Fanfic: O amor de William Bonner e Fátima Bernardes.

Fátima chegou em seu apartamento. Não queria pensar em nada. Só queria esquecer que esse dia tinha existido. Mas a sua mente sempre dizia ao contrário. 

A imagem da arma presa na cintura entre a calça e a blusa de Mário ainda estava nítida em sua cabeça. Estava tão nítida que ainda podia ver os detalhes dela. Não podia acreditar que ele podia ter chegado aquele ponto. E ainda, ela já tinha sido casada com ele!

Fátima foi para o seu quarto e tomou um longo e demorado banho. Queria esfriar a sua cabeça com a água fria, mas não conseguia. Percebendo que ficar em baixo d`água não ia levar a lugar algum, ela encerrou o banho e se arrumou para dormir. Vestiu a sua camisola e caiu na cama.

Ela ficou pensando e pensando. Queria parar de pensar, queria tentar ao menos relaxar, mas não conseguia com o fato de ela ter sido ameaçada poucas horas antes. Aquilo era perseguição, obssessão, loucura, maluquice, enfim, não existe uma palavra certa para descrever Mário psicologicamente. Pois seriam muitas as palavras para tentar descrever um terço da mente dele. E também porque não vale a pena falar.

Fátima, percebendo que não conseguiria dormir, se levantou e tomou um remédio que faz a pessoa dormir. Deitou na cama novamente e esperou o remédio fazer efeito. Enquanto o sono não vinha, ficou pensando em uma única pessoa: William.

Não queria se separar dele, não queria mais deixar de sentir o amor dele... mas ela tinha que fazer isso. Tinha que romper tudo. Pelo próprio bem dele.

Foi com essas últimas palavras que Fátima adormeceu com o efeito do remédio. 

Fátima acordou no dia seguinte muito cedo para quem tem que ir para o trabalho as nove horas da manhã. Eram seis e meia da manhã quando ela tinha se levantado. Sabia que era muito cedo, mas não queria voltar a dormir. Afinal, ela não tinha saco muito menos disposição para isso. Resolveu ir logo se adiantando e ir se arrumar para não ter problemas na hora que ir. Depois de fazer o habitual de sempre, ela tomou o seu café e ficou sentada no sofá da sala pensando em uma forma de terminar com ele. 

Foi aí que ela teve uma idéia. Sim... pensou ela. É claro! Eu posso mandar uma mensagem indireta para ele. Uma mensagem indireta dizendo o real motivo do término. Não podia falar o real motivo, não podia ficar com ele, mas ninguém disse que ela não podia mandar uma mensagem indireta. 

Ela sorriu com a possibilidade. Podia dizer, indiretamente, que não estava deixando-o porque o amor acabou. E sim porque ela estava sendo obrigada. Ele vai perceber, pensou Fátima, ele me conhece bem, vai perceber que eu vou estar tentando dizer alguma coisa indiretamente. Ai, tomara que isso dê certo, pensou ela fechando os olhos com força.

A campainha do apartamento toca. Fátima se levanta, um pouco surpresa, se perguntando quem estaria ali. Pedia mentalmente que não fosse o Mário. Olhou através do olho mágico e viu que era Alice que estava do lado de fora. Deu um grande suspiro de alívio e abriu a porta.

Quando viu Alice pela última vez, ela estava com raiva, muita raiva. Mas agora, esbanjava um sorriso de orelha a orelha.

-Alice?-Perguntou Fátima para checar se ela estava lúcida. Mas tudo que ela fez foi abraçar a amiga de um jeito que nunca tinha a abraçado antes.

-Alice? O que aconteceu?-Perguntou Fátima, sem pestanejar.

-Ai Fátima. Foi lindo, foi tudo muito lindo.-Disse ela ainda sorrindo.

-Calma, Alice. Acalma o coração. Entra. Assim você me explica direito o que aconteceu.

Elas se soltaram e entraram. Alice se sentou no sofá e Fátima também fez o mesmo. Assim que ela se sentou, ela falou:

-Foi tudo muito lindo, Fá. Eu nunca tinha experimentado algo igual.

-O que foi que você experimentou?-Perguntou Fátima, confusa.

Alice contou tudo o que aconteceu com ela na noite de ontem. Da briga com Dan até a noite de amor que tiveram juntos. Fátima foi prestando atenção e, ficou boquiaberta quando ela terminou e a sua mente processou todas as informações que havia coletado.

-Alice... como... como você pôde?-Foi só o que ela conseguiu dizer.

-Fátima... não deu pra evitar. Simplesmente aconteceu.

-Eu sei que não deu pra evitar, mas... me conta, como foi? Qual é a sensação?

Alice pensou antes de responder:

-Não sei como explicar. É como se uma explosão de várias coisas boas estivesse acontecendo dentro de você. É só o que eu sei explicar.

-Certo.

-E sabe o que mais?-Perguntou Alice ainda alegre.- O Dan e eu estamos namorando!

-Ah! Que bom pra você Alice, parabéns.-Disse Fátima feliz pela amiga, mas com a cara triste.

A amiga, percebendo que ela não estava normal, perguntou:

-O que aconteceu Fátima? Por que está assim?

Fátima contou para ela tudo o que aconteceu enquanto ela estava com Dan. Contou da ameaça de Mário, do que ele exigiu, e do que ela tem que fazer. Alice ficou horrorizada quando ela terminou.

-Como ele pôde fazer isso? Ele ficou desequilibrado, só pode.

-E o pior, ele não estava blefando. Alice, eu tenho que proteger o William. Eu tenho que romper o nosso namoro.

-Fá, você tem certeza de que essa é a decisão certa a tomar? Porque você sempre soube que o Mário sempre foi meio parafuso solto. Mas eu não acho que ele pode fazer o que ele disse que is fazer.

-Alice, ele não estava blefando. Ele me mostrou uma arma. Uma arma. Na certa pra matar ele caso eu me recusar a romper.

Agora sim, Alice tinha ficado aterrorizada.

-Ele chegou a tal ponto? Meu deus! Como isso é possível? Uma pessoa que a gente conhece desde a faculdade...

-...Ser capaz de uma coisa dessas? Eu sei, fiquei martelando a minha cabeça a procura da resposta.

-Você não tem saída, ná? Vai terminar com ele.

-Vou, Alice. Eu tenho que fazer isso, pelo bem dele. Mas eu vou mandar uma indireta.

-Como assim, uma indireta?

-Eu vou contar pra ele, indiretamente, que eu estou sendo chantageada. Se ele pensar um pouco, ele vai conseguir desvendar a charada.

Alice ficou um tempo olhando a amiga, admirada. Ela sempre arranjava uma saída, não importa qual seja.

-Indiretamente?

-Sim.

-Tem certeza?

-Tenho.

-Absoluta?

-Sim.

Elas ficaram caladas por um tempo. Alice olhou o relógio e viu que já eram sete e quareta e cinco da manhã. 

-Bom, eu tenho que ir, me arrumar.-Disse ela se levantando.

-Certo.-Disse Fátima também se levantando.

Ela acompanhou Alice até a porta. Quando Alice saiu, Fátima fechou a porta e respirou fundo.

Já tinha tomado a sua decisão. Ninguém podia fazê-la mudar de idéia. Iria terminar com William. E seria hoje.