Fanfic: Loveless (Glee) | Tema: Glee

Por alguns instantes todos na sala olharam para ela de forma reprovadora, Finn poderia ser mesmo um pamonha na maioria das vezes, mas nenhuma garota se atrevera até então em chamar o quarterback da escola de idiota; algumas garotas estreitaram os olhos para ela, pois qualquer uma daria tudo para ter Hudson aos seus pés, afinal quem a novata achava que era para tratar um dos populares daquela forma?

–Eu odeio garotos idiotas. – repetiu novamente a palavra enquanto pegava o livro que fora emprestado pelo garoto e o devolvia.– aqui está.

“Eu sou um idiota?!” perguntou Finn mentalmente enquanto pegava o livro das mãos da garota, que agora havia virado o rosto novamente para frente como se nada tivesse acontecido.

–Por favor, silêncio. – pediu a Profª. Corcoran, colocando ordem na sala.

Rachel não queria realmente ter sido grossa, mas assim foi melhor, pois enfim conseguiu assistir a aula em paz, sem olhares, e no fundo uma dose de realidade não mataria o rapaz. Ela só teve ainda mais certeza de suas palavras quando viu o jogador levando as coisas dos colegas e sendo chamado de apelidos nada legais. Rachel estava encostada em um das grandes janelas que ficava perto da escada, a visão do céu e de todo o resto era simplesmente perfeita, até que a atenção da garota foi desviada por um quarterback atrapalhado que se perdia em meio ao peso desproporcional que carregava.

“Aqui também é igual à antes. As pessoas chamam umas as outras de amigos, mas, estas usam as outras e também são usadas da mesma forma... Lea, a vida às vezes pode ser tão chata... Talvez isso acabe logo”.

O almoço seguiu de forma tranqüila e Rachel agradeceu por isso, ninguém lhe importunando ou fazendo perguntas, mas mesmo que ela estivesse ignorando ela sabia que a poucos metros um certo Finn Hudson lhe lançava olhares de admiração e questionadores.

***

Do lado de fora do McKinley uma pessoa estava encostada em uma das grades, seu olhar um tanto calma se perdia pelas nuvens até avistar uma senhora que por ali passava despreocupada com suas comprar.

–Com licença. – disse chamando a atenção da mulher idosa que a olhou um tanto intrigada. – você sabe quando as aulas terminam? -perguntou em um tom leve e pausado.

–Creio que a aula de hoje terminará um pouco mais cedo.

–Obrigada. – agradeceu a mulher mais jovem, retirando o maço de cigarros do bolso interno do casaco e levando um até os lábios; recebendo um olhar repreensivo logo de imediato.

A loira não ligou para a senhora que saiu resmungando alguma coisa, apenas acendeu o cigarro e deu uma longa tragada, esperar não seria um problema naquela atual situação.

***

O sinal tocou novamente, mas desta vez indicava a última aula do dia, Rachel pegou sua bolsa a tira colo e partiu despreocupadamente pelas escadas até chegar ao térreo, mas antes que concluísse o seu caminho uma voz masculina lhe interrompeu:

–Rachel! Bemmm, se você não se importar, nós poderíamos...

Era o Hudson novamente, mas ele foi bruscamente cortado por três amigos seus; também jogadores do McKinley. Ele olhou para o trio que estava no topo da escada e depois para a novata, até que respondeu com um sorriso um tanto sem graça e um pouco atrapalhado:

–É que... Eu vou para a casa andando com a Rachel hoje, me desculpem!

Os três ficaram se olhando ao verem a cara de bobo que o amigo fazia quando falava o nome da baixinha, mas não ligaram... Afinal era o Hudson, então poderiam esperar qualquer coisa estranha dele. Quando o mais alto se deu conta Rachel já havia retomado o seu trajeto, então ele resolveu apressar um pouco o passo para enfim acompanhá-la.

–Não tem problema? – perguntou a pequena quando o quarterback parou ao seu lado. – eles podem te evitar depois... – completou ao ver a cara de confuso do outro.

–Is-Isso não aconteceria! – respondeu ele sorrindo, mas sem realmente saber se o que dizia estava certo ou não. – afinal, eles são meus amigos.

Rachel levantou uma das sobrancelhas ao escutar a palavra “amigos”, mas não iria se meter na vida dos outros, pois o jogador já era grandinho o suficiente para escolher as suas amizades, sendo assim ela apenas encolheu os ombros.

–Berry. – chamou uma outra voz que vinha do fim do corredor. Era a sua professora, a mulher parecia um pouco ofegante. – co-como foi o seu primeiro dia de aula? Se houver algo a incomodando não deixe de me avisar. – falou com uma leve preocupação na voz.

