Fanfics Brasil - 2 - Mercy Dear Insanity

Fanfic: Dear Insanity | Tema: Violação


Capítulo: 2 - Mercy

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A vergonha foi algo com que nunca lidei bem.


Não tolero a humilhação. Desprezo, abomino, retraio-me perante ela.


O facto de saber que as outras pessoas possam apontar-me o dedo por algo que eu fiz, corroí-me a alma. Por vezes basta apenas uma acção fora de tempo, uma palavra fora do contexto e passamos aquela impressão aos demais que, por vezes, não espelha o nosso verdadeiro eu.


E faz-me ter medo.


Faz-me querer chorar, partir tudo o que se atrevesse à minha frente e matar todos os que ousem falar-me.


E há muito que a vergonha não me visitava. Há muitos anos que evito a sua chegada, contornando-a.


Mas não se pode fugir para sempre não é? Não se pode evitar os nossos medos para toda a eternidade. Tem de existir um dia em que vamos perder toda a vergonha e enfrentar os nossos demónios pela fronte e deitá-los a baixo.


Mas agora eu pergunto: e se forem os nossos demónios que nos encontrem a nós? E se, por mais que fujamos, por menos preparados que estejamos para enfrentar os medos, eles voltem sempre para nos assustar e nos fazer sofrer.


Nós não pedimos o meio em que crescemos. Simplesmente crescemos no meio que nos é imposto.


E nada podemos fazer para mudar isso.


Foi há onze anos.


Foi há onze anos que o meu tio se mudou temporariamente (por tempo indefinido) para nossa casa. O meu irmão mais velho cedeu-lhe o seu quarto, enquanto ele, com dez anos, ficou no sótão.


Na verdade, ele ficara mais que contente com a vinda do nosso tio. Assim ele podia ver televisão no sótão sem que os nossos pais pudessem controlar as horas a que se deitava.


E eu também pensava que iria gostar de ter o meu tio, mais velho que o meu pai, na minha casa.


E ao início gostei.


Passeou comigo no parque, brincamos, comprava-me gelados. Ele gostava bastante de mim.


Na verdade, vim a descobrir que ele gostava demasiado de mim.


Foi três semanas depois de ele se ter instalado na nossa casa, que choveu torrencialmente. Trovões enchiam os céus e rajadas de vento faziam as portadas abanar e quase voar ao sabor daquela força imensa.


Eu tremia, na minha cama, debaixo dos meus lençóis amarelos.


Afinal, tinha apenas seis anos.


E o meu tio ouviu-me.


E a noite passou então de um sonho mau a um pesadelo.


Veio até mim, até ao meu quarto quando me ouviu soluçar devido à tempestade.


Nunca antes desejei tanto estar calada, engolir os meus medos.


Entrou no meu quarto, deixando trespassar uma ligeira luz enquanto fechava a porta da divisão rosa onde eu sempre dormia.


Sentou-se na beira da minha cama e eu, inocente, saltei imediatamente para o colo dele.


Lembro-me como se fosse ontem.


Ele começou a fazer festas na cabeça, percorrendo com os dedos enormes os meus cabelos ruivos enquanto sussurrava palavras de conforto.


E eu agarrei-me a ele, abraçando-o e cavando sem saber, a minha própria sepultura.


E para minha grande tristeza, na minha sepultura, havia espaço suficiente para duas pessoas…


Começou por deitar-me na cama, de barriga para cima e deitou-se ao meu lado, acariciando a minha bochecha, o meu queixo, obrigando-me a fechar os olhos.


E eu fechei.


O meu tio estava ali comigo, eu não sentia medo, não tinha de sentir medo. Não devia.


Como eu era ingénua e pura naquela altura.


Do meu queixo, a sua mão desceu até à renda da minha camisa de dormir.


A sua mão entrou, fria e agressiva.


E eu gelei.


Tremia.


O meu tio… que estava ele a fazer? Não compreendia. Não tinha capacidade para o fazer, para me defender naquela idade. Não sabia o que aí vinha.


Mesmo sendo inexistente, o meu tio rodeou com a mão o meu peito e massajou.


