Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

- Uma jovem encantadora, minha sobrinha, não acha?

- Concordo plenamente - disse Alfonso, sem querer comprometer-se.

- Só tem uma coisa. É uma pessoa solitária - afirmou Rick.

- Bem, pelo menos não é fatal. Não se morre disso.

- Essa é uma afirmação discutível, meu jovem - afirmou o homem mais velho.

- Bem, pelo menos não diretamente.

Alfonso teve a nítida impressão que aqueles olhos azuis e transparentes cintilaram. Como se tivessem vida própria! Aquele homem tinha a capacidade de transformar seu rosto, tendo como centro a expressão dos olhos azuis, que o tornavam simplesmente adorável, aos olhos das pessoas, ou carente, conforme a necessidade. Era algo insólito. De repente, teve de refrear a vontade de entregar sua carteira a ele. Impressionante!

- Estou vendo que essa condição não é totalmente estranha a você, meu jovem. Não é de estranhar que tenham encontrado um ao outro.

Alfonso procurou quebrar o encanto, passando os olhos pelo saguão.

- Bem, para dizer a verdade, foi ela quem me encontrou - afirmou ele, olhando para o copo que o outro empunhava. - Quer dizer, o termo encontrar não é bem aplicado, porque...

- Conheço bem o modus operandi dela. Infelizmente, boa parte dele fui eu quem ensinei - interrompeu tio Rick, com um gesto que descartava o assunto.

Os olhos cintilaram outra vez. Alfonso não se conteve:

- Como você faz isso com os olhos? Acho que não tem problema nenhum para fazer com que as pessoas doem milhões para você. Não precisa roubar nem pedir, basta usar esse olhar!

- Alfonso, assim você me deixa magoado!

Ele parecia mesmo magoado! Soava magoado. Alfonso teve de se controlar para não pedir desculpas. O homem era um verdadeiro camaleão.

- Eu estou aqui há algum tempo, esperando para ter uma boa conversa com você...

- Claro, como uma aranha experiente, esperando um inseto gordo e suculento.

- Agora, você está falando como minha sobrinha - disse Rick, com ar de reprovação. - Não devia me julgar com tanto rigor, sem escutar meu lado da história.

- Ela ficou impressionada com a rapidez como você conseguiu de volta... seja lá o que for! Aliás, eu queria muito saber o que vocês ficam roubando um do outro - confessou Alfonso.

- Era algo que pertenceu a meu irmão - explicou ele, com um gesto vago. - Ele morreu sem deixar testamento, e tivemos certos... problemas com... documentos de propriedades. Por isso, decidi guardar o item em questão até que Anahí fosse maior de idade. Ela não concordou e roubou de mim. Em seguida, apanhei de volta. Anahí roubou outra vez e assim por diante. Ela completou a maioridade, e continuamos roubando um do outro. Por muito tempo... agora olho para trás e percebo que se passaram dez anos desde a morte de meu irmão.

- Acho que isso é uma coisa um pouco doentia - afirmou Alfonso, sem a menor caridade.