Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

A água trouxera de volta sua concentração, o estado de espírito alerta que ela usava quando entrava em ação e não podia permitir falhas.

Colocou seu colante escuro, com uma saia cinza e sapatos de sola de borracha, uma espécie de uniforme para incursões noturnas. Acalmara sua raiva, com o pensamento de que seria estupidez confiar naquele homem só porque os dois tinham se dado bem na cama. Ele era tão bom quanto qualquer outro. Como dizia seu pai, confiava em todas as pessoas, só não confiava no demônio que existia dentro delas.

Apanhou o cartão-mestre que roubara na portaria, horas antes, e á pequena lanterna de bolso. Espiou outra vez pelo visor, abriu a porta, olhou para os dois lados e saiu para o corredor, passando pelas portas do elevador e preferindo as escadas. Consultou o número que anotara na agenda de bolso, verificando que só precisava subir cinco andares. Tio Rick sempre apreciara uma boa vista e preferia andares altos. Subiu as escadas quase correndo, sem fazer ruído algum nem encontrar ninguém. O corredor também estava vazio, pois a maioria dos hóspedes viera participar da convenção, e no momento estariam na conferência, depois iriam jantar. Onde estaria seu tio? Se estivesse dormindo no quarto, teria de adiar sua busca. Mas teria essa resposta em poucos segundos, se ainda conhecia seu tio. Usou a pequena lanterna para examinar a fresta da porta, do alto até embaixo, encontrando o que procurava em pouco tempo. Um fio de cabelo castanho, enfiado entre a porta e o batente. Tratava-se de uma espécie de alarme, para indicar se a porta fora ou não aberta na ausência do ocupante. Anahí sorriu. Nada de sensores eletrônicos de movimento, câmaras ou alarmes para o tio Rick.

Aquilo significaria que ele não estava no quarto, e poderia significar que o objeto que procurava se encontrava no interior. Com cuidado, retirou o fio de cabelo da fresta e segurou-o entre o indicador e o polegar da mão esquerda, para não perdê-lo. Os seus eram loiros, como os de sua mãe, e deixariam uma espécie de assinatura.

Sem o menor ruído, deslizou o cartão-mestre pela ranhura, esperando que a porta não rangesse. O estalido da fechadura deu a impressão de que poderia ser ouvido pelo corredor inteiro, embora não houvesse ninguém no interior. Deslizou para dentro do quarto, indo direto ao banheiro e prendendo o fio de cabelo no sabonete, para recolocá-lo no mesmo lugar quando saísse. Olhou a cama ainda arrumada, apenas para confirmar a ausência do tio, e dispôs-se a aceitar o desafio de encontrar um objeto de dimensões reduzidas num quarto com dezenas de lugares mais seguros do que um cofre.

Cerrou as cortinas, acendeu as luzes e suspirou. Só podia esperar que o tio não voltasse nos próximos quinze minutos. Metodicamente, começou a procurar.