Fanfic: Vermelho.

Ela tinha cabelos claros. Longos, lisos, com cachos bem modelados nas pontas. Olhos azuis cirstalinos, janelas para a sua alma. Aléxia era uma boa garota, que obedecia as regras, que entendia o que devia ser feito e quando devia ser feito, mas de alguma forma era como se ela sempre torcesse para que as coisas acabassem da maneira que ela tinha planejado na sua cabeça. Ela era filha de um casal simples que levava a vida regrada daquela cidade. Tranquilidade, rotina, repetição. Talvez essas três palavras descrevessem muito bem aquela pequena aldeia. Aléxia tinha uma irmã mais nova,  Samantha. Três anos mais nova que ela, Samantha era diferente por não apenas aceitar as regras impostas, mas por sonhar com aquilo. Por achar assim, que seus pais escolheriam o melhor para ela, em todos os aspectos possíveis, e ela acreditava que aprenderia a amar seu marido conforme o tempo fosse passando. Samantha tinha duas melhores amigas enquanto Aléxia, tinha um melhor amigo, desde criança. 

- Aléxia, o que é isso atrás de você? - ela se virou, inocente. E ele a abraçou por trás. Ela sentiu e suspirou.

- Gui, você sabe que..

- Eu sei Aléxia, eu sei. Sempre soube. 

Ela fechou os olhos e por um momento se esqueceu do resto, até que uma voz surgiu para lhe trazer de volta para a realidade. A voz de sua irmã a chamando fez com que ela sorrisse e se soltasse dos braços de Guilherme, se virando de frente pra ele, dando lhe um beijo suava no rosto e correndo para onde o som vinha. Ele a observou ir embora com um sorriso no rosto. E era sempre assim, ele a via indo embora, correndo suavemente, e imaginava se algum dia ele teria condições de ser o homem que ela precisava, se algum dia eles poderiam ficar juntos.. E ele suspirava, sabendo que as chances eram realmente poucas.

- Me chamou Sam ?

- Sim, chamei. Onde você estava?

- Com o Guilherme.

- Você e essa sua amizade. Você sabe o que dizem. - ela disse preocupada.

- Sim Sam, eu sei. Mas eu não vou deixá-lo por causa de rumores idiotas.

- Você fala como se fossem namorados.

- Não somos Samantha, não somos ! Diga logo o que quer comigo.

- Mamãe está te chamando, pedindo ajuda com o jantar.

Aléxia saiu apressada em direção à sua casa, entrou e foi ajudar sua mãe com o jantar. Ela tinha uma mão muito boa para a cozinha como seu pai costumava dizer, por isso sempre que podia ela ajudava a fazer a comida, e ela gostava. Guilherme nunca provara da sua comida, a mãe de Aléxia, Catherine, não era a favor daquela amizade, achava que a desviava dos bons conceitos. Mas naquela noite, Aléxia resolveu ousar.  Ela tinha feito uma sopa de legumes com carne, e estava deliciosa. Ela colocou um pouco em um pote, colocou em sua cesta e saiu em direção a casa de Guolherme. Ela atacou uma pedrinha na janela do quarto dele. Ele abriu e olhou para ela surpreso. E falou baixinho "O que faz aqui maluca?", ela fez um gesto para que ele viesse encontrá-la, e ela foi andando em direção a uma árvore, ele logo em seguida apareceu.

- Perdeu o juízo minha jovem? Sabe o que acontecerá se você for pega? - ele disse zombando dela, e ela sorriu.

- Vale a pena correr o risco. - e ela piscou. Ele suspirou e sorriu.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, na verdade.. É só que..

- Fala logo. - e eles riram.

- Eu te trouxe isso. - ela tirou o pote de dentro da cesta e o entregou. - Eu fiz agora a noite, ainda está quente, só achei que você devia provar minha comida pelo menos uma vez na vida. - ele pegou o pote e sorriu.

- Obrigado, de verdade, não precisava se incomodar. Deve estar muito boa, eu presumo.

- Eu queria que você fosse lá em casa, jantar com a gente, como as amigas da minha irmã fazem. Eu queria que as coisas fossem menos complicadas. - ele chegou perto dela, acariciou seu rosto e beijou sua testa.

- As coisas fáceis não têm graça pequena. - ela sorriu e eles se olharam por um momento.

- Acho que é melhor eu ir Gui, boa noite. - ela chegou perto dele de um beijo em seu rosto, e ele a puxou pra si, em um abraço forte. O calor dele fazia com que ela se sentisse em casa, aonde quer que estivesse. 

- Boa noite pequena. - e eles se soltaram.

Ela chegou em casa sorrindo, feliz. Guardou a cesta, e foi pra cama. Ela acabara de fazer algo que não devia ter feito, mas não ligava. Perto dele era como se tudo parecesse certo, independente do quão errado fosse.