. — Aquela mulher maravilhosa o amara e o idiota não reconhecera seu valor, pensou Alfonso.

— Também prefiro pensar assim.

Ele segurou-a pelo braço, e Anahí estremeceu de expectativa. Mesmo assim, reagiu.

— Não, Alfonso. Não posso me envolver com você.

— Acho que não tem mais jeito. Está na minha casa, cuidando da minha filha... E me deixando louco. — Ele baixou a cabeça.

O perfume dele envolveu-a, e o calor do corpo forte aqueceu sua pele, protegendo-a do vento. Anahí não podia mentir para si mesma. Apesar de saber que era arriscado, que poderia magoar-se outra vez, já que ele não sairia para a luz, nem por ela, nem pela filha, não pôde resistir. Queria que ele a beijasse novamente, precisava saber se o que havia sentido na escada era verdadeiro, se o toque dele realmente podia fazê-la arder. Ou seria apenas o mistério do rosto e do corpo que não podia ver a dor que escondia nas sombras? Ou seria apenas o erotismo daquela voz sedutora, que vinha das sombras e parecia enfeitiçá-la?

Alfonso sentiu o gosto de Anahí, antes mesmo de seus lábios se tocarem. Ouviu o gemido abafado, pedindo mais. Então, a boca de Alfonso devorou a dela, e o calor espalhou-se por seu corpo, penetrando nos ossos, como um fogo incontrolável.

— Anahí — murmurou, e ela enterrou os dedos no peito dele, puxando-o para mais perto.

— Não devíamos... — As mãos dela deslizaram pelo peito forte, mas Alfonso segurou-lhe os pulsos, prendendo-os atrás das costas de Anahí.

— Não — gritou ela, o desejo transformando-se em raiva. — Não posso — ofegou, afastando os lábios dos dele. — Não consigo viver assim. Se não confiar em mim, não pode haver nada entre nós.

Ela lutou para livrar-se, e imediatamente Alfonso soltou seus pulsos. Anahí não olhou para trás, enquanto corria para a casa, o corpo ansiando pelo dele, o coração partido.

Alfonso viu-a afastar-se, tentando recuperar o fôlego. Aquilo não estava acontecendo, não podia ser, disse a si mesmo, o corpo ardendo de desejo. Mas, no mesmo instante, viu-se como uma imitação patética do homem que fora um dia. E detestou.

Depois de uma corrida que testou até o limite seus músculos doloridos, Alfonso voltou para casa, pegando um copo de água antes de subir. Ao passar pela sala, encontrou um dos desenhos de Anahí sobre a mesinha de café. Era um esboço de Kelly, dormindo na poltrona, com a gatinha. Havia outro, da casa, e mais um, de Kelly sorrindo graciosamente. O que o surpreendeu não foi apenas o fato de que eram muito bem feitos, mas o amor que era possível detectar em cada traço. E tinham sido feitos num bloco simples, a lápis. Alfonso pegou um dos desenhos de Kelly e dirigiu-se ao quarto, quase sem se importar em ser descoberto vagando pela casa. Sabia que Anahí faria de tudo para evitá-lo.

Os dois dias seguintes provaram que estava certo. Anahí deixava as refeições na porta da suíte, com uma batida na porta, e não mais do que duas palavras. Sabia que, se falasse com ele, as lembranças voltariam, e o desejo também. Também sabia que não iria adiantar, mas precisava de tempo para pôr a cabeça e o coração, no lugar. No entanto, cada vez que pensava nele, ficava mais confusa.

Kelly parecia especialmente feliz naquele dia, e Anahí tentou se concentrar na menina, para esquecer suas apreensões. Andaram na praia, catando conchas, que lavaram e colaram na moldura de um espelho antigo que ela encontrara na garagem. Um dos lados da garagem estava todo desarrumado, enquanto o outro estava em ordem e limpo. Anahí imaginou que muitas daquelas caixas deviam ter pertencido à ex-mulher de Alfonso, e guardavam lembranças do casamento.