Fanfic: Roubando Corações *AyA* ( Terminada) | Tema: Alfonso e Anahí

Ron continuava à espreita, observando os monitores. Seu instinto continuava avisando que alguma coisa cheirava mal, naquele assunto da loira e seu tio. Não fora policial durante vinte anos à toa, lidando com malfeitores e pessoas que tinham alguma coisa a esconder. Bastava lhes dar corda suficiente, e eles acabavam por enforcar a si mesmos, fornecendo os motivos que ele procurava. O gerente, tratando desses casos era capaz de agradecer o ladrão e estender um tapete vermelho quando o homem fosse embora. Já avisara que Ron não criasse confusão com os hóspedes durante a convenção, pois a reserva do hotel para a convenção dos contadores do ano seguinte dependia de como corresse aquela.

E seu emprego também.

Mas a câmera do último andar mostrava que alguém passara da cobertura para as escadas, longe demais para saber quem era. Tinham apenas duas câmaras por andar, para cobrir os dois corredores, mas se dependesse dele, teriam quatro, uma em cada canto do corredor, com aproximação individual e em cores. Nas escadas, em vez de uma só, no alto, teriam pelo menos uma por andar. Quando levara tais sugestões para o gerente, ele respondera que não se tratava de uma prisão, mas de um hotel, e se estivessem em condições de gastar tanto assim, investiriam no conforto dos hóspedes, não na vigilância.

No caso da cobertura, não precisava de aproximação para saber que era a loira, que parecia ter fixação por aquele lugar. Uma coisa intrigante, na verdade. Estivera no teto depois que o casal saíra de lá, porém não encontrara indícios de nada ilegal, nem o produto de algum furto. No entanto, apostava que os dois tinham ido até lá para fazer amor. Ficara lá por alguns instantes, imaginando os detalhes.

Porém, ela estava sozinha agora, e talvez pudesse alcançá-la. O problema é que não tinham mais câmeras na escada, e ele não podia saber para onde ela fora, mas só o fato de usar a escadaria em vez do elevador já era suspeito.

Levantou-se e saiu. Se não podia ver pelas câmeras, iria pessoalmente na esperança de interceptá-la. Atravessou o saguão e abriu as portas da escadaria, olhando para cima. Suspirou. Desejou ter vinte quilos ou vinte anos a menos, e começou a subir, tentando não fazer barulho.

- Gostaria de pedir um bife grande de filé - disse Alfonso ao interfone.

- Bem passado ou mal passado, senhor? - indagou o atendente do serviço de quarto.

- Nenhum dos dois. Quero um bife cru. E um balde de gelo.

O atendente, do outro lado, nem pestanejou. Estava acostumado aos pedidos mais estranhos que se pudesse imaginar. Uma vez um hóspede pedira um coelho vivo e alguns pombos; soube depois tratar-se de um mágico, cujos animais haviam sido retidos no aeroporto. Em outra oportunidade, pediram dois chicotes, vários lenços de seda e dois litros de cobertura de chocolate. E perto de uma tábua de cortar carne e um cutelo afiado, a solicitação de um bife cru e gelo chegava a ser algo inocente.

- Pois não, senhor. Mais alguma coisa?

- Por enquanto, não - respondeu Alfonso, desligando.