Gemi de nojo, de medo, de vontade de vomitar.


Ele aproximou-se mais de mim.


Outrora podia ter visto aquele gesto como sinal de protecção, como um porto seguro. Agora todos os meus instintos diziam-me para fugir dali, para gritar pelos meus pais.


Mas ele tapou-me a boca.


Ele não iria permitir que eu acabasse com o sonho dele, meu pesadelo.


Os meus olhos marejavam e a minha boca tremia como varas verdes, prestes a deitar todos os soluços que tinha contido.


Ele beijou-me o pescoço, os seus lábios a chuparem-me a pele, a sua língua e provar o meu sabor.


Não aguentei. Virei-me para o lado e vomitei, sujando o meu tapete florido.


Ele consolou-me. Disse que não fazia mal. Que estava tudo bem.


Queria confiar nele. Queria depositar a minha confiança nele. Mas e se falhasse? Para além do mais, eu era uma criança, que sabia eu acerca de confiança? Acerca do bem e  do mal? Certo ou Errado?


Mas não estava.


Assim que me recompôs, ele retirou a mão de dentro da minha camisa apenas para a ir colocar por baixo dela, mesmo abaixo da minha cintura de menina.


As cuecas foram arrancadas com um puxão e uma mão entrou no sítio onde a minha mãe sempre me dissera ser proibido para as meninas pequeninas.


E ele respirou fundo.


Na altura não compreendi, mas agora sei que foi de prazer. Ele não era casado e duvido que tivesse relações sexuais frequentemente, por isso, aliviou-se comigo, com o meu pequeno e débil corpo.


Era simplesmente nojento.


Lembro-me de fechar os olhos com força.


Aquilo não estava a acontecer porque era só um pesadelo e os pesadelos passam não é?


Os meus olhos continuaram fechados até que ouvi o som de um fecho a abrir e de um cinto a ser desapertado.


Os meus ossos gelaram, as lágrimas caíram finalmente e os soluços foram libertados.


E foi então que senti a maior dor da minha vida.


Algo entrava e saia em mim de forma agressiva e dolorosa.


Uma invasão que o meu pequeno corpo não podia suportar.


E o meu tio arfava. Gemia. E continuava a empurrar-se contra mim.


Lembro-me tão bem…A dor ainda está tão presente.


Eu chorei no início, mas quando ele terminou, eu só olhava para ele com uns olhos castanho sem expressão alguma. Era um robot. Era uma estátua.


Criança? Não. Já não podia ser uma criança. Não depois do que fora sujeita.


E foi o meu irmão que me retirou daquele sofrimento.


Foi o grito dele quando viu o meu tio a sair de cima de mim, sem calças e eu apática, que me chamou à realidade.


Comecei então a chorar e os meus pais apareceram a correr, assustados, enojados, enraivecidos.


Enquanto a minha mãe me pegava ao colo e aconchegava, o meu pai distribuía socos e pontapés pelo corpo do irmão mais velho.


Antes de sair do quarto pelo colo da minha mãe, olhei uma última vez para a cara do homem que me tirara a inocência. Ele sorria enquanto o seu corpo estava deitado de lado no chão, servindo de saco de boxe para os pés do meu pai.


Ele sorria e disse-me adeus.


E foi a última vez que vi o meu tio.


Até hoje à tarde…


 




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Autor(a): Soph

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 23



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  • soph Postado em 30/05/2012 - 19:01:55

    Obrigada :)Mas não, felizmente não é real. é tudo só da minha cabeça :')

  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:14

    Que triste, me dá vontade de chorar... Mas continua. Essa historia é real ? Sua ? :'( :'( :'(

  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:14

    Que triste, me dá vontade de chorar... Mas continua. Essa historia é real ? Sua ? :'( :'( :'(

  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:14

    Que triste, me dá vontade de chorar... Mas continua. Essa historia é real ? Sua ? :'( :'( :'(

  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:14

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  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:13

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  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:13

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  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:13

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  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:13

    Que triste, me dá vontade de chorar... Mas continua. Essa historia é real ? Sua ? :'( :'( :'(

  • NataliaLeal Postado em 29/05/2012 - 22:49:13

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