Fanfic: ˙·٠•●* Um casamento Diferente·٠•●* [Terminada]

Seu coração bombeava sem parar. Viu-o afastar-se da habitação. Não podia havê-la ouvido. Nesse caso, certamente lhe haveria dito algo. Ou reagido de algum jeito. Em troca, Alfonso tinha sorrido. Ao abandonar a habitação, ouviu-o dizer ao criado que já não o queria. Teria planejado sair para jantar fora e logo teria trocado de parecer? Esperava que não fosse por sua causa. Mas era difícil que Alfonso fizesse algo por ela.
      - Tenho que fazer umas chamadas. - Não me espere para jantar.
Anahi comeu sem vontades. Sentia-se culpada, irritada, confusa. Toda sua vida tinha sido uma pessoa honrada e sincera, até que tinha conhecido ao Paul fazia três meses. Tinha sido um encontro acidental, no Harrods. Tinham conversado, rido, tomado café. Tudo muito inocente. A segunda vez também se encontraram por acaso.
Por que se sentia desse modo? Não tinha mais que pedir o divórcio ao Alfonso. Jamais lhe tinham importado os sentimentos dela. Ela tinha tido que sofrer a fofoca público e da imprensa, vendo-o fotografado com distintas mulheres. Mas isso não era desculpa para fazer o mesmo ele.
Levava pelo cansaço e a tensão de todo o dia, Any decidiu ir-se à cama. Lamentou-se de não ter uma camisola. Por fim se meteu entre os lençóis nua. E depois de lhe dar mais voltas à cabeça, decidiu pe-dir o divórcio a Alfonso no dia seguinte.
Despertou sobressaltada. As luzes estavam acesas, e pestanejou insistentemente para saber se era um sonho ou a realidade. Não se lembrava sequer de onde tinha dormido, e quando se sentou na cama ainda estava totalmente desorientada. Mas então viu Alfonso, um pouco afastado da cama. Tinha um aspecto horrível, esse foi o primeiro pensamento de Any, logo atinou a tampar-se sua nudez com o lençol. Brilhava-lhe o cabelo negro, estava sem gravata, e tinha a branca camisa de seda meio desabotoada, o que permitia  a visão de um peito masculino largo e bronzeado, adornado com cabelos negros. Os traços tensos, a pele pálida. Parecia estar sob os efeitos de um choque.
       - O que ocorre? - Ocorre algo mau? – murmurou ela de uma vez que bocejava e descobria em seu relógio que era quase de madrugada.
      - Desonraste-me – disse com um acento quebrado.
Anahí  o olhou meio dormida ainda.
      - Não compreendo, o que diz?
      - Minha mulher com outro homem... – disse-lhe com uma expressão de ferocidade nos olhos.
Mas Anahí  estava mais assombrada pela frase “minha mulher”, que tinha pronunciado, que pelo descobrimento de sua infidelidade. Jamais usava esse termo. E era ofensivo e ridículo inclusive no contexto desse matrimônio.
     - Não o nega – adicionou.
O que pensava? O que ia estar como Penélope, esperando a seu marido? Era certo que tinha estado assim durante quase cinco anos, mas isso não podia durar eternamente. E o que lhe importava além disso?
      - Como o tem descoberto? – perguntou ela não tão firmemente como tivesse querido.
      - Parece que não te dá conta da magnitude de tua ofensa.
      - Estiveste bebendo? – perguntou Anahi fracamente, pensando que talvez fosse o motivo de sua reação melodramática.
      - O que tem que ver isso? - Ouvi-te falar por telefone com seu amante! - E não podia acreditá-lo!
      - OH! – devia havê-lo imaginado. Mas ele era tão retorcido, que não tinha demonstrado nada em seu momento.
      - Tenho as faturas do telefone e também o número ao que chamaste daqui, e é o mesmo número.
      - Haveria lhe dito isso se me tivesse perguntado isso – Anahí sentia uma estranha sensação desagradável que não podia identificar.
      - O que me tivesse falado dele? - Não tem vergonha?
      - Por que tenho que me envergonhar? – mas curiosamente a atitude de Alfonso a fazia sentir-se culpada, e isso a irritava terrivelmente.

- Você é... minha esposa – disse com violência.
Instintivamente, Anahí  ficou no extremo oposto da cama. A raiva ia transformando-se em medo. Tivesse querido lhe gritar que ela era uma estranha para quando lhe havia dito que era sua esposa, mas não se atreveu vendo o estado de ânimo do Alfonso.
Tivesse sido jogar lenha ao fogo.
       - Talvez amanhã quando estiver mais razoável – lhe disse ela.
       - Por que pensa isso? – perguntou Alfonso aproximando-se dela  pela cama.
Anahí  tentou afastar-se, mas ele lhe sujeitou o braço.
     - O que está fazendo? – perguntou ela, desconcertada e temerosa.
Ele disse algo em grego e a sujeitou com o outro braço.
Anahí  estava aterrada.
 - Quantas vezes estiveste com ele?
      - Não sei. Não... as... contei.
      - Deus! - Matarei-o! - Pode ser que esteja vivo ainda, mas o matarei.
      - Não diga uma coisa dessa!
      - E por que não? - O que faço contigo?
      - Comigo? –Anahí  estava horrorizada.
      - Onde o conheceste?
      - Não vou dizer te nada dele! – disse ela lembrando-se de suas ameaças.
      - Paul Stephen Woods. - Tem vinte e oito anos. - É vendedor em tempo parcial, e meio artista. - É filho único, loiro, olhos azuis, alto e ambicioso. - Não necessito que me conte nada disso.
Anahi estava aturdida.
      - Por que te comporta deste modo? - Eu não sou realmente sua esposa...
      - Não? Leva meu nome. - Usa meu anel. - Vive em minha casa. -   Alimento-te, visto-te, mantenho-te...
      - E eu te odeio! – disse dolorida Anahi.
      - Se isso for verdade, vais me odiar ainda mais no que fica de vida a meu lado – disse ele severamente.
      - Me deixe partir! – murmurou Anahí  tremendo.
      - Não voltará a vê-lo – jurou ele lhe cravando o olhar cheia de ódio. - Mas jamais te perdoarei por isso – disse finalmente, soltando-a.
      - De acordo. Eu tampouco te perdoarei jamais – atinou a dizer entre o travesseiro, soluçando.
Foi um engano, porque Alfonso se deu a volta e lhe disse:
      - Vais dizer me a verdade agora.
      - Que verdade?
      - Que esta é uma manobra para que eu te empreste atenção. Deixaste pistas que até um cego pode ver. - Até falaste com a porta aberta.
      - O que?
      - E o conseguiste – disse ele com um sorriso de gelo. - Nem sequer te deitaste com ele, não? - Perfeito. - Chegaste ao ponto justo para me tirar de minhas casinhas, mas não atreveste a mais.
Anahi estava indignada por sua vaidade. Então lhe escapou uma mentira:
      - Sim me deitei com ele! - E me dá igual a se inteire ou não, porque não me importa absolutamente!
      - Se tiver posto um só dedo sobre sua pele nua, é um homem morto! - Compreende-o? - Isto não é um jogo, pequena. - Advirto-lhe isso. - Se te entregaste a ele, o Mato.
Anahí  não podia mover-se, nem respirar. Não podia dar crédito às palavras do Alfonso.
 Tinha mentido. E estava de mais lhe dizer que se tratava de uma relação séria. Como se imaginava que ia ter uma confusão passageira para lhe dar ciúmes? Estava indignada, mas também aterrada de que Alfonso pudesse fazer machucar ao Paul.
       - Pensa-o seriamente. - Quase perco a cabeça – lhe confessou Alfonso de repente.
E Anahi se deu conta de que repentinamente lhe tinha passado a raiva, como por arte de magia.
      - De acordo – disse ela brandamente, odiando ao Alfonso com todas suas forças. - Não me deitei com ele, mas...
      - E quer que te diga por que? - Um grego se divorciaria de uma esposa infiel. - Você chegaste até onde pudeste, não mais à frente.        O único imprudente que tem feito em sua vida é te haver casado comigo. Que idiota fui! Por um momento pensei que te arriscaria a perder seu status como minha esposa!
     - Isso é precisamente o que quero perder! – Eu não te quero! - Quero minha liberdade! – gritou-lhe desesperada.
      - Não te acredito! Não sobreviveria nem um momento no mundo real! Morreria como um bebê indefeso sem seus cartões de crédito!
      - Como te atreve!

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