Fanfic: Gravitation (Glee) | Tema: Glee
Assim que Rachel e Santana deixaram o palco Finn foi diretamente falar com as duas, a irresponsabilidade da sua irmã mais velha havia chegado ao limite e ele precisava fazer algo.
-Suas idiotas! – gritou ele enquanto Rachel se encolhia um pouco envergonhada e Santana apenas revirava os olhos com as mãos nos bolsos. -... Agora já era! O que está feito está feito! – disse ele cruzando os braços ainda levemente irritado.
-Hum? Só isso? – disse a latina realmente surpresa com o mais alto, colocando um pirulito na boca. – você amadureceu. “Estou orgulhosa de você maninho...” completou Rachel com um fingido tom de emoção.
Foi o momento errado para Rachel soltar uma de suas piadinhas, Finn estreitou os olhos na direção da irmã; aquele era o aviso que teria sido melhor se a morena tivesse ficado calada.
-Como fez o favor de acender a platéia, vamos descontar parte da culpa e... Eis o seu veredicto. – disse Finn deixando bem claro que aquela conversa não havia terminado ainda. – um mês sem almoço.
Rachel abriu os olhos ao escutar algo tão injusto contra ela, como o irmão mesmo disse ela fez um favor ao levantar a platéia que estava prestes a cometer um suicídio; no mínimo ela deveria ganhar um premio por ter salvado o concurso de bandas. Finn parecia irredutível e a pobre judia teve que tentar apelar para o lado sensível do irmão – se é que esse existia – e desatou a falar, tocando principalmente em um assunto que tinha sido deixado de lado; logo Rachel atribuiu a culpa a tal “gringa mafiosa”.
-... Ah ta, é mesmo. – disse Santana se metendo no meio do rolo dos irmãos Berry, como se uma lâmpada tivesse acendido em sua mente. – o que aconteceu ontem na volta do trabalho? – perguntou levando novamente o pirulito até a sua boca.
Os três acabaram se sentando para conversarem melhor sobre aquele assunto, se bem conheciam a Berry mais velha no mínimo seria um monólogo de trinta minutos sobre o acontecimento... Bem, foi quase isso. Finn ainda perguntou algo que só poderia ser brincadeira e claro Rachel não gostou nenhum pouco e começou a divagar sobre uma tal loira que tinha cara de colocar medo em qualquer um; que por um descuido havia lido a sua música e era uma sem noção total, pois teve coragem o suficiente para falar que ela não tinha talento e que era melhor desistir... Não importava se ela era uma maluca qualquer que estava apenas de passagem; que provavelmente Rachel nunca veria ela novamente, mas ela nunca fora tão humilhada em toda a sua vida.
Santana e Finn se olharam como se não estivessem acreditando no que Rachel estava dizendo, o que deixou a judia um pouco revoltada, afinal não era nessas horas que os amigos apoiavam?!
-Como consegue ficar assim só por causa de uma porcaria dessas? – perguntou Santana com toda a delicadeza e sutileza que possuía. “Aff... Só podia ser a nossa Rach” – desde quando ficou tão orgulhosa, pirralha?!
-Na... Nada a ver. Não é orgulho! – rebateu Rachel um pouco sem graça. – só achei que não merecia ser tão humilhada, só isso.
-Sei... Ainda acho que isso não passa de orgulho ferido. – afirmou a latina enquanto observava alguns alunos da organização trabalhando na desmontagem do palco.
-Já falei que não é isso! É que eu fiquei meio bolada... – a judia aos poucos estava perdendo a paciência com aquilo.
-E porque ainda está incomodada com isso? – perguntou Finn apoiando o queixo na mão e sem muito interesse na respostada irmã mais velha. “Céus, quanta bobagem...”.
-Eu não estou incomodada porcaria nenhuma! – disse Rachel completamente alterada. – N-N-Não invente coisas! Eu só quero encontrá-la de novo e... e... e... – Finn e Santana olhavam para a pequena como se aquela não fosse a pequena Rachel, a Diva inabalável. – e fazê-la me pedir desculpas!
-É. Ta incomodada mesmo! – afirmaram Finn e Santana ao mesmo tempo.
