Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Anahí segurou o braço de John quando ele se ergueu para atender a porta. Quase soltou, tamanha a surpresa. Poderia estar agarrando uma estátua de madeira, ou um cano grosso de metal. O sujeito provavelmente se exercitava levantando pequenos carros esporte para manter a forma.

- Não sei se você sabe, mas só porque dizem para abrir a porta, você não é obrigado a abrir a porta. Não assiste a filmes policiais?

- Nos filmes eles demoram, mas quase sempre abrem a porta. Sou viciado em cumprir ordens diretas - respondeu, erguendo-se.

Caminhou até a porta, porém ao invés de abri-la, olhou pelo visor.

- O que foi? Quem é? - quis saber Anahí, atrás dele.

- Calma, menina. Parece que é o gerente do hotel, mas sem o segurança. Agora tem outra pessoa com ele.

- Outra pessoa?

- É. Um senhor bem vestido, de olhos azuis e...

Anahí sentiu um frio na boca do estômago. Um pressentimento terrível instalou-se em sua mente.

- Deixe eu ver - pediu ela, empurrando-o para o lado e enfiando o olho no visor.

Como se soubesse estar sendo observado, o homem mais alto acenou para a porta, movendo os dedos de forma amigável.

As piores suspeitas se revelaram verdadeiras. Era aquele escroque, aquele vigarista, aquele parasita da sociedade, o tio Rick.

Enraivecida, ela abriu a porta num só movimento.

- Trapaça! Isso não vale. Fui enganada! Ludibriada. Fim de jogo!

O gerente recuou, para não ficar entre os dois, percebendo que a ira se dirigia ao homem a seu lado. Que continuava imperturbável, e bem vestido, como de hábito.

- Vou bem, obrigado. E você como vai? - disse o tio Rick, arrumando as abotoaduras de ouro. Sorriu. - Além do mais, estou aqui para admitir que nem sempre podemos ganhar. Essa rodada é sua, sobrinha.

- Ah, bom... então a história é diferente - disse Anahí, mudando de expressão. - Como vai, tio Rick? Obrigada por ter se dado ao incômodo de vir me visitar.

O gerente ficou olhando de um lado para outro, confuso. Não esperava que o confronto terminasse tão depressa. Já vira muita coisa estranha em quase dez anos de trabalho naquele hotel, várias delas pertencendo ao rol de imagens e acontecimentos que ficariam melhor se fossem esquecidos. Mas uma reclamação de roubo onde todos pareciam contentes era algo inédito para ele. Voltou-se para o homem a seu lado.

- Não sei se entendo bem o que se passa. O senhor disse que ela tem algo de sua propriedade...

- É minha propriedade - protestou Anahí.

O olhar do gerente foi até ela, cuja expressão era a de indignação. Em seguida, os olhos pousaram outra vez no tio Rick.

- Se estou entendendo bem, sr. Filkins, isso não é mais um problema? Esta senhorita é sua sobrinha? - perguntou o gerente, dirigindo-se a ele. - Quer dizer, houve ou não houve violação de propriedade privada aqui?

- Vamos dizer que existiu esse problema, mas ambos pretendemos fazer uma trégua. Trata-se de uma longa história, que certamente o senhor não teria tempo de ouvir na íntegra. Mas de qualquer forma, agradeço muito sua ajuda.

Rick apertou a mão do homem, e Anahí viu uma nota de cinqüenta dólares surgir na mão do tio e desaparecer na do gerente. Um gesto perfeito, de execução impecável. Era preciso admirar aquele homem. Todas as vezes que ela tentava aquilo, ou a nota ficava em sua manga, ou caía no chão. Aliás, o gerente também devia entender de prestidigitação, pois fez o dinheiro desaparecer com tanta rapidez e maestria quanto aparecera. Apesar de tudo, permaneceu ali, como se quisesse entender melhor o que estava acontecendo.

- Tenho certeza que o senhor deve ter muitas tarefas a cumprir e reclamações de hóspedes para atender - disse Rick.

Deu um passo para o interior do quarto, e a porta foi fechada no rosto estupefato do gerente, pela segunda vez naquela noite. Anahí espiou pelo visor, percebendo que o homem hesitava, depois dava de ombros e partia, na direção dos elevadores.