Fanfic: ˙·٠•●* Um casamento Diferente·٠•●* [Terminada]

Alfonso podia encontrar muitas mulheres que pudessem cumprir os requisitos de uma esposa para ele. Uma esposa bonita, atrativa, inclusive uma esposa que fechasse os olhos ante as infidelidades, algo que as mulheres, segundo ele, não podiam compreender.
Durante o vôo a Londres uma dor de cabeça intensa se apoderou dela. Atravessou o aeroporto a provas, e virtualmente chegou arrastando-se até sua casa. A criada, ao vê-la chegar com essa cara, rapidamente fechou as cortinas e a ajudou a deitar-se. Na solidão, Anahi chorou amargamente, sem pensar em nada, simplesmente chorou e chorou.
À manhã seguinte se sentiu forte outra vez. E foi capaz de fazer planos e cumpri-los. A única jóia que tinha que lhe pertencia inteiramente era um colar de diamantes que tinha pertencido a sua avó materna. Era o único que podia ajudá-la a conseguir a liberdade. Necessitava de dinheiro para viver até que se acostumasse à mu-dança e pudesse ver o que podia fazer. E embora sabia que ia ser uma surpresa para Alfonso, não duvidava que seria uma tarefa difícil para ela adaptar-se à nova situação.
Ao sair de casa de Alfonso, Anahi não levava nada do que pertencesse a sua antiga vida: nem cartões de crédito, nem jóias, nem trajes de noite. Não tinha direito ao dinheiro do Alfonso, nem a que ele a mantivera. Depois de tudo, não tinha sido sua esposa de verdade. Então, por que ia pedir o divórcio dele, se podia pedir anulação do casamento? Seu casamento tinha sido produto da chantagem. Sua dissolução ia ser muito singela certamente.
Vendeu o colar de sua avó em uma joalheria. Deu-lhe pena, e se sentiu culpada por isso. Mas esperava que sua mãe, se a via de cima, compreendesse-a.
Novamente em casa, procurou nos armários a roupa mais simples que tinha, jeans, saias. Procuraria um hotel pequeno até que pudesse encontrar algo mais barato para viver. E depois procuraria trabalho, qualquer trabalho. De maneira nenhuma seria, como havia dito Alfonso, como um recém-nascido desprotegido.
Nesse instante, soou o telefone interno. Era Petros, lhe informando de que tinha uma visita embaixo esperando-a. Um tal senhor Woods. Tinha  ido Paul a sua casa? Anahi não podia acreditá-lo. Como não tinha chamado a noite antes, ela tinha acreditado que ele não se encontraria em casa, e tinha tentado chamá-lo mais tarde, sem dar com ele, quando tinha tomado a decisão de abandonar a Alfonso.
Paul estava de pé na sala, olhando um quadro do Picasso, o pintor preferido do Alfonso.
      - Não teria que ter vindo!
      - É autêntico? – perguntou Paul assinalando o quadro.
      - Sim – tinha tantas coisas que lhe contar que não sabia por onde começar. E além disso, não sabia que coisas lhe contar e que coisas reservar-se. Notava que, absurdamente, tinha um certo sentimento de lealdade para Alfonso. Não gostava de ver o Paul na casa de Alfonso. Não lhe parecia  bem, simplesmente. E talvez por isso não podia deitar-se em seus braços.
      - Haviam me  dito ontem à noite que não estava em casa, quando te chamei.
      - Mas estava.
     Seria Alfonso o responsável por que houvessem dito isso ao Paul? Significava que apartir desse momento suas chamadas fossem ser controladas e censuradas? De todos os modos já não importava. iria embora dali.
      - Disse ao Alfonso que quero o divórcio.-  Hoje vou desta casa.
Paul sorriu, atravessou o tapete do salão e lhe disse:
      - Querida, é fantástico!
Quando tentou beijá-la, Anahi se afastou nervosa.
      - Não, aqui não. Não me parece bem.
Paul riu e disse:
      - Espero  que se sinta melhor em meu apartamento esta noite.
      - Paul, não me vou viver contigo.
      - Sim, poderia ser prejudicial para seu divórcio. - Tem razão. É uma garota sensata. - Depois do comportamento de seu marido, não entendo como pode te sentir culpado do casamento. - Isso poderia te afetar na ocasião de divórcio.
      - Não quero nada do Alfonso.
      - Não seja tola, Anahi. Já sei que tem a herança de seu pai, mas...
Any ficou tensa. Por que não falavam mais que de dinheiro? “ Uma  larga trajetória na caça de mulheres ricas”, as palavras de Alfonso voltaram para sua mente.
      - Esse  é um assunto de que temos que falar.
      - Digo-o por ti. Você não estás acostumada às dificuldades financeiras. - Não suportaria ser o responsável por que venha a ter.
      - Não o será. Serei livre e seremos como qualquer outro casal. É melhor que vá agora. - Não devesse estar aqui – Anahi foi razoável.
      - Te relaxe, pelo amor de Deus – Paul ia de um lado a outro da habitação, observando os móveis antigos e os quadros.
      - Quantas destas coisas são tuas? – perguntou com um suave assobio de admiração.
Anahi viu nos olhos do Paul um olhar de avareza, e uma certa excitação reprimida ante o que via. Ao notá-lo. Anahi sentiu que algo morria em seu interior.
De repente olhou o escritório pequeno e elegante de sua mãe. Era o único móvel dele. O tinha agradado seu pai quando se casou. Mas se sentia muito desgostada pela atitude de Paul para pensar nas lembranças de família.
       - Nenhuma. De fato, assinamos um acordo pré nupcial onde eu renunciava a estas coisas – mentiu Anahi. - E sabe qual era o assunto da herança de meu pai em Paris? Que o dinheiro vai ter que empregar-se em saldar dívidas.
      - Dívidas? Estás brincando.
      - Não. Quando sair desta casa não terei um centavo.
      - Mas isso não me havia  dito isso nunca! – exclamou ele, e se calou repentinamente. - Antes de ir devias pensar bem neste assunto. Bem sabe Deus que só quero o melhor para ti...
     - É obvio – interrompeu ela.
     - Me sentiria  realmente mal se você renunciasse a tudo isto por mim. - O que quero dizer é que... - E se as coisas não funcionassem entre nós? - Se te for sincero, é muita responsabilidade para mim. Devemos pensar muito bem no que fazemos.
Então disse que tinha uma entrevista. Era evidente que queria ir-se pensar a sós o que lhe havia dito.

Anahi se sentiu estúpida, decepcionada. Era evidente  que Paul queria que se divorciasse de Alfonso mas sempre que se levasse consigo o dinheiro dele.
Subiu e terminou. Paul ia desaparecer de seu futuro, mas tampouco queria a Alfonso nele. Deixaria para trás o passado. Já não necessitava nenhum homem em quem apoiar-se. Todos os homens a tinham manipulado, desde seu pai, passando pelo Alfonso, até o Paul. E ela os tinha deixado fazer. Sentiu uma fúria irreconhecível.
Desceu com suas malas, chamou um táxi. Boyce se preparou para acompanhá-la.
      - Não te necessito. - Abandono a Alfonso.
Boyce ficou pasmado. Mas logo se inteirariam todos.
Chegou o táxi. O taxista foi de grande ajuda em lhe sugerir um hotel. Ao descer comprou o jornal. O primeiro era encontrar um lugar onde viver, e um trabalho.

Nessa noite, às dez, bateram a porta de sua habitação. Quando  foi abrir se encontrou a Alfonso. Tentou fechar a porta novamente, mas suas mãos fortes o impediram, forçando-a a retroceder.
      - Como  sabia onde estava?
      - Boyce teve a brilhante idéia de te seguir – disse Alfonso fechando a porta e apoiando-se nela.
      - Não tem direito a fazê-lo – disse ela amargamente.
      - Ele trabalha para mim. - E você é o objetivo número um para qualquer seqüestrador. - Fez o que devia. - Como eu, que vou fazer o que devo fazer.
      - E o que se supõe que é?
      - Não te deixar partir.
Anahi sentiu um frio que a percorria dos pés a cabeça.
      - É como um cão que enterra um osso e se esquece dele. - Não tinha o  mínimo desejo nesse osso até que veio outro a desenterrá-lo!
      - É minha esposa.
      - Desde quando? Pensa que me alimentando e me vestindo já está todo talher? - Bom, pode ficar com sua roupa e sua comida e seu asqueroso dinheiro. - Não quero nada. Igual como não quero a ti.
      - Você sempre me quis...
      - Perdeste o trem. - Esqueci-te faz muito tempo – disse Anahí com uma alegria cheia de ressentimento.
      - Mas ainda quer que pague por minha atitude –disse Alfonso com raiva contida. - Por isso vai sem sequer me dizer isso. - Nem sequer uma nota...
      - E o que esperava? - Um “querido Alfonso, foram uns cinco anos horríveis, adeus”?
      - Trouxeste-o para minha casa – murmurou Alfonso bruscamente.
Anahí ficou branca, e ficou muda ante a notícia de que Alfonso sabia que Paul tinha estado em sua casa. - E certamente não te tivesse importado levá-lo a nossa cama também.
Any riu cinicamente. Por fim teria a oportunidade de lhe dizer algumas coisas.
      - Jamais tivemos nossa cama!
      - Basta já! Estou tratando de não perder os estribos – disse Alfonso esticando os músculos da boca.
      - Dá-me igual! - Quero que vá.
      - Não irei sem ti.
      - Por que? O que tenho eu de especial? por que não vai com todas essas mulheres com as que anda? Ou crês que não me inteiro de tudo do que passa aqui? Ou é que todas essas garotas atrativas eram uma coberta como o era nosso matrimônio? Por que quer que eu  fique? - É que é homossexual e te sirvo para cobrir as formas?
No mesmo momento em que ela pronunciou essas palavras, arrependeu-se delas.
Os traços da cara do Alfonso pareciam a ponto de estalar de fúria.
      - Não... Homossexual não – enquanto o dizia se tirou a jaqueta e  afrouxou a gravata. - Talvez necessite uma demonstração...
Anahi sabia que não havia pior insulto para o Alfonso, e em certo modo se sentia satisfeita por havê-lo aborrecido tanto como ele a ela.
      - O que  está fazendo?

- Algo que devia fazer faz anos – Alfonso se tirou a camisa deixando-a junto à jaqueta.

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