***
Depois da crise que teve na escola Rachel ficou naquele nível um pouco “down” novamente. E mesmo começando a achar que estava realmente dando atenção demais para aquela simples crítica, a judia não desistiria assim tão fácil daquela mulher; assim que chegou no trabalho a primeira coisa que fez foi falar com a sua chefe, perguntando se por algum acaso alguma cliente de cabelo claro, alta, muito bem vestida havia passado por lá, mas a mulher negou, mesmo a morena dando todas as descrições possíveis e impossíveis.
-Acho melhor desistir, você nem sabe o nome dela. Vai ser praticamente impossível encontrá-la. – disse a mulher loira.
Sua chefe sorriu com aquilo, era de certa forma engraçado como Rachel era determinada e focada em tudo que fazia, até mesmo em querer encontrar uma completa estranha. Rachel amarrou a cara e simplesmente ignorou o que sua chefe disse.
-Não! Eu vou achar essa mulher, custe o que custar. – afirmou a morena com bastante convicção.
-Pra que gastar tempo nisso? – perguntou a loira enquanto terminava de guardar uma pequena pilha de louças. – você simplesmente não teve sorte, esqueça. “Não é melhor?”.
-Não dá. Não dá pra esquecer não, nunca. – Rachel parecia um pouco pensativa, fazendo com que a mulher lhe olhasse com certa curiosidade. “Aquele mulher... Tinha alguma coisa de especial”.
***
Rachel não estava muito bem com e isso se prolongou no dia seguinte, no final da aula um dos amigos de Santana foi lhe procurar, era do tipo popular e que sempre agradava as garotas; os dois de certa forma já se conheciam, o rapaz estava ciente de que a morena não trabalharia naquele dia, o que daria mais tempo para eles relaxarem e se conhecerem melhor, mas infelizmente a morena não estava no clima, o que acabou deixando o garoto um tanto chateado, pois não era a primeira vez que Rachel lhe dava um bolo.
-Você não é nada do que a Santana falou, sabia? – desabafou o rapaz. – Não era você quem queria conhecer alguém?
-Foi mal. Te ligo depois, tudo bem? – disse Rachel um tanto aérea.
-Vê se não esquece, beleza? – o rapaz lhe deu as costas e foi embora.
***
“Não! não era isso que eu procurava... Freqüentar a escola, ir para o trabalho, tocar meu sintetizador... Dia após dia... O que eu buscava mesmo tendo de quebrar a minha rotina não era algo assim tão barato. Nem pode ser chamado de namoro... Estou apenas brincando de namoro”. Pensou Rachel enquanto se lembrava do desastroso encontro que teve mais cedo com o amigo de Santana; seus olhos se perdiam pela tela do computador enquanto seu dedo indicador dava cliques pausados no mouse, os fones estavam bem ajustados aos seus ouvidos e a morena mais uma vez tentava concluir a mixagem da música que havia perdido.
-Será que virei uma verdadeira “house”?... Ou será que eu cheguei ao fundo do poço? – perguntava ela a si mesma, mas logo em seguida a pequena judia segurou o monitor do computador e afirmou em alto e bom som que ela estava errada. – De jeito nenhum!!! Eu sou uma jovem de 18 anos física e mentalmente saudável!!! Mas... “... Por quem eu devo sentir... A vontade de estar junto...?”
***
Rachel já estava cansada daquilo tudo que estava acontecendo com ela, resolveu dar um tempo em seus afazeres e pegou o seu celular; ela havia prometido para Artie que ligaria para ele assim que desse, porque não fazer isso agora? Ele parecia um cara legal, todos gostavam dele, talvez se Rachel se esforçasse um pouco, as coisas poderiam ir bem entre eles. Decidida do que iria fazer a morena ligou para o garoto e marcou um encontro, os dois assistiram a um filme bem meia-boca no cinema e depois saíram para comer algo.
Artie era do tipo que gostava de conversar, mas Rachel inda estava um pouco estranha; o assunto da vez era o “tempo”, a chuva não estava para brincadeira naquele dia e os dois havia esquecido de trazer o guarda-chuva.
-Sabe... Você é bem diferente de quando está na escola, não é? – comentou o rapaz de olhos azuis, apoiando os cotovelos em cima da mesa, e o queixo em uma das mãos. – tipo, meio quieta, meio triste...
-Claro que não! Pra mim todo dia é primavera! Só alegria! – respondeu a cantora após escutar aquilo, engolindo praticamente de uma vez só o shake tamanho G que estava tomando, e arrancando boas gargalhadas de Artie.
Um papel acabou caindo das coisas de Rachel e Artie acabou pegando e lendo em seguida “Nem o destino pode contrariar, lágrima cólera são inúteis contra a lei da gravidade”. O rapaz ficou encantado com o que a garota havia escrito e logo um papo envolvendo o meio musical animou a mesa; ele até direcionou alguns sinceros elogios para a morena, mas a mesma ficou um pouco desconfiada, Rachel ainda estava um pouco abalada com o que havia escutado no parque.
-Está lindo! Até parece poesia! Demais! – disse Artie com empolgação.
-Valeu. Mas... Na verdade, a letra é uma droga. – rebateu Rachel colocando uma mão no queixo e saindo um pouco do ar naquele momento. “Não se engane... Não quero encontrá-la”.
-Uma droga?! Como assim? Eu gostei. – ele olhou mais uma vez para o papel que tinha em mãos.
Rachel sorriu com a reação do garoto, era bom saber que apesar de tudo ainda tinham pessoas que realmente gostavam do que ela fazia.
-Pois é. Isso eu também quero saber. – comentou a judia de forma vaga. – quem achou uma droga foi uma mulher estranha que eu encontrei as duas da matina.
-Que droga é essa? Vai dizer que falou com algum fantasma? – brincou Artie, fazendo piadinha, mas a morena não ligou.
“Na verdade... Nunca mais quero ver a cara dela”. Afirmou Rachel mentalmente, se desligando novamente do que o rapaz falava enquanto levava uma batata frita até a boca.
Quando voltou novamente a realidade o garoto já havia entrado em um outro assunto, estava totalmente entretido na rua agora, Artie tinha uma paixão por carros, e agora estava tentando adivinhar qual era aquele carro tão bonito. O veículo estava parado no sinal e parecia ser importado, o rapaz de olhos azuis tentava decifrar se aquele era um Rolls-Royce, Mercedes ou uma BMW; Rachel apenas tentava descobrir se ele nunca se cansava de falar. A morena acabou olhando pela grande vidraça o tal carro que o outro estava babando e aquilo lhe proporcionou uma sensação estranha, como se um choque percorresse o seu corpo.
“Mas porque será que...? Por que eu...?”
–Eu já volto! – disse Rachel se levantando abruptamente.
Artie se assustou um pouco com a súbita decisão da garota, ele até perguntou aonde ela iria com tanta pressa, mas Rachel deu a desculpa mais idiota possível, afinal quem diria que estava indo ao banheiro e ao invés disso saísse pela porta principal como um foguete?
A chuva estava açoitando as pessoas que se atreviam a ir para a rua naquele dia, e não demorou muito para que o cabelo de Rachel e a sua jaqueta ficassem encharcados. Algumas pessoas se assustaram, pois ela havia pulado no meio da pista na hora em que o sinal estava para abrir; logo várias pessoas pararam para ver o que iria acontecer; Rachel apenas sentia seu coração bater como um louco enquanto ela se preparava para fazer a maior loucura da sua vida.
-ESPERA!!! – gritou a baixinha em plenos pulmões e braços abertos, ao ver que o carro negro já estava pronto para partir.
“Gravidade à qual nem o destino é capaz de resistir...” O carro freou a poucos centímetros de Rachel, e logo a figura que o conduzia deixou o veículo. “...Uma vez capturado...”. Seria “sorte” demais se ela a encontrasse novamente, mas aconteceu... Aquela figura elegante e misteriosa estava novamente a sua frente; a chuva molhava o seu casaco de marca e com um movimento lento ela retirou os óculos, enquanto a água fria escorria pelo seu belo rosto... Até que novamente aqueles olhos encontraram os seus. “... Não há mais como escapar”.
–Se quer se matar, escolha outro carro. Pirralha.