Finn ficou olhando para a mulher mais velha como se não estivesse entendendo o porque, já Rachel sabia bem que reação era aquela e logo tratou de por um sorriso angelical no rosto antes de responder:

–Está tudo bem, Hudson foi muito legal comigo. – o rapaz olhou imediatamente para a novata, quase dando um mau jeito no pescoço... Começou a entender menos ainda.

–Isso é verdade Hudson?! – a professora sorriu parecendo mais aliviada com aquilo. – continuem com esse bom relacionamento então.

–Bem, nós estávamos indo para a biblioteca agora, então... Até mais professora. – disse Rachel rapidamente.

A morena segurou na mão de Finn e os dois saíram correndo enquanto eram observados por uma Shelby um tanto receosa, não era pra menos, após ter visto o histórico da pequena.

–Ei, sei, Rachel, espera! – pedia Finn enquanto os dois saiam correndo sem rumo.

Ao escutar a reclamação do outro a judia parou abruptamente, mas sem olhá-lo, mantendo sua cabeça baixa e um tanto distante.

–Por que você falou aquilo tão repentinamente? – perguntou ao mesmo tempo que tentava recuperar o fôlego que lhe foi tomado de surpresa. – o que houve?

–Ter a professora se preocupando comigo é um saco! – respondeu ainda paralisada, sem olhar para o rapaz. Era fato que Shelby havia se preocupado após ver o seu histórico da antiga escola.

–O que você quer dizer com isso? – perguntou Finn um pouco preocupado. – sabe, você é um pouco estranha, tem múltiplas personalidades.

–Não diga isso! – gritou Rachel, mas ainda se mantendo da mesma forma de antes. – jamais diga isso novamente.

Finn tentou se aproximar, mas a morena se afastou dele.

–Eu não quero ficar ao seu lado. – continuou a garota, sua voz era fria como gelo.

Mais uma vez Rachel saiu correndo, tudo o que queria era deixar aquela droga de escola, queria deixar aquela droga de mundo, pois nem mesmo em sua casa a morena podia ter um pouco de paz. Finn não tinha a mínima noção de como aquelas palavras lhe deixou abalada.

“Personalidade múltipla?! Eu... Não...”

A pequena saiu correndo rumo a saída do McKinley enquanto sua mente vagava por dolorosas lembranças.

“Um vaso havia sido quebrado espalhando vários cacos pelo chão, enquanto o seu papai Hiram lhe segurava pelos ombros e chorava.

–Quem é você? – falava ele desesperadamente. – você não é a Rachel, traga a minha filha de volta.

O seu papai já não era o mesmo a muito tempo, e após a morte de Lea tudo parecia piorar ainda mais”

– O que aconteceu Rachel? Porque está chorando? – a voz era melodiosa como a de um anjo, mas completamente desconhecida.

No primeiro momento a morena ficou um pouco zonza com o puxão firme porem delicado em seu braço, fez com que lhe tirasse daquele estado depressivo do seu subconsciente imediatamente.

–Chorando! Quem está chorando?! – disse a morena em um misto de raiva e confusão.

–Você. – respondeu a outra de forma calma e simples, irritando ainda mais a pequena.

–Me deixe ir... Quem é você?! – Rachel tentou se soltar a todo custo, mas as suas tentativas eram totalmente inúteis.

–você não meu conhece? – perguntou a loira um tanto decepcionada. – eu só vim até você porque você não veio até mim Rachel.

Rachel aproveitou que a outra havia afrouxado um pouco o aperto e tentou se soltar novamente, mas a loira lhe segurou na altura do cotovelo e lhe trouxe para mais perto, seus rostos estavam muito próximos agora, e pela primeira vez a morena se perdeu no mar daqueles olhos castanho-esverdeados. A pequena ficou tão balançada com a beleza daqueles olhos que só prestou mais atenção na estranha depois de um tempo.

“Essa estranha não tem orelhas... Ela é uma adulta” constatou Rachel depois de alisá-la melhor.

–Como você me conhece? – perguntou se sentindo estranhamente mais calma... O que definitivamente estava muito errado... Mas aqueles olhos.

–Você não ouviu falar sobre os “combatentes”? – rebateu a loira com uma outra pergunta, em nenhum momento sua voz havia perdido a serenidade. – a Lea não lhe contou nada?

–Você conhece a minha irmã? – Rachel ficou totalmente anestesiada com aquela possibilidade, tanto que não havia notado que a estranha já havia lhe soltado.

–Sim. – respondeu a mais alta com um singelo sorriso, capaz de encantar tanto quando os seus belos olhos.

***

1. Shelby nesse fic nunca foi mãe da Rachel
2. Nesse cap. vai aparecer pela primeira vez o termo "adulto" que é usado quando uma pessoa não é mais virgem, alguém que perde o rabo e as orelhinhas... Nesse fic o termo "adulto" não tem nada a ver com idade.