Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

De repente, foi como se um sopro dissolvesse aquela impressão, e a vivacidade voltasse ao rosto dele.

- Eu ainda... - começou Alfonso.

- Desculpe, é a força do hábito, Don.

- Alfonso.

- É a força do hábito, Alfonso. Às vezes é como uma segunda natureza para mim. Quando percebo, já estou agindo como tenho feito há décadas. É difícil a gente se descartar de um hábito. Mas com relação ao furto, claro que é errado, porém existe outra forma de ver as coisas. Em primeiro lugar, nunca tirei de quem eu achava que precisasse do dinheiro, só de quem acumulava. Encarava isso como uma forma compulsória da pessoa partilhar seus bens. Só que não tenho mais aplicado esse tipo de recurso aos outros, como fazia há alguns anos. Reservei o ato de furtar como uma espécie de comunicação com minha sobrinha, que é a filha que nunca tive. Temos uma espécie de código para trocar carinhos, quando um rouba do outro.

- Um carinho muito estranho, se quer minha opinião.

- Sei que é. Mas eu continuava porque não via outra forma. Sempre fiz assim, é difícil modificar as coisas. Mas de qualquer forma estou disposto a mudar, porque meu pai também dizia que todo ser humano, em qualquer momento da vida, tem a capacidade de escolher. Um ato em si não é ruim ou bom, porque depende da consciência de quem o pratica.

- Roubar pode ser bom?

- Depende. Depende do que a pessoa fizer para melhorar a vida. Se o fato de a pessoa roubada ensinar a ela que pode viver sem tanta riqueza material, pode ser bom. Nem sempre controlamos tudo em nossas vidas, mas sempre temos uma forma de escapar. Passei a evitar o roubo, porque eu mudei de opinião e agora acho errado. Antes não ligava, agora acho errado. Portanto, agora só faço isso como uma espécie de carinho para a pessoa que mais amo no mundo. Eu tiro de Anahí, e ela tira de mim. É nossa forma de carinho - concluiu tio Rick. - Além disso, parece-me que ela roubou você.

Alfonso colocou a mão no bolso com a carteira, para verificar se estava lá.

- Eu não estava dizendo que ela tirou alguma coisa de você, mas que ela roubou sua pessoa - insistiu o velho senhor, terminando a própria bebida.

- Foi isso o que ela fez? - indagou Alfonso, sorrindo com a idéia de agora pertencer a Anahí.

Apreciou a imagem. Definia bem o que estava acontecendo.

- Foi. A pergunta, como sempre, é: o que vai acontecer agora?

- Acho que vai acontecer o que sempre aconteceu - respondeu Alfonso, fugindo da pergunta pessoal. - Ela vai roubar outra vez seja lá o que for, depois você vai roubar dela, e...

- Não percebe? Talvez, você seja a saída para ela. Para nós dois. Depende de você. Existe uma coisa que não se pode roubar, e vocês dois sabem disso. Basta colocar em prática.