Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

- Sempre. Acho que sou um caso irrecuperável. Helena voltou-se para a amiga.

- Não acha incrível isso, Jane? Como pode um contador ter uma aparência dessas e ainda por cima ser solteiro?

- Bem, pergunte para a sua irmã, e ela explica direitinho - respondeu Alfonso, antes que Jane tivesse oportunidade de concordar.

Helena o fitava intensamente. Sem jeito, ele pressionou outra vez o controle de chamada do elevador

- Precisamos sair qualquer hora dessas para colocar os assuntos em dia - sugeriu ela. - Fiquei com a sensação de ter deixado alguma coisa importante por acabar.

Os olhos dela brilhavam, e ela segurou a mão dele. O elevador chegou.

- Eu também... - respondeu ele, sem ser capaz de evitar. - Até mais tarde.

Ela não perdeu a oportunidade de beijá-lo outra vez nos lábios. Alfonso quase fugiu para o elevador, depois de fazer um cumprimento de cabeça para Jane.

As portas de aço se fecharam, e ele encarou os outros dois ocupantes do elevador, que o olhavam com inveja. Não usavam ternos, nem pareciam contadores, o que não deixava de ser um alívio.

Durante o trajeto, Alfonso maravilhou-se com o sincronismo do universo. Se aquele encontro tivesse ocorrido à sua chegada, o desenrolar dos acontecimentos teria sido bem diferente, pois com certeza ficaria abalado com sua paixão proibida pela cunhada. Não teria ido diretamente para o quarto, nem teria conhecido Anahí.

Chegou ao saguão, repleto de hóspedes, a maioria contadores. Uma sala de conferências ao lado oposto ostentava uma placa: "Washington Saúda a ANC".

Associação Nacional de Contadores... nada parecia estar mais distante de sua experiência naquele dia. Não se sentia parte daquela multidão de profissionais. Pelo menos, no momento. Como se chamaria um grupo de contadores? Um rebanho? Uma auditoria?

Olhando para os lados, aproximou-se do salão, cujas portas estavam abertas ainda. Observando o interior, reparou que havia mais de cem ternos, no interior, um verdadeiro mar de cinza escuro e preto.

Provavelmente, os traços psicológicos daquelas pessoas teriam algo em comum, como ter medo de coisas novas, viver em locais escrupulosamente arrumados, dobrar as roupas de forma impecável e enxergar o mundo inteiro numa das duas colunas: ativo e passivo. Ou débito e crédito. Não se encontraria naquele grupo muitos aventureiros, nem pessoas com flexibilidade de julgamento, nem os que gostassem de jogar. Principalmente, não se encontrariam naquele salão pessoas que acolhiam coisas e idéias novas. Ele mesmo costumava comer em três restaurantes, cada um com o seu dia apropriado da semana; há vários anos que não experimentava outros. Talvez, até se apegasse ao velho hábito de chegar atrasado, apesar de ser algo que lhe atrapalhava a vida. De uma forma geral, os contadores eram pessoas que se apegavam desesperadamente à rotina, como cracas grudadas às rochas, resistindo às ondas pela vida inteira. Engraçado, naquele instante em particular, Alfonso não se incluía naquela multidão. Por outro lado, duvidava que algum deles tivesse acabado de fazer amor por duas vezes seguidas.