Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Ela rolou na cama, afastando-se cerca de um palmo para poder observá-lo melhor. Não chegara a fazer isso antes, mesmo quando haviam ficado nus na cama, pois estivera preocupada com outras coisas, e ele não passava de um desconhecido naquele primeiro momento. Alguém que poderia ser um álibi incondicional, ou pelo menos fora o que pensara antes. Agora, vendo-o relaxado e satisfeito ao seu lado, começava a notar que talvez se tratasse de alguém diferente. Alguém especial. Jamais imaginara fazer sexo daquela forma, satisfazendo algo além do corpo. Sempre fora desapegada em relação a seus companheiros, muito poucos na verdade. Porém, costumava imaginar a si mesma como uma viúva negra, que bem poderia atacar e devorar o macho depois de satisfeita. Assistira, certa vez, a um documentário sobre a vida sexual das aranhas, onde o ato sexual era também um perigo mortal para o macho de muitas espécies. Mesmo sabendo que o menor movimento em falso poderia provocar sua morte, os machos se aproximavam, num jogo de atacar e recuar, aproximando-se para satisfazer seu instinto, do qual eram escravos, e afastando-se para salvar a própria vida.

Antes do ato em si, a fêmea tentava devorar o macho, mas parecia faltar agilidade ou vontade de apanhá-lo, deixando que ele recuasse para avançar depois, num jogo que culminava com a própria relação, ou a morte do macho, que não se portava de forma agressiva em relação à fêmea. Depois, entretanto, qualquer hesitação implicava na morte dele, pois os botes se tornavam mais certeiros.

Anahí sentia-se geralmente uma verdadeira aranha, capaz de atacar e matar o objeto de seu prazer realizado. Não fazia a menor questão de preservar o companheiro.

Daquela vez, porém, sua vontade era outra. Queria ficar ao lado dele. Conservar aquele homem, que lhe podia dar muito mais prazer, além de outras coisas. Era a primeira vez que sentia carinho e ternura pelo macho a seu lado. Gostava de observá-lo. Aconchegou-se.

Alfonso abriu os olhos e abraçou-a. Também ele ficara surpreso pela intensidade e intimidade do relacionamento, livre dos jogos habituais de comportamento.

- Bem, agora que conseguimos nos livrar dos assuntos que nos impediam de pensar direito... - começou ele.

- Bem, eu não sei, acho que ainda tenho algumas dúvidas...

- Você ainda tem idéias na cabeça? - indagou ele.

- Para dizer a verdade, estava pensando que seria agradável se a gente fizesse amor outra vez. Quer dizer, só para garantir que possamos pensar o melhor possível depois. Sem nenhuma distração.

Alfonso riu.

- Calma, minha bela invasora. Tenho trinta e oito anos. Preciso pelo menos de uns quinze minutos.

- Você é praticamente um velho! Um ancião.

- Obrigado, Anahí, assim me sinto muito melhor - disse ele, sorrindo. - E você, quantos anos tem?

- Vinte e seis.

- Puxa, além de tudo o que me aconteceu hoje, incluindo perder a palestra da noite, estou namorando alguém que mal parou de usar fraldas!

- Pois é, para você ver que o amor não tem idade - brincou ela. - Aliás, eu deveria agora estar planejando roubar de volta o tio Rick. Em vez disso fico aqui, olhando para você e pensando nesse objeto de prazer.

- Assim, ficamos quites.

- De jeito nenhum. Você me fez ficar parada um tempão, sem poder reagir. Lembra?