Fanfic: ˙·٠•●* Um casamento Diferente·٠•●* [Terminada]

A caixa estava cheia de papéis. Alfonso começou a revirá-los, deixando de lado as fotos e cartas, que ficaram espalhadas por toda a mesa. Estava pálido, e sua busca se ia fazendo mais se desesperada à medida que avançava.
Anahi fixou a vista em um  grande dirigido a uma pessoa da que jamais tinha ouvido falar. Nem sequer reconhecia a letra. Então viu uma foto grande em que se via homens e mulheres em atividades obscenas. Sentiu desgosto. Não entendia por que seu pai as guar-dava.
        - O que é tudo isso? – perguntou ao Alfonso, posto que era evidente que ele sabia bastante mais que ela a respeito da caixa e seu conteúdo.
Ele passou a foto sem demonstrar um ápice de assombro.
         - O que é? – perguntou ele repetindo suas palavras com uma careta que simulava uma risada cínica. - É uma caixa de vidas destroçadas! - Os segredos de muita gente. - Seu pai vivia a costa de suas vítimas e de seu medo, o porco!
Anahí  ficou lívida, mas o repreendeu:
        - Como te atreve a falar assim de meu pai?
Alfonso não a estava escutando. Seguia procurando entre os papéis como um possesso.
         - O que me obrigasse a revirar entre este lixo é o último de seus insultos. - Eu, Alfonso Herrera, me sujando as mãos, porque não há ninguém em quem posso confiar como para que pince entre esta coleção de enganos humanos! - Seus troféus! Em lugar de jogá-los fora conservou até o final, o porco!
Anahi quase não se sustentava de pé. Não podia dar crédito ao crime que imputava a seu pai. E em sua incredulidade tudo se fazia confuso.
        - O que está dizendo? – a voz dela soou tão fraca que apenas se ouviu.
        - Está surda? – olhou-a Alfonso sem piedade. - Por que acha que me casei contigo? - Por sua cara bonita e sua educação de convento? Por sua habilidade para atuar como uma dama e saber colocar adornos florais na casa?
        - Pelas ações – alcançou a pronunciar ela.
        - Não havia ações! - Era tudo mentira! - Essa linha de navios nem sequer existiu! – gritou ele com fúria, suas palavras retumbando na habitação.
       - Está mentindo – respondeu Anahi a ponto de desfalecer.
A atenção de Alfonso estava posta no documento que tinha nesse momento em suas mãos. De repente, sem aviso algum prévio, deu um murro sobre a mesa.
      - É só uma cópia!
      - Uma cópia do que?
      - E este é o fim!
      - O original lhe deu  a ti, não é verdade? - Deu-lhe isso a ti para deixar a salvo...?
      - Que coisa me deu? – quase não podia articular palavra Anahi.
      - Tu sabes do que estou falando. - Não te faça de inocente – disse ele indo a um rincão da habitação. - Se não estar aqui, tem que ter você. - Max não era nenhum parvo. - E sabia que me desfaria de ti se caísse em minhas mãos. - Assim que lhe deu isso a ti. - Então, onde está?
       - Basta! me deixe em paz! – gritou apesar do terror que sentia.
       - Se não me disser onde está o certificado, sou capaz de algo. Vivi extorquido durante cinco anos para proteger a minha família, e não penso viver assim um dia mais!
Alfonso tinha pronunciado por fim a palavra, “extorquido”. Não podia ser certo. Seu pai não podia lhe haver feito uma chantagem. Anahi estava a ponto de desmaiar.
         - Sempre me perguntei por que o tinha feito assim...que você tivesse que ser meu castigo de  vida – soltou Alfonso como pensando em voz alta. - Mas te direi uma coisa, preciosa. Prefiro ir ao cárcere por te estrangular antes que cumprir esta outra sentença.
Aterrada, Anahí olhava a cara de Alfonso, e finalmente, de maneira misericordiosa, deixou de vê-la, ao mesmo tempo que Anahi desmaiou.

Anahí  recuperou a consciência na limusine. Alfonso estava inclinado sobre ela como quando ela se deprimiu. Em um movimento brusco do carro, Anahí  se afastou para o lado oposto do assento.
       - Te afaste de mim! – gritou-lhe presa do pânico.
       - É uma criatura muito delicada, não te parece?-
       - De repente te tornaste um molho de nervos – Alfonso a olhava com satisfação perversa; parecia ter recuperado o controle. - Onde está o certificado?
Anahi se cravou as unhas. Necessitava alguma sensação que lhe dis-sesse que estava acordada, que não se tratava de um pesadelo.
       - Já te disse que não sei do que falas.
       - Bom, se antes não sabia, agora já sabe, e quero que me diga isso.
       - Não posso acreditar que meu pai te fizesse chantagem...
       - Um assunto sujo, não? – Alfonso a tratava sem a mínima compaixão. - Mas ele era um profissional, de alto vôo. Le interessavam os ricos e famosos. - Gostava dos personagens aos que pudesse lhes tirar o suco. - Era muito bom em seu trabalho. - Nunca deixava a suas vítimas totalmente seca, nem os levava a extremo de que quisessem matá-lo. - Os fazia pagar durante muito tempo e logo os deixava em paz, mas sempre ficava com a prova de seus delitos e trapos sujos para proteger-se. - Fez uma fortuna...
       - Não acredito!
       - Crês que guardava essas fotos pornográficas só por diversão? Se ficou com a prova dos trapos sujos de minha família... - A voz do Alfonso se fez mais dura ainda. - Também tinha o certificado original, e como tentei recuperá-lo buscando por toda parte, é evidente que você o tem.
      - Ele não me deu nada! – gritou histericamente.
      - Não me vais enganar. Tenta-o e te quebrarei...
      - Está louco! – soluçou.
      - Até agora fui paciente. - Estive na corda bamba durante cinco anos. - A única forma de me manter a salvo era seguir casado contigo. -  Pensei que fosse com papai. - Mas não o fez. - E há uma coisa que me ficou clara. - Está apaixonada por mim...
      - O que? –Anahi o interrompeu.
      - Está obcecada comigo. Acha que não sei? – Alfonso a olhou com desprezo. - Qualquer mulher normal já se desenganaria e teria deixado de esperar que seu amor fosse correspondido... Mas você não! Ficaste-te até o final, fiel até o fim, sem me dar a possibilidade de que possa me queixar do maldito trato que fiz!
       - Fiel? – não podia acreditar em tudo o que ouvia. Era incrível, mas Alfonso acreditava no que dizia. Estava convencido de que ficou a seu lado por uma questão de amor. O nome de Paul queria abrir-se passo entre seus lábios, mas era melhor que não.
       - Não estou apaixonada por ti – disse dignamente.
       - Escuta, está falando com o menino que foi seu presente de aniversário quando completou dezessete anos!
       - Como?
       - Escolheu-me em alguma revista de sociedade? Ou me viu pes-soalmente antes? - Jogou-me uma olhada e saiu correndo a dizer-lhe a papai? - “Papai: este é o que eu gosto”.
Alfonso falava a sério. Realmente falava a sério.
       - Você tem que estar mal da cabeça!
       - Falaremos. - Levo cinco anos esperando esta conversa. - Tudo o que sei é que o querido Max fez o trabalho sujo por ti. Caçaram-me como a um animal...
       - Você é um animal, um autêntico insulto à espécie humana! – estalou Anahi.  - E ainda por cima lhe tem acreditado nisso!
      - Deus! - Minha jovem dama sabe elevar a voz – disse cinicamente Alfonso. - Não parece lhe gostar da verdade. - Fere seu orgulho. - Mas sei que fui apanhado intencionalmente. - Eu não sabia sequer quem era seu pai na primeira vez que fui a sua casa. Fez-me uma proposta de negócios uma terceira pessoa, e fui chamado ali. E ocorreu justamente que seu pai não se encontrava em casa quando cheguei. - Mas, OH, surpresa! - Estava você! - Usava algo branco e romântico, e adornava com flores o recinto, quer dizer estava armada até os dentes com seus encantos virginais. - Recordo-o perfeitamente.
        - Não foi assim!
        - Qualquer grego com sangue nas veias se renderia a seus en-cantos te olhando duas vezes – lhe disse Alfonso ressentidamente. - E você aí, todos sorrisos tímidos e com rubor nas bochechas, me co-mendo com esses olhos azuis como se levasse uma semana de jejum!
       - Basta já! – a voz de Anahi quase se rompeu.
       - Então me convidaram para jantar e você tocou o piano, e cantou como um anjo. - Todas suas virtudes postas em jogo para mim. E não sei como foi, mas finalmente o negócio passou a um segundo plano, e me esqueceu. - Para que saiba, havia só duas perguntas que me interessava fazer, mas não era pertinente as fazer nessa noite.
        - Sim? –Anahi tratava de apagar as lembranças penosas desse dia.
       - Tinha suficiente idade para obter o consentimento de seu pai? - Tentava seu pai te proteger do mundo e dos predadores como eu? - O casamento não estava então em minha cabeça, e nunca tinha estado.
Any sentiu nauseia. Alfonso seguiu falando:
        - E de quem foi a idéia de que ficasse pro jantar? - Tua.  - Disse a ele que me queria e isso foi tudo. - Logo ele escavou e escavou, até tirar a luz algo que só duas pessoas vivas sabiam, e que nenhuma dos duas iam contar jamais.
        - O que averiguou? – perguntou ela ansiosa.
        - Você sabe... Max sabia perfeitamente que não viveria muitos anos. - E não se foi à tumba com o segredo – disse Alfonso